27 de janeiro de 2005
A herança política
Tenho ultimamente observado na blogosfera verdadeiros combates políticos do tipo toma-lá-dá-cá, que na sua maioria me aborrecem, principalmente porque questionam as ideologias políticas de cada um, que, naquilo a que chamamos democracia, deveriam ser respeitadas.
Nunca me interessei especialmente por política, ou melhor, não mais do que um cidadão comum, medianamente atento ao que se vai passando – com excepção daquela vez que fui, sem grande vontade, eleita delegada de turma no secundário. Tenho as minhas ideias, aquilo em que acredito, mas não é disso que vou falar, este não é um blog político nem nunca irá ser.
Ora, tirando raras excepções, isto é, tratando-se de livre pensadores de mentes revolucionárias e independentes, de ideias próprias e grandes ideais, inconformados por natureza, a ideologia política é, na sua grande parte, hereditária.
Cada um de nós herda um legado ideológico, transmitido ao longo da sua vida pela sua família, amigos e todo o ambiente que o rodeia. O mundo onde se cresce, o envolvimento familiar, a educação que se tem, as conversas à mesa entre pessoas que se admira, com elevada ascendência afectiva e moral, condicionam aquilo que somos e em que acreditamos, bem como os ideais que em adultos viremos a defender.
Tal como a religião é passada de pais para filhos, com os seus valores morais e éticos, as ideias políticas também o são, pelo que, no seio de uma família tradicionalmente conservadora, naturalmente se transmitem à prole os valores de direita e a sagrada propriedade. Em contrapartida, numa família de origem proletária, com filiação no partidão, a descendência muito provavelmente acreditará nos ideais de esquerda e na perversidade do capitalismo.
Como em toda a regra, volto a salientar que existem expepções, existem e sempre existiram os inconformados, os meninos rebeldes que são do contra para chatear o pai, os génios, ou simplesmente pessoas diferentes, mas na maioria dos casos é simplesmente assim. Podemos vir a desenvolver os conceitos, emprestando às ideias a nossa individualidade, divergir ligeiramente da doutrina original, acompanhar o evoluir dos tempos, mas as origens provêm de gerações anteriores.
E como tal insurjo-me contra aqueles que pretendem dividir a política entre o certo e o errado, entre bons e maus, contestando aquilo em que cada um acredita, as suas convicções, a sua forma de ver o mundo e os seus valores mais intrinsecamente enraízados. Eu por mim continuo a acreditar no meu Pai.
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