28 de janeiro de 2007

O essencial é isto

Ontem, enquanto debatia a questão do aborto mais uma vez com um amigo indeciso percebi finalmente porque é que é um assunto que levo tão a peito. Tenho amigas que já abortaram. Gostava, em primeiro lugar, que não tivessem tido de abortar, e em segundo, que não o tivessem tido de fazer da forma como fizeram.
E aqui está a questão essencial e que me toca cá dentro, pensar que amigos, pessoas de quem gosto e que gostam de mim prefeririam que eu recorresse a uma parteira em vez de a um médico se um dia tivesse de abortar.
Isso mesmo, com o vosso Não estão a mandar-me à parteira do pauzinho de videira e dói-me que queiram isso para mim. E ao falar de mim falo das vossas mães, irmãs, amigas, mulheres, filhas. E é por isso que o aborto para mim é uma questão pessoal.

9 comentários:

  1. O meu último post é dedicado a ti!!!

    Liliana

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  2. Tenho seguido com interesse os teus posts sobre o referendo. Sobre este que acabaste de escrever, gostaria de te dizer o seginte:
    1 - Não creio que algum dos teus amigos prefira que recorras a uma parteira e ao raminho de videira. Desculpa, mas não acredito. Se são teus amigos (e msmo que o não fossem) e se estão no seu pefeito juízo, é evidente que preferirão que vás a um médico.
    2 - No caso de teres uma gravidez não desejada (o que acredito que possa acontecer apesar dos conhecimentos que certamente tens para evitar a gravidez e dos inúmeros métodos contraceptivos disponíveis) tenho a certeza que acabarás sempre por encontrar na lei um espaço onde caiba a possibilida de abortares legalmente e em segurança. É que não consigo mesmo perceber como não conseguir fazê-lo no enquadramento da lei em vigor.
    3 - Eu sei que, se quiseres, poderás ter 1000 argumentos e exemplos relativamente ao que estou a comentar, mas é preciso contextualizar as coisas, dar-lhes uma dimensão da sociedade (do ponto de vista económico, político e cultural)e procurar soluções abrangentes. Sem ferir valores fundamentais. Como a vida, por exemplo.

    Beijinho para ti. Não te sintas compelida a responder, sei que dificilmente concordarás comigo. Beijinho outra vez. E sabes? Aprecio a tua fibra quando lutas pelas causas em que acreditas. Mesmo quando discordo, como é, manifestamente, o caso.

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  3. Espumante
    obviamente o problema nunca se poria a mim, mas não pelos motivos que dizes.
    A lei não me permitiria abortar em segurança a não ser que eu tivesse sido violada, corresse risco de vida ou o feto fosse deficiente. E eu acredito que existem razões além dessas para abortar.
    A única razão porque eu nunca passaria por tal coisa é a certeza que o faria em Espanha, como qualquer pessoa com algum conforto económico, porque o meu pai não deixaria jamais que eu recorresse ao aborto clandestino pondo em risco a minha vida.
    Como penso que não deixarias a tua filha. E como os meus amigos não deixariam a mim.
    Só que é difícil imaginar que as outras dos números e das notícias do jornal são as nossas filhas, ou as nossas amigas.
    E por isso, e desculpa-me a franqueza, estás a condenar-me ao aborto clandestino ao votar Não, ainda que eu não pense nunca abortar e não tenha necessidade de a ele recorrer por razões económicas.

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  4. Um post muito bom que reflecte alguns dos motivos porque também digo que SIM.

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  5. O problema é o mesmo de sempre, a velha máxima do: 'só acontece aos outros' (neste caso, a quem não conhecemos). Basta de hipocrisias, chega de virar a cara para o lado e fingir que não vemos. Quem usa os argumentos de que vota 'não' porque é pró vida e blá, blá, blá, só tem de pensar que os abortos já existem, já são feitos! E nas condições que sabemos. Como disse Paula Teixeira da Cruz: 'Votar não só remete o aborto para a clandestinidade'. Por isso é que me irrita.

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  6. :)
    pior!! estão a condenar "à parteira do pauzinho de videira" (onde vc leu?) quem não tem amigos q lhe possa emprestar um maço de euros!

    CS

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  7. Concordo plenamente contigo. Acho triste que tanta gente queira condenar as mulheres a passar por situações tão desagradáveis de forma tão leviana.

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  8. Eu acho que são sempre essas desculpas esfarrapadas que se dão quando se discute estas coisas.
    E quem disse que depois tenho dinheiro para pagar os empréstimos.
    Se os amigos preferem que eu vá a um médico, porque é que votam para que eu não vá.

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  9. O que eu desejo com o meu Não não é mandar-te à parteira, mas sim que sejam criadas as condições para que não tenhas de abortar.

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