Um dos melhores filmes que vi este ano, e que retrata as condições de semi-escravatura das criadas de servir no Mississipi dos anos sessenta, sob o seu ponto de vista, e o estatuto de quase não pessoas com que eram tratadas pelas famílias que serviam, a quem criavam as crianças, embora não podendo usar as mesmas casas de banho. Ou podendo ser postas na rua de um momento para o outro, independentemente dos anos de trabalho, ou de não terem para onde ir. E desengane-se quem pense que é uma realidade longínqua, não é. Assim era também no Portugal de antes do 25 de Abril, sendo que a única diferença é que em vez de negras eram raparigas vindas da província.
Se tiveres oportunidade, vê este: http://www.imdb.com/title/tt1805297/
ResponderEliminarThanks, a ver se vejo.
ResponderEliminarTenho de ver.
ResponderEliminarQuanto ao que referes quanto a Portugal, e de que não podes lembrar-te, sendo tão nova, é verdade.
Lembro-me de criadas crianças, aí com 13 ou 14 anos. Sujeitas à má criação (quando não a pior) dos meninos da casa. Sim, sim, conheci casos,
Nem tudo o que ficou para trás merece pensamentos nostálgicos.
Eu não me lembro, mas ouvi as histórias que o meu pai contava, e que também foi criado por uma criada.
ResponderEliminarAs criadas muitas vezes eram bem mais presentes e afectuosas do que as mães. Havia até a figura da "criada de meninos", hoje um conceito estranho. Como havia as criadas de fora, as criadas de dentro, etc. Sem o glamour de Downton Abbey.
ResponderEliminartalvez umas das pessoas que mais marcou a minha infancia e adolescencia foi a Bi. Era uma avo,um amor de pessoa, cheia de afectos e mimos, historias para contar...e que viveu sempre na nossa familia como parte de nos! Raramente, ia a terra dela porque nao queria, la ia de vez em quando visitar os irmaos...mas nos, segundo ela, sempre fomos a familia dela.Viveu desde os 14 anos em casa dos meus bisavos, na altura para a familia (dela) ter dinheiro, os pais tiveram que a mandar (e aos irmaos tb) trablhar...criou parte dos meus tios /avos como filhos, mais tarde, quando a minha avo casou, mudou-se la para casa, onde criou basicamente a minha mae e o meu tio pelas circunstancias da vida...a minha mae, ainda hoje reconhece que efectivamente, esta foi a mae do coracao dela, a referencia do amor, do afecto e de tudoo.. E sempre foi tratada como parte da familia! E quando partiu, partiu uma parte de nos...que deixa muitas saudades, sorrisos nas lembrancas e memorias que partilhamos! nao ha ano que nao nos lembremos do seu aniversario!
ResponderEliminarAgrada-me pensar que connosco nao foi assim!
Não sendo assim tão velha, são só 51 anos, tinha 13 quando foi o 25 de Abril, cresci de facto num país muito pobre, atrasado e afastado do mundo civilizado.
ResponderEliminarQuando eu era miúda era normal que as encomendas da mercearia, do talho, do que fosse, nos fossem trazidas a casa por rapazinhos de 12 ou 13 anos. Que tinham deixado a escola, que já trabalhavam.
Eu também acho que sempre houve excepções, e ainda bem.
ResponderEliminar(e em portugal pelo menos nao havia o factor racismo)
Ao menos isso! Mas houve depois! Mais uma vez, és demasiado nova. Nem imaginas a carga de ódio com que, aí entre 75 e 80, eu muitas vezes ouvi a palavra "retornado".
ResponderEliminarForam mesmo anos complicados.
como e obvio tudo isso sao sintomas e tracos de um pais que viveu numa ditadura durante largos anos...e ao contar esta historia, nao estou de todo a concordar com o que aconteceu na historia de Portugal, mas a contar uma boa excepcao!
ResponderEliminarTeresa: nao me referia ao racismo em geral, mas relativo às criadas, que não eram negras.
ResponderEliminaro resto dá outros quinhentos.
Luna, aconselho vivamente a fabulosa actuação do L. Jackson e Sheen. Para além de que o filme é um chuto nos dentes.
ResponderEliminarhttp://www.imdb.com/title/tt0914863/
Quanto ao teu filme, comprei o livro mas ainda não li, tu sim?
Deixei-o "fugir" do cinema enquanto esteve em exibição, mas entrou na minha lista de filmes a não perder assim que li acerca da história. Com as tuas palavras, só reforça ainda mais a convicção que tenho mesmo de o ver!
ResponderEliminarJuanna, só vi o filme.
ResponderEliminarTenho de ver!
ResponderEliminarA mim pareceu-me sobretudo irreal que o filme e o livro se passassem nos anos 60 e estava-me sempre a esquecer a meio que estávamos na prática a falar de ontem... por outro lado, em Singapura a Lua conta histórias ainda muito semelhantes a estas e a situação com as filipinas que emigram para ser criadas também é assustadora...
ResponderEliminaro mais irreal do filme é a cena da chocolate pie, nao é credível. nao sem consequencias bem mais graves (é pouco crível que a criada continuasse viva).
