17 de janeiro de 2007

O Aborto discutido a sério

Entrevista Vasco Freire - Associação Médicos pela Escolha

MLS: Nas vossas sessões de esclarecimento, nos vossos debates, quando se discute a questão da Vida Humana de um ponto de vista científico, como é o caso, onde é que entra o Direito de uma Criança a ser Desejada e o Direito à Vida? Sei que talvez seja um pouco complicado, mas qual é a sua opinião?
VF: A questão da Vida é sempre a mais polémica nestes debates sobre a questão da IVG (Interrupção Voluntária da Gravidez). A Vida, do ponto de vista científico, que é o que nos interessa (porque a Vida pode ser discutida do ponto de vista jurídico, do ponto de vista filosófico, …) é um processo contínuo. Nós não conseguimos definir cientificamente quando é que se inicia a Vida. Por outro lado, sabemos que a Vida Humana não existe antes das doze semanas, porque não há um desenvolvimento do sistema nervoso central que permita isso. Eu acho que quando nós pensamos em Vida Humana, pensamos num feto muito mais desenvolvido do que um feto com doze semanas e pensamos, principalmente eu como médico, porque acho que tenho essa obrigação e esse dever, numa mulher que está a passar por uma escolha difícil, e que eu devo, como médico, como profissional de saúde, ajudar.

4 comentários:

  1. Tanta gente que diz que aqueles feijões são pessoas e ninguém se preocupa com os milhões de espermatozóides que tiveram que morrer no caminho, à nossa vinda. É uma tragédia.
    Falando a sério, gostava que essa entrevista tivesse sido feita por alguém mais imparcial, mas presumo que corresponda à verdade científica de alguma forma. Com tanta desinformação e demagogismo da parte do Não às vezes é díficil alguém como eu, que vai votar pela primeira vez, se sinta propriamente informado.

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  2. Creio que a resposta foi dada ao contrário: Cientificamente a vida humana começa no momento da concepção, nesse instante (cientificamente) começa a vida humana. A questão seguinte é que é filosófica e religiosa. O que é a vida?! Â filosofia e a religião poderão responder... Para lá da ciência vem a discussão filosófica e religiosa.
    A ciência não pode dizer que a vida não é, não existe a partir do momento concepção...(a biologia, por exemplo. Para a biologia um ser uniceluar é uma vida, muito mais um zigoto!)
    (Se quiser uma resposta filosófica entre em http://www.jlvianasilva.blogs.sapo.pt e procure crónicas.)

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  3. Isto no fim até acaba por ser comparável às discussões daqueles velhos dos marretas... As posições dos movimentos pelo sim e pelo não estão tão cerradas, que só vejo uma consequência... Esclarecimento nulo. Se a malta dos movimentos pro e contra despenalização da IVG aqui do rectângulo se virasse para o islão, nem o próprio Maomé se safava de uma jihadzinha de vez em quando.
    Vejo demasiada hipocrisia, e isso entristece-me. Tanta gente a defender tanta coisa... das bases do problema é que ninguém fala! E para mim a base do problema é a educação.

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  4. Caro Viana Silva
    Uma das coisas que me fazem "espécie" é a mania dos formados na área das humanidades darem lições ao pessoal de ciências muito convencidos que sabem mais.
    Eu sei, e o médico entrevistado com certeza também sabe, que uma célula é um ser vivo (ou parte dele). Assim só por acaso, eu trabalho com células: tanto E. coli como CHO (bactérias e animais).
    Por isso sim: a vida começa na fecundação. Mas que vida? Uma célula isolada é vida, um cancro é vida, uma mosca é vida. A vida só por si vale pouco, e é por isso que se fala em vida humana.
    Onde começa o ser humano, como nós o vemos?
    Para mim começa quando tem consciência de si próprio, o que implica, no mínimo, a existência de sistema nervoso central. Antes disso não passa de um conjunto de células.
    Por exemplo, uma pessoa - atenção, falo de uma pessoa mesmo e não de um ser com 3 cm - que tenha morte cerebral, é considerada morta, mesmo continuando viva. Tiram-lhe órgãos para transplante, e no fim, podem desligar as máquinas que a mantêm viva.
    De modo que o que está em causa não é o "ser vivo" mas o "ser humano", que creio não existir às 10 semanas, tal como o médico entrevistado.
    Claro que os defensores do não pensam de forma diferente, mas aí entra-se na zona da fé e incoerência e nem vale a pena discutir.

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