2 de novembro de 2006

Assinando a minha sentença de morte

Parecerá um sacrilégio, mas trinta anos após o 25 de Abril, todo este debate sobre a despenalização do aborto e a quase certeza da vitória do não convence-me que Salazar era, de facto, perfeitamente adequado à generalidade da sociedade portuguesa.

27 comentários:

  1. Calma.... Salazar não!!

    Quase certeza do não?! Não creio... ou sou utópico!!

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  2. Também não me parece que o 'não' vá quase de certeza vencer...

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  3. Salazar sim, por mais que ninguém queira admitir, a maioria dos portugueses vivia feliz e contente com ele, porque se ajustava perfeitamente à mentalidade dominante: católica, conservadora, provinciana, e extremamente fechada e inquisidora.

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  4. Ahhh, e muito, mas mesmo muito, preconceituosa!

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  5. Por acaso tb tenho uma certa impressão que o Não vai vencer, mas pq dizes tu isso?
    e já agora, pq é que quem é do Não é "católica, conservadora, provinciana, e extremamente fechada e inquisidora. e muito, mas mesmo muito, preconceituosa!" ?
    eu cá não sei mas apostava que isto tb é um preconceito.. mas são só impressões minhas. :P

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  6. Não é só por se ser do não, mas pelos argumentos usados na sua defesa.
    E pela arrogância com que se julgam no direito de decidir por outras pessoas na sua disfarçada, mas tão frágil moralidade.

    Se o amor ao embrião fosse equiparado ao respeito pelo ser humano depois de nascido, o mundo talvez fosse bem melhor.

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  7. E ainda pela hipocrisia. Em Portugal pode fazer-se tudo, desde que seja às escondidas, desde que não estrague o retato de país sério e moral. O número de abortos não irá diminuir por continuarem na clandestinidade, apenas as suas consequências continurão a fazer vítimas. Mas desde que seja tudo feito numa cave infecta longe da vista, tudo bem. Desde que as mulheres mortas esvaindo-se em sangue não nos acampem à porta de casa, não temos nada a ver com isso.
    É mais ou menos como a prostituição: é ilegal, mas todos os dias, a partir das 8 da noite, é ver dezenas de prostitutas lado a lado com polícias jinto aos muros do Técnico. Fingem que não se vêem, e é como se não existisse problema. E nós gostamos assim.

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  8. ena que a resposta foi´rápida!
    ora bem, fazendo então o papel de advogado do diabo...
    "E pela arrogância com que se julgam no direito de decidir por outras pessoas na sua disfarçada," o ponto de vista do Não é que o embrião é um ser humano e portanto a sua defesa não é uma questão pessoal de cada um... tal como dps de nascida a sociedade se acha no direito/dever de te proteger a ti de outros.
    "Se o amor ao embrião fosse equiparado ao respeito pelo ser humano depois de nascido" é provável. mas tb o facto aqui é que dps de nascido e crescidinho já tens inteligencia e vontade própria para tomar decisões e portanto ser responsabilizada por elas. o embrião não qq oportunidade de dizer/fazer o que quer que seja, logo recebe mais atenção. tal como as crianças.
    "O número de abortos não irá diminuir por continuarem na clandestinidade" é provável. no entanto vai de certeza aumentar se for legalizado, coisa que os defensores do Não não vêem com bons olhos. para não falar da possibilidade ser efectuado nos hospitais públicos, com os impostos de toda a gente, incluindo aqueles que se opôem.
    e já agora, as nossa colegas nocturnas do técnico não são ilegais. embora tb não estejam reguladas. o que é ilegal é o lenocínio, ou seja o(s) tipo(s) de ar estranho que anda encostado na sombra das árvores ou ns portas dos prédios na duque de ávila...

