Se pensar bem, a verdade é que nunca tive bons resultados no meu percurso científico, e a maioria das vezes, tal como uma comentadora referiu, os meus resultados resumiram-se sempre a "como não fazer algo". A minha tese de licenciatura consistiu em apresentar os resultados obtidos, explicando por que o objectivo inicial do projecto não tinha sido atingido com aquela estratégia. Na tese de mestrado consegui mostrar alguns resultados interessantes, embora diferentes da hipótese inicial, e aquém do pretendido, sendo o maior elogio à mesma estar bem escrita. Até no meu estágio na Genentech, for gods sake, o projecto que me foi atribuído terminou comigo, depois de 16 anos de estudo, por se revelar, por fim, impraticável comercialmente, tendo sido descontinuado depois dos meus resultados derradeiros. Não é que não tivesse resultados, que tinha, apenas não os desejados.
E agora, 3 anos volvidos do doutoramento, depois de muitos "quase", que se revelavam depois "afinal não", depois de tentar mil coisas diferentes que não resultaram, depois de uma fase de desânimo, e por vezes quase desespero, quando já estava preparada para definitivamente passar ao plano B, no qual já estou a trabalhar há algum tempo, decidi fazer duas experiências finais, por descargo de consciência, só mesmo para fechar o capítulo e passar à frente sem remorso, e não é que tive finalmente resultados promissores com ambas as experiências, quando antes nunca tinha tido com nenhuma?
E embora ainda tenha de repetir tudo para confirmar a reprodutibilidade, e ainda haja a parte da eficácia a nível imunológico a ter em conta, começo finalmente a ver a luz ao fundo do túnel. Mas como disse Samuel Beckett, "Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better."
Estou a 6 meses de acabar o meu doutoramento. Como te compreendo...
ResponderEliminarGosto quando partilhas estes posts sobre "Ciência", sempre me sinto mais acompanhada. :)
É assim a ciência. Digo isto tanta vez aos alunos de mestrado e doutoramento: um resultado negativo não deixa de ser um resultado.
ResponderEliminarA frase do Beckett não podia ser mais verdadeira.
Parabéns pela luz ao fundo do túnel!
E normalmente é uma perda tão grande quando os resultados negativos sofrem viés de publicação, quando na prática podem ser tão importantes como os positivos.
ResponderEliminarsim, eu nesse aspecto tenho montes de resultados úteis para que quem queira tentar saber como não fazer de todo.
ResponderEliminarinfelizmente sao dificilmente publicados.
p.s. infelizmente os maus resultados só sao publicados se souber explicar e provar porquê, o que é difícil quando se trabalha com coisas não visualizáveis e que todos os resultados são indirectos.
ResponderEliminarMuitos parabéns, Luna!
ResponderEliminarAt least tentaste. Muy bien, chica!
ResponderEliminarNão imagino como será com outras ciências, mas em ciências sociais não há nada mais gratificante do que perceber que aquilo que investigamos faz sentido, é importante e pode abrir uma nova perspectiva.
ResponderEliminarBom trabalho, parabéns e boa sorte!
"um resultado negativo não deixa de ser um resultado." se não soubesse, dizia que a Luísa era uma das minhas orientadoras!!! ;-)
ResponderEliminarEstava há pouco de volta do 3º artigo do meu doutoramento e dou cmg a ter um ataque de riso porque algures na discussão escrevi: "The primary findings of this study confirmed our initial hypothesis that..." sendo que esta hipotese deve ter sido a 11ª a ser testada, e a parte de primeira, deve-se a "primeira a dar qlq coisa de publicável"
I knew it!!!!
ResponderEliminarparabéns! :)
ResponderEliminarCara Luna,
ResponderEliminarDepois de meses a escrever a tese (recentemente promovida a p#%@ da tese) apetece-me espetar com a frase do Beckett no segundo capítulo experimental e pode ser que na defesa não me venham cá com mimimis porque é que não fez isto e aquilo!
Parabéns e como diz o meu orientador: não te esqueças que em ciência "o dia tem 24h e a noite é eterna!" e é muitas vezes no último suspiro que os resultados chegam! (muito poético este meu orientador...)
Espero bem que te consigas safar com esses resultados! O mais frustrante quando se trabalha em ciência, é mesmo ter de lidar com a sorte, visto que nem sempre a qualidade dos resultados espelha o trabalho que está por trás. Muita gente me tem dito que é no último ano que todos os resultados aparecem. Se assim fôr, já não é mau de todo... Muito boa sorte! :)
ResponderEliminarLuna,
ResponderEliminarSó para avisar que vou roubar a citação - mas vou referenciar-te, direitinho que eu não sou como umas e outras ;)
E, até pode ser que consigas mais votos para a votação-onde-não-se-ganha-nada-mas-faz-bem-ao-ego-e-nós-gostamos!
Pois, a minha historia é parecida. A diferença é que ao fim dos 3 anos (e mais um bocado) os resultados não mudam, orientadores, especialistas e afins não os percebem (porque mais ninguém, fez o mesmo ou parecido, isto de se ser um projecto inovador tem que se lhe diga...), e agora a escrever a tese ninguém se entende... Os cabelos brancos que ganhei com isto!
ResponderEliminarMas o amor à ciência...
Como te percebo... Estou no último ano do Doutoramento e só me apetece... ganir, desistir, nem sei...
ResponderEliminarUm grande beijinho e parabéns pelo blog
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