ResponderEliminarLuna em Angola as coisas ainda são um pouco assim, as pessoas são tratadas, na maior parte das vezes, com muito pouco respeito. Uma realidade muito triste. Claro que as pessoas são "livres" e podem ir-se embora se descontentes com as condições de trabalho, só que muitas delas não conhecem outra família senão aquela para a qual trabalham.
ResponderEliminarQuero muito ver o filme =)
Adorei o filme! Grande elenco e grande história. A minha bisavó foi cozinheira durante muitos anos de uma família aqui da zona, mas falava sempre com muito carinho dos seus "filhos" e "netos", mas é verdade que se ouvem coisas escabrosas dos tempos antigos aqui em Portugal.
ResponderEliminarO filme é bom. Mas o livro é muito melhor (como de costume). As histórias são muito mais desenvolvidas e a tensão é mais palpável. Gostei muito.
ResponderEliminar**
mariana
Li o livro há pouco tempo. Bastante bom, não tanto pela obra literária mas pela obra histórica.
ResponderEliminarNão vou ver o filme para não ter uma desilusão. A verdade é que nunca vi nenhum filme, cujo livro tenha lido, que não me soubesse a pouco.
também gostei bastante! fiquei completamente chocada com algumas cenas e acredito perfeitamente que existam estados na América do Norte onde a mentalidade não esteja muito longe disso!
ResponderEliminarLi o livro estas férias (o Daniel emprestou-mo) e posso-te dizer que o "lambi" autenticamente e foi dos poucos livros que li nos últimos tempos e que adorei. Estou mortinha por ver o filme! Muitoooo bom!
ResponderEliminar@Stiletto: tenho o mesmo problema, depois dos livros os filmes sabem-me sempre a pouco. Muitos sabem-me mesmo mal. Não é o caso deste, por acaso. Obviamente, não é cópia do livro - nem poderia ser. Mas está uma adaptação bastante boa e fiel. Gostei do filme, não saí nada desiludida.
ResponderEliminarTenho de ver ... =) parece-me ser engraçado *
ResponderEliminarhttp://mimiinlove7.blogspot.com/
Cara Luna,
ResponderEliminarSe há coisa que eu mais gosto nesta vida é ouvir as histórias de vida dos meus pais. Os meus pais nasceram numa pequena aldeia do Alentejo. O meu pai com 10 anos foi guardar porcos para um monte que ficava a cerca de 10 km's de casa. Só foi a casa passados 2 meses de lá ter saído, disse que tinha medo, até que um dia teve de arriscar ir sozinho pelos 10 km's, afinal ele não passava de uma criança.
A minha mãe foi com 12 anos ser criada na casa do médico da cidade mais próxima. Conta-me que quando vinham a Lisboa (hà 50 anos fazer 200 km era coisa para durar quase o dia inteiro), eles paravam para almoçar e a minha mãe com uns parcos 12 anos ficava no carro à espera, sem comer a não ser quando chegasse ao destino.
Comovo-me quando penso naquilo que eles passaram, mas como eles dizem não pensvam nisso porque era normal e toda a gente o fazia.
À Sãozinha e Luadealgodão:
ResponderEliminarO problema dessas raparigas não era calhar em boas ou más famílias. É que, mesmo quando trabalhassem para famílias que as tratassem bem, tarde ou nunca alcançariam a sua autonomia social ou económica. Poder tirar um curso, ou simplesmente mudar de emprego, ter carta de condução e decidir "dar uma volta", não ter receio de pedir aos patrões que nos inscrevam na SS, parecem coisas mínimas mas de que NINGUÉM prescinde enquanto cidadão português ou residente em Portugal. Ainda hoje há criadas "de dentro" mas com a diferença de que sabem as opções que têm.
É certo que este fenómeno teve lugar em muitos países que não sofreram o atraso de Portugal, mas as condições relatadas tiveram o seu fim, no máximo, lá pelos anos 40(nos EUA, anos 60); aqui perduraram, e os relatos de quem viveu essa experiência parecem mais vindos do século XIX, do que do século XX.
À Rita Maria:
Sim, em qualquer ponto do planeta não faltam relatos de condições de vida e trabalho a que sujeitam os imigrantes. Mas este post da Luna aborda uma situação diferente: quando tratamos os nossos iguais, como inferiores.
Se eu te dissesse que na família do meu marido há a paranóia das boas famílias e apelidos sonantes, acreditas? Devo ser uma desilusão para eles porque tenho um apelido tãooooo vulgar. Alguém tem de lhes explicar que em Lisboa ter um apelidão não interessa tanto quanto numa cidade do interior (de onde eles vêm). Além do mais a família do meu avô era muito, muito rica há 80 anos atrás, gente do Algarve que era dona de metade daquilo. Por causa de sócios poucos escrupulosos o meu bisavô vendeu tudo para pagar as dívidas e créditos e ficou pobre. Paupérrimo. E assim o meu avô aos 11 anos estava a trabalhar, embora aos 35 fosse gerente do Banco de Angola. É ou não é para ter orgulho no meu apelidozeco?
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