6 de janeiro de 2006

O meu lado feminista-queima-soutiens

Cada vez que paro no semáforo antes de entrar na 5 de Outubro, a minha visão esbarra com um anúncio ao Porta da Ravessa em bada desenhada, onde figura uma loura que poderia ter saído de uma capa de livro da Margarida Rebelo Pinto e um gentil cavalheiro que lhe faz um brinde. O texto, saído da boneca com ar embevecido e no auge da sua vida é o seguinte:
E no fim ele brindou...
- Sem ti não teria conseguido.
O que eu queria dizer aos senhores publicitários certamente geniais é que este tipo de clichés já enjoam e não seria má ideia a possibilidade - embora seja remotíssima na realidade! - que o momento mais importante da vida de uma mulher, ainda que seja loira, não tenha obrigatoriamente que ver com o sucesso do seu marido, namorado, companheiro, enfim, do macho dominante mais próximo. Nessas cabecinhas tão prendadas nunca passou a ideia de uma mulher ter sucesso por ela própria e brindar a isso sem ter de ser apenas a sombra do marido?
Até porque a frase é terrível, será que a loira é tão estúpida que acredite que ele sem ela não teria conseguido? A não ser que se trate de um filho, e mesmo assim se não fosse com ela seria com outra loira qualquer. Ou mesmo morena, ohhh, horror dos horrores.
Não que ache que não nos devamos alegrar com os sucessos dos nossos homens, acho que sim e brindemos alegremente a isso, mas que tal um pouco de originalidade nos cartazes e quem sabe mesmo arriscarem-se a algo arrojado: trocar os papéis e ser a mulher a brindar ao seu sucesso com o seu gajo em papel secundário?

5 comentários:

  1. Esses cartazes são autênticos mitos: toda a gente sabe que os gajos não precisam das gajas para conseguir o que quer que seja a não ser orgasmos e os dependentes directos, claro está, e comno muito bem referes neste post. Usamos esses clichés para dar tanga às gajas e para que elas pensem que sempre são capazes de qualquer coisita para além de passar a ferro e lavar a loiça! eheheheh

    ResponderEliminar
  2. "... não seria má ideia a possibilidade - embora seja remotíssima na realidade! - que o momento mais importante da vida de uma mulher, ainda que seja loira, não tenha obrigatoriamente que ver com o sucesso do seu marido, namorado, companheiro, enfim, do macho dominante mais próximo."

    Talvez ela se considere bem-sucedida se conseguir arrancar essas palavras de um homem... de sucesso. Aí já entra a definição pessoal de "sucesso" de cada um. E nós só podemos tolerar :-(

    Pedro

    ResponderEliminar
  3. È isso mesmo, Luna. Belo post!

    ResponderEliminar
  4. Ai Blackito que o anel de noivado sai-me já do dedito anelar!

    MCM, és mulher, entendes o que digo! ;)

    Pedro, acontece que essa definição de sucesso não se adequa à maioria das mulheres - assim espero! - mas aos publicitários brilhantes, homens, estou em crer, que idealizaram o referido cartaz.

    ResponderEliminar
  5. e aquele anuncio de TV acerca duma qualquer ADSL ou qualquer coisa dos telefones (já não me lembro bem) onde o marido chegava a casa com a novidade, a mulher estava a arranjar o vaso das flores e ele lá diz a novidade à qual ela responde: "espera, explica-me isso como se eu fosse muito burra".... Primeiro! Por que razão não foi uma "gaja" a chegar a casa e a contar tal novidade ao "gajo/marido/companheiro/namorado"???? até podia contar ao irmão, ao pai, ao avô! Os senhores publicitários partem do pressuposto que a classe feminina não percebe nada do assunto! Segundo: POR QUE RAZÃO É QUE PARA ALÉM DE UMA PERSONAGEM FEMININA NÃO TER DESTAQUE AINDA TEM QUE SER BURRA? OU PARECER? .... Não, não acho que os publicitários sejam todos homens, tenho a certeza que esta equipa incorporou mulheres. A cultura é que é machista! Não tem que ser nem machista, nem femininista, nem racista, nem outros istas que tais! quando é que haverá espaço para uma neutralidade e igualdade saudáveis!?!?!?!?

    ResponderEliminar