Uma gaja cresce com a mania que é inteligente. Com a mania que tem piada e sabe desarmar à custa de ironia e secura quem tenta aproximar-se tentando brilhar e mostrar-se, fazendo-se valer de suposta esperteza e cultura que deveriam ser superiores à média e suficientes para contentar. Mas a nós não.
E descobre-se que o brilho se transforma em barreira intransponível, o sorriso em humilhação, a frase espirituosa em vergonha alheia, e que o nosso ego menospreza quem nos tenta alcançar na sua simplicidade sincera.
E sabemos que ficaremos sós. Por não conseguirmos transpôr a barreira que nos separa dos outros, por sabermos que a nossa simpatia por vezes não é mais que condescendência, por no fundo nos acharmos tão melhores que não permitimos que alguém esteja ao nosso nível.
E vemos gente com medo, justificando-se, tentando parecer melhor aos nossos olhos que não valem assim tanto, e sabem tão pouco, por uma imagem que construímos para melhor satisfazer o nosso ego e pela vontade de criar uma redoma que nos proteja do mundo lá fora.
E temos vontade de desdizer, de remediar o mal feito pelas palavras preconceituosas a sarcásticas, mas deixamo-nos ir por inércia e contribuímos para a construção de uma barreira intransponível que nos remete a um limbo balançante entre arrogância e snobismo. E tudo bem. Porque no fundo até gostamos. Porque o facto de os outros nos considerarem melhores compensa o facto de nós não.
Outros, mas nós não.
Posso fazer-te uma pergunta?
ResponderEliminarSerá possível uma outra saída para além do "E sabemos que ficaremos sós." se, do outro lado, estiver alguém que também sofra d'"A (demasiada) exigência"?
Obrigado
Espero que sim.
ResponderEliminarDo que tu precisas é de um abraço.
ResponderEliminarHá sempre o meio termo. Duvido que estejas apenas tu a puxar para um dos lados. Há muito boa gente que prefere conseguir em gratificações materiais os estímulos neuronais que não querem ginasticar.
ResponderEliminarMais um passagem enrriquecedora para mim, obrigado.
ResponderEliminarbem... eu acho que isso com uns copos passa...
ResponderEliminarlol
como dizia o mário,
ResponderEliminar"Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro."
Só não concordo completamente por uma razão. Porque isso também nós acabamos por fazer a outros. Tentarmos ser aquilo que nos pode valorizar, sem perder genuinidade, para atingir, para chegar até lá. E no entanto, isso é exigência, e ter padrões não deve ser considerado snobismo, mas apenas formas diferentes de emparelhamento, por conta da subjectividade que, gera ou não, empatia.
ResponderEliminarEu posso adptar o discurso a alguém, assim como alguém infindamente melhor o poderá fazer a mim, mas isso não significa que eu tenha de coincidir com as suas exigências noutros campos. Acho que o facto de teres parâmetros próprios ou seres exigente não deve ser encarado de lado ou com desconfiança, se tiveres presente que tens para dar o que exiges.
E depois há limites, obviamente.
Para mim a linguagem sms põe-me doido, e com pachorra zero.
E por aí fora :)