As Trombudinhas são aquela espécie de miúdas que aparece inevitavelmente a um dado ponto no tempo - ou espaço se tivermos em conta a teoria da relatividade - numa qualquer reunião familiar ou de amigos de longa data por ocasião de um aniversário ou outra celebração pela mão de um dos jovens semi-imberbes do clã.
As Trombudinhas evidenciam-se por serem perfeitamente dispensáveis apesar de infelizmente não invisíveis. Estão lá, mas é como se não estivessem, ocupam o espaço num assento, comem, bebem, estorvam, mas fora isso ninguém dá por elas tirando a tal mão que a trouxe e que não a larga por baixo da mesa. Não falam. Por um lado por não saberem falar, depois porque mesmo que soubessem não teriam nada a dizer. Mas a razão primeira é a arrogância de quem se sente a primeira-dama e ascendeu ao topo da devoção que alguma vez na vida poderá almejar.
No alto dos seus menos de 20 anos sonha com uma carreira de modelo fotográfico ou actriz dos morangos com açúcar, desconfiando já que chegará apenas a ajudante de cabeleireira ou caixa do Pingo Doce, enquanto anda às voltas com o 11º ano no recorrente que não tira por vontade própria mas por imposição de alguém que lhe diz ser importante.
Comparecem às obrigações familiares de um namoro fresco como forma de marcar terreno e não deixar fugir aquele que lhe poderá proporcionar sustento se o souber agarrar enquanto o corpo ainda lhe está firme e o palminho de cara próprio da idade e que depressa desaparecerá ainda suscita algum interesse.
Olham para os restantes membros do grupo com enfado, inclusive a família à qual anseia pertencer. Acha-se importante. Estupidamente importante, como só os estúpidos podem ser. Não faz ideia de quão insignificante é face às pessoas que a rodeiam e recebem calorosamente. Não imagina que parecerá analfabeta se tentar encetar uma conversa. Também não importa, porque nunca manterá diálogos com mais de 5 minutos.
As Trombudinhas são assim o que eu chamo "desafia estalos", porque me dão vontade de encher de estalos aquelas caras enjoadas para ver se reagem a estímulos nervosos. Uma vez por outra lá dou de caras com uma. Ignoro. Também já estou na fase de arrogância a que a maioria das pessoas só se dá ao luxo após os 50, mas que em mim se manifestou mais cedo. Não faço o mais ínfimo esforço de agradar, ser cordial ou mesmo hospitaleira com monos. Não estou para isso, dá um trabalho do caraças fingir simpatia por pessoas que não me faz diferença que existam ou não. Um bom dia ou boa noite bastam, que de qualquer forma os cérebros trombudinhos não sabem registar a diferença.
Conheço o género...
ResponderEliminarPrimeiro faziam-me pena, pelo limitadas que as achava, agora ignoro e esquece. Nem mais!
Grande azia... a trombudinha apareceu com alguém que lhe interessava?
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