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  9. Caro jeremias
    a demagogia é algo demasiado presente neste tipo de debates, e se nos deixarmos levar pelos sentimentos arranjamos qualquer tipo de argumento para ambos os lados.
    Eu sou a favor da liberdade de escolha. Pela liberdade de uma mulher decidir, se quer ou não ter um filho, decidir se quer ter dentro do SEU corpo, durante 9 meses uma criança. E se decidir que não, seja por que motivo for - e neste caso creio que a maioria não decidirá de ânimo leve - não seja penalizada nem estigmatizada por isso, nem tenha de se submeter a práticas desumanas e sem quaisquer condições de higiene e dignidade.
    Quanto ao respeito pela vida humana, deixem-me rir... O mesmo sistema que impede uma mulher de decidir se quer ou não ter um filho indesejado é o mesmo que, em caso de guerra, lhe leva esse filho e lhe põe uma arma nas mãos para matar e ser morto em prol de razões com as quais pode até nem concordar.
    E quem decide quais as razões válidas para se matar? Serão a de uma mulher menores que as de um estado?
    Não defendo o aborto como melhor prática, mas defendo o direito a ele como último recurso, e não penso que uma mulher deva ser julgada e presa por escolher essa via.
    Quanto à história dos hospitais públicos, por essa ordem de ideias porquê pagar o tratamento de enfartes do miocárdio em quam toda a vida andou agarrado a torresmos e chouriços, de toxicodependentes com overdoses ou seropositivos, de condutores embriagados acidentados, etc.? Não vamos por aí, até porque estou convencida que os gastos no tratamento de complicações associadas a práticas de aborto clandestino serão elevadíssimos.
    Enfim, este é um assunto que me enerva e irrita, e portanto vou dá-lo por encerrado, pelo menos nesta caixa de comentários.

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  10. (...)Enfim, este é um assunto que me enerva e irrita, e portanto vou dá-lo por encerrado, pelo menos nesta caixa de comentários.

    ...é q ñ vale mesmo a pena continuar a malhar em ferro frio!, esta gente acha-se no direito de julgar os outros segundo a sua visão do mundo e à revelia duma racionalidade devidamente comprovada pela ciência... a discussão sobre o direito de escolher - e não a defesa do aborto em si mesmo! - está, desde logo, inquinada pelo dogma do pensamento católico que sempre manietou este triste povo q somos...defender a penalização do aborto é o mesmo q defender os milagres de Fátima, por exemplo!, acredita-se e pronto!, qual racionalidade, qual quê!...

    ...por isso não vale mesmo a pena!

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  11. E é verdade! Este povo teve o Salazar que mereceu!...o Cavaco que mereceu! ...e agora tem o Socrates que merece!

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  12. Engraçado, acho que no final só há 2 maneiras de ver a mesma questão.
    Uns que acham que a mulher tem direito de escolha em relação ao seu corpo.
    E outros que acham que o feto tem direito à vida.

    Eu voto no direito à vida simplesmente pq:
    - A possibilidade de engravidar está inerente ao facto de se ter tido relações. Acção-Reacção.
    - Todos os casos criticos como violaçoes, má formaçao do feto, perigo de vida da mulher, estao comtemplados na lei.
    - Um feto com 2 meses e meio (10 semanas).
    - A mulher terá sempre a opcção de o entregar à adopção se o quiser. Assim, respeita-se a decisao da mulher em nao ficar com aquele filho, mas nao se retirando ao filho a possibilidade de nascer. Desta maneira salvaguarda-se ainda um 3 interesse que é do pai da criança no caso de querer ficar com ela.

    Nenhum argumento de "toda a gente faz" ou das "condiçoes dos centros de adopção" me parecem convincentes. E explico. Ambos estes dois pontos tÊm de ser resolvidos seja qual for a decisao dos portugueses. Educação sexual, planeamento familiar, informaçao. Melhorar as instituições, facilitar e desburocretizar o processo de adopção.Isso sim, medidas urgentes na nossa sociedade.

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  13. A gravidez dura em média de 38 a 40 semanas.Ás 10 semanas ja está criado o embrião e por ultrasom já se pode ouvir o coração do bebé bater. Isto é um facto. Agora a meu ver acho que cada um deveria ser livre de escolher, porque neste ponto apesar de se tratar de um ser vivo, está a 20% da sua formação, e será que vale a pena hipotecar a vida de uma mãe e de um pai, tendo um filho indesejado, incomportável, que mais tarde se tornará um fardo, e terá uma vida possivelmente miserável?
    Eu acho que as 10 semanas é um prazo razoável, para a percepção da realidade e da responsabilidade de ter um filho. No meu caso pessoal, não concordaria com uma interrupção voluntária da gravidez (preferivel ao vulgo e negativo termo "aborto"), a menos que a mãe assim o desejasse. Aquilo que se faz, tem um grau de responsabilidade, e honorabilidade, a menos que haja motivos de força maior(que a minha). Agora em termos gerais votarei pelo SIM, reservando a cada um a consciência e responsabilidade inerentes á sua actuação. Quanto à igreja católica e a sua posição, como sempre pensei desde que sou consciente e conhecedor da história mundial...a manipulação das massas... não me façam começar(ja foram ver as ossadas debaixo do convento de Óbidos?).
    P.S- Desculpa Luna E Silva, alonguei-me.

