28 de abril de 2005
Há coisas mais importantes...
Ontem à noite, enquanto fazia o jantar, ou arrumava a cozinha, nem sei, mas fazia qualquer coisa que me impedia de ver televisão mas não de a escutar, ia ouvindo as entrevistas feitas à porta de várias universidades, onde colocavam aos alunos incautos questões simples de cálculo aritmético da 3ª classe. Sim, da primária.
Lembram-se da tabuada, das somas, subtracções e divisões, lembram-se? Pois, era isso mesmo. Mais algumas questõezitas aparentemente simples para alunos de engenharia - algumas entrevistas foram à porta do Técnico - que as deveriam ter na ponta da língua, tais como a raíz quadrada de 1 ou, mais difícil ainda, de 9!
Ora, entre risos embaraçados, a maioria dos alunos limitava-se a fugir à questão, corando, que já não se lembravam, que não sabiam de cor, ui ui que agora sem máquina é difícil e pensar durante dois segundos faz mal aos neurónios e quem sabe provocar esgotamentos nervosos ou depressões .
No meio de tanta ignorância, uma voz particularmente irritante responde sem vergonha e quase orgulhosamente "Não faço a mínima ideia!" à pergunta dificílima "Quanto é 97 - 23?". Não faço a mínima ideia?! Ainda se fosse uma multiplicação ou divisão de números "grandes", agora não saber fazer uma simples subtracção? Mas a burrita ainda continuou, não bastasse já o atestado de estupidez: "Também não é muito importante, acho que há coisas mais importantes!". Há, pois há, ó sua acéfala irritante. Aliás, é bom que para ti haja, porque burra como és, se dependeres da cabecita não te safas. Que pena não lhe ter visto a cara, mas imagino o estilo, tal como imagino o seguimento: "Também não é muito importante ser inteligente, o que importa é ser, ups, parecer, boa pessoa, ser gira e loira, e boa na cama que assim também se arranja marido". De preferência rico, para não se ter de importar com os trocos nas idas ao supermercado.
Continuando assim, um dia seremos todos como a senhora da papelaria, que vai sempre confirmar à calculadora o preço de 3 fotocópias, a 15 cents cada! Dahhh
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A tua primeira linha de texto.. É Fabulosa.
ResponderEliminar"Ontem à noite, enquanto fazia o jantar, ou arrumava a cozinha...."
Bastou essa linha para entender a tua personalidade e educação.
Parabéns! Não és Fútil
Como já disse não souburro por completo, do pescoço para baixo sou perfeitamente normal....
Claro que não é importante. Em Portugal, hoje em dia, pensar não é importante. Estar na moda sim. É o carneirismo no seu melhor...
ResponderEliminarClaro que há coisas mais importantes, como saber qual é a cor que está na berra este ano, ou o que vestir na festa que o queriduchio do Manel vai dar!
ResponderEliminarÓ Luna, tu também exiges demais!
convenhamos que as nossas queridas tv's também se esmeram por mostrar ao mundo a miséria, e como tal quando fazem estas reportagens apresentam sobretudo pessoas menos capazes. eu não tenho duvidas nenhumas que houve muito boa gente que soube responder às questões mas o que interessa é chocar e dar tempo de antena a quem não o merece com estas noticias sem utilidade nenhuma. bem, o que estou a tentar dizer é que em vez de fazermos passar a imagem que somos um país de atrasados mentais talvez fosse melhor mostrar os bons exemplos que temos e aqueles que nos fazem sentir ainda algum orgulho, e se não servir para mais nada ao menos que sirva de inspiração para que outras mentes brilhantes se libertem (sim, também as temos). é pedir muito? talvez seja, e talvez não seja no dia em que não se der importância a quem não a tem. já agora isso passou em que canal? se não foi na tvi não deve andar longe.
ResponderEliminarReparem, mas então como é que vós concebéis o atraso (a todos os níveis e desde sempre) deste pequeno rectangulo à beira-mar plantado? Eu desde há muitos anos que venho repetindo: Nós somos um país de grunhos e merecemos sê-lo, porque gostamos de cultivar a pobreza de espírito.
ResponderEliminarO português é naturalmente pobre!
