15 de janeiro de 2006

Para esclarecer umas coisas

Cada vez que leio blogues de direita falando sobre a esquerda, noto sempre um certo gozo implícito enquanto a acusam de se considerar moralmente superior. A verdade é que é. Ou será tão difícil a alguém de direita admitir que os ideais utópicos de esquerda são bonitos e que o mundo seria muito mais justo se fosse possível aplicá-los?
Infelizmente, o que as pessoas de direita sabem, é que não é. Porque a natureza humana é por si egoísta e Che Guevara só existiu um. Os ideais utópicos de esquerda seriam possíveis se em cada ser humano existisse um Cunhal, um Ghandi. Mas não, em cada um de nós existe o desejo de uma casa com piscina, conforto, qualidade de vida. É a nossa natureza imperfeita. E as pessoas de direita conhecem essa natureza e constroem os seus modelos de sociedade com base nessas mesmas imperfeições.
Eu sou de esquerda. Apesar de saber que as ideias que defendo dificilmente poderão ser implementadas na sociedade real sem recorrer à força, e acredito que o socialismo deverá ser sempre uma opção e nunca uma imposição. E como 99% da população não estará disposta a abdicar duma parte do que é seu em favor de outrem, as ideias que defendo não passam de sonhos. Porque as defendo? Porque sou uma idealista teórica. E porque no dia que deixar de acreditar nelas me terei tornado uma pessoa pior.

6 comentários:

  1. Não podia estar mais de acordo contigo, e também sou de esquerda, na esperança que os tais valores utópicos possam deixar de fazer parte do imaginário num destes dias! Continuarei a lutar para fazer a minha pequenina parte nesta grande tarefa...

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  2. Os ideais utópicos de esquerda seriam possíveis se em cada ser humano existisse um Cunhal, um Ghandi.
    Não podemos mudar os outros, mas podemos sempre mudar-nos a nós; custa assim tanto abdicar da piscina?... ;-)

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  3. A mim não custa nada, mas vai perguntá-lo às pessoas com casas de 200 mil contos que vivem no condomínio privado mesmo em frente a minha casa...

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  4. Exactamente o que eu sinto: no dia em que deixar de acreditar, ter-me-ei tornado uma pessoa pior. Uma cínica! E isso, nunca.
    De esquerda, sempre. Mas com a direita vou aprendendo algumas coisas bem importantes: manter os pés na terra, ver as coisas com mais realismo. Isto talvez seja importante para continuar a utopia, por contraditório que possa parecer à primeira vista. (É que o Guevara, Cunhal e Ghandi também eram pessoas, com os seus handicaps de egoísmo...)

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  5. È isso td Luna!

    "Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás."

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