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  14. Cara Is:
    É fácil, se engravidares, e mesmo sendo o resultado de um acidente e sendo o filho totalmente indesejado e inoportuno, e mesmo que isso te estrague todas as possibilidades de te realizares na vida, não fazes um aborto e arcas com todas as responsabilidades. Mesmo que te desapareça o futuro brilhante sempre sonhado. Essa será sempre a posição de quem julga a vida de um embrião mais importante do que a da mãe.
    Eu, por exemplo, não sei se faria um aborto. Cada um tem a sua sensibilidade própria quanto ao assunto.
    Simplesmente não me acho no direito de decidir por outrém. E prezo mais os direitos de alguém nascido e já com uma vida do que de um embrião.

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  15. Aborto?? Referendo??? Mas será que a maioria sabe o que é um aborto sequer???E um referendo sabe??

    E qto ao Salazar, eles não querem acreditar, mas se fizesse um referendo em que o povo votaria pela volta do Ministro...ah, quase de certeza que ganhava o SIM!!
    Ainda oiço dizer que 'no tempo do Salazar é que era bom!!'

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  16. Baducha, é óbvio que não é só por causa do aborto que penso que Salazar se ajustava às mentalidades da generalidade dos portugueses. Mas este debate veio reforçar a ideia de quanto somos atrasados.
    Pelo menos continuamos a par com a Polónia, esse estado tão avançado que pensa banir o Darwin das escolas e ensinar o Adão e Eva como resposta à criação e que refere Deus na constituição.

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  17. Luna,

    Nesta "discussão" estou do seu lado. Agora, deixe que lhe diga que gostaria de ver esse mesmo raciocinio, em defesa da liberdade de escolha, aplicado nos mais diversos sectores da sociedade actual. Se meditar bem logo verá a contradição entre a defesa da liberdade, e os principios ideologicos de esquerda que defende.

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  18. Ainda não tomei decisão quanto ao destino do meu voto no próximo referendo sobre a despenalização da IVG. Na dúvida, e tenho muitas dúvidas em relação a esta questão, votarei não.
    Admiro-me é com a facilidade e grau de certeza com que se discute a questão do aborto, e espanto-me como a maioria das pessoas adere definitivamente a uma posição, seja ela qual for, tão despreocupadamente. E da certeza numa questão para a intolerância é um pequeno passo. Trata-se o aborto como se fosse uma coisa de per si evidente, como se fosse o Pai Natal ou o declínio da pesca do atum ao largo da Madeira.
    Mas o que me enerva mais, não só na discussão do aborto como em qualquer outro debate, é a constante chamada à baila de Salazar. É a pedra de toque no discurso de qualquer esquerdista, feminista, ambientalista, vegetarianista (?) e mais o catano. É típico: não tendo mais argumentos ou não querendo debater mais, lança-se o papão Salazar! Porra! O homem já morreu, já lhe cantaram não sei quantas missas de requiem, mas ele teima em voltar à baila... Fosse no tempo desse senhor e nem debater podíamos...

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  19. E mais, se o não ganhar, ganha não por mérito próprio, mas por desmérito dos que apoiam o sim. É que com os seus discursos afugentam qualquer um. Com discursos assim depois não se queixem...

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  20. Caro Puma:
    Não sou filiada em nenhum partido e nunca o seria: acredito demasiado na liberdade de escolha a todos os níveis para deixar formatar as minhas opiniões segundo a corrente de pensamento de um partido. Sou de esquerda, sim, mas liberal.
    Aliás, acho que o aborto nem deveria ser uma questão política mas de consciência.

    Ega:
    Não é por se defender o não na questão do aborto que disse o que disse. É uma convicção mais profunda do que isso. No entanto, ao assistir ao Prós e Contras desta semana reforcei essa convicção ao ouvir o tipo de argumentos e opiniões expressas.
    Quanto ao resto, como disse, fechei a discussão: é um assunto demasiado pessoal e sensível para argumentar com quem não conheço de lado nenhum e que parte de pressupostos diferentes dos meus.
    E é impossível entabular uma discussão saudável quando as premissas de partida são opostas.
    Eu acredito no direito à escolha da mulher e ponho a sua vida à frente da do embrião. Não é possível chegar a acordo com quem pensa exactamente o contrário e põe o direito à vida do embrião acima do direito de escolha da mulher. Passar bem.