Adoro estar em reuniões de avaliação e quando se avizinha a hora de dizer as percentagens de negativas e positivas, ouvir as fulanas de letras dizer: «Ai isso não fiz porque isso é números e eu sou de letras», como quem diz «Ai! eu é mais bolos...»
Quando chegamos a este nível, está tudo explicado, amigos!
Acreditem, nós somos mesmo muito pobres e já dizia o outro:« O pobre é uma coisa impressionante!»
«[...] as nossas queridas tv's [...] apresentam sobretudo pessoas menos capazes. eu não tenho duvidas nenhumas que houve muito boa gente que soube responder às questões mas o que interessa é chocar e dar tempo de antena a quem não o merece com estas noticias sem utilidade nenhuma.»
ResponderEliminarÓ Luís, o problema não é haver quem saiba responder a perguntas básicas. O problema é que há alunos universitários, gentinha com mais de 12 anos de instrução escolar, que não sabem. Isto é que é vergonhoso.
E se continuamos a desculpar os últimos só porque também existem os primeiros, então deixemos de nos preocupar em apoiar os menos favorecidos social e economicamente, porque também existem os ricos e de vida confortável.
Ou seja, o que tu defendes é: ignorar a miséria, porque nem tudo é miserável. Olhar para o bom e fechar os olhos ao mau.
Não penses que inventaste a parenética encomiástica da prosperidade. Gajos a ditar panegíricos do optimismo (cego) há muitos, pá. São os que não se preocupam. Curiosamente quase todos os políticos que se encontram no poder.
E eu volto a repetir: o pobre é uma coisa impressionante!
ResponderEliminarpronto, pronto... então eu vou tentar explicar melhor o meu ponto de vista.
ResponderEliminar“...parenética encomiástica da prosperidade...” é brilhante... clap, clap, clap.
NÃO estou a defender ninguém, não é nada do meu feitio defender quem não o merece; portanto admito que esse cenário pintado pelas tv's é bem real - aliás, eu ainda estou a terminar um curso e desde o início que vejo bem a quantidade de gente que frequenta as universidades sem qualidades para. logo NÃO ignoro a dita “miséria”. até porque já tive muitas vezes o atrevimento de dizer, inclusive a colegas meus, como é que podem alguma vez ambicionar ser engenheiros; portanto NÃO olho para o bom e fecho os olhos ao mau. e neste caso também não o fiz, só que aqui a “miséria” são as tv’s. Quando as pessoas vêem estas noticias ficam admiradas e até escandalizadas como é que isto é possível (perfeitamente normal), mas, subjacente a essa preocupação, enaltecesse um ego que leva grande parte da audiência a pensar que também tem qualificações, tão boas ou melhores, quanto um presumível licenciado – do género: tchii eu consigo fazer estas contas logo sou mais inteligente que os universitários e tenho perfeita competência para o ser também - e isto é que eu critico, pois isto além de conduzir à letargia do pensamento e do raciocínio, induz também a estagnação da evolução. à margem disso leva qualquer paizinho com condições económicas a imaginar logo o filhinho/a (que, por ex: nunca conseguiu montar um lego ou um puzzle, e que sabe jogar PS2 mas tem que pedir a alguém que ligue os cabos) trajadinho/a com a pasta das fitas na mão. No entanto esclareço desde já que não tenho dúvidas nenhumas que existe muito boa gente com capacidades superiores que nunca frequentou uma universidade – uns porque não querem, outros porque não podem – tal como não tenho dúvidas de que muita gente que se encontra no “poder” não tem capacidades sequer para tirar a mais básica das licenciaturas (portugal: país das passagens administrativas). Agora faltava-me falar da miséria do sistema de avaliações, mas isso fica para outra oportunidade.
Sim, vivemos rodeados de miséria a todos os níveis e a pobreza de espirito até se consegue cheirar, mas, reafirmo o que disse ou tentei dizer no post anterior – dar importância a gente que não a tem, não é de todo o melhor caminho, e os noticiários à americana... bem desses está à vista o resultado no outro lado do oceano. E nós mediáticamente até temos os meios, mas faltam-nos os “princípios” para atingir bons fins.
ó Luna:
ResponderEliminarTu falas tão alto quando chamas burros aos outros que és capaz de não te ouvir...assim não consegues fazer contas.
Não chamo só burros, por vezes também chamo feios... e isso dá-me audiência! Mais um exemplo da inversão de valores da blogosfera.
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