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  21. Vou escrever um post sobre isto! Estou contigo!!!

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  22. Eu não vou votar: sou homem.

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  23. Luna,

    Não me lembro de em nenhum momento ter referido no meu comentário que a Luna pertencia a um qualquer partido politico. Apenas disse, e reafirmo que a proposito da discussão do aborto, e tendo em conta que defende a liberdade de escolha neste caso concreto, que gostaria de ver no futuro a mesma lógica de reciocinio. Ora, não esquecendo a sua "tendência" esquerdista assumida e patente em diversos post, torna-se complicado não cair em contradição!

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  24. Caro puma
    tendo em conta que este blog não é de todo político, e, à excepção do tema aborto, que na minha opinião nem o deveria ser, não vejo que outros temas tenha abordado onde deixasse transparecer as minhas ideologias de esquerda, aparte um ou outro post onde tenha afirmado ser de esquerda (o que por si só não diz nada).
    De modo que realmente não percebo onde será que devo usar a minha racionalidade de forma a manter a coerência no futuro.

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  25. Achas que o não vai ganhar? Eu parece-me que como o não ganhou da outra vez por "falta de comparência" dos sins, desta vez oiço toda a gente dizer que vai mesmo votar!

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  26. Bom, só agora li os outros comentários e, se me é permitido dar a minha humilde opinião.....

    1. Eu às vezes também tenho uma certa raivazinha ao povinho português, aos isaltinos e às fátimas felgueiras eleitas peloo tal povinho, aos políticos que temos e que são o reflexo da nossa bela sociedade. Mas Portugal nem é dos sítios piores, especialmente em relação à Europa evoluída... não estamos assim tão mal!

    2. Não acho que sejamos todos totós nem palermas nem que o Salazar voltaria de certeza! Não acho que o povo seja tacanha, acho-nos bastante solidários uns com os outros. Acho é que existe uma barafunda generalizada e é sempre um sacrifício tomar uma decisão! Imaginem um grupo de portugueses a decidir onde ir jantar fora: demoramos uma horaaaaa aos berros uns com os outros até que nos façamos entender! Nos assuntos sérios funciona um pouco assim. Há pouca falta de bom senso e muito de "deixa andar". Despenalizado ou não, legal ou ilegal, o aborto é feito: "por isso deixa andar"!

    3. Se o "sim" ganhar não me parece que o nº de abortos aumente!!!! Aliás, até pq ninguém faz ideia do nº que agora é praticado. Eu acho que tem que ser igualmente esclarecido aos defensores de "não", que já existem abortos legais no nosso país: não existe é para toda a gente!!!!! OU seja, já é possível nos cassos de má formação do feto, risco de vida para a mãe... etc. Basta ajustar a estrutura, fornecer apoio psicológico (muito importante, eu acho) e as mulheres deixarão de ter que o fazer no vão da escada (ou nas clínicas, clandestinamente!!!!). Eu não quero é esta cambada de gulosos que existe por aí fora a ganhar dinheiro com a vida dos outros. É quase como uma fuga ao fisco.

    4. Outra coisa, e isto é ignorância minha, ou falta de vontade para me mexer. Mas eu ainda não vi ninguém a explicar tintim por tintim como o sistema passaria a ser (onde é que uma pessoa teria que se dirigir e como é o procedimento cirurgico), o que é um embrião com não sei quantas semanas, qual é a diferença entre ter mais ou menos uma semana, como é que são as leis nos outros países da UE (qtas semana, que casos, há que tipo de apoio....).... Debate sério, meus amigos, não é mulheres aos berros a bater com a mão no peito: eu faço e fiz e aconteço; e tendo como resposta: sua esta sua aquela eu não faço não sei quê! Isto não é debate nenhum! Ou seja, somos um pouco treinadores de bancada ou plateia do programa da amiga olga e estamos aos berros: sim e não; e ninguém justifica o porquê! A informação é a mais poderosa das armas!

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  27. Eu cá acho que o aborto deveria ser permitido até aos 18 anos de vida do feto.

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