Eu gostava de ser a favor do não, a sério, era muito mais fácil. Toda a conjuntura do não é tão mais bonita, com os seus passarinhos e borboletas e cores pastel e criancinhas loiras com lacinhos cor-de-rosa nos caracóis dourados e suas mãezinhas de 12 anos também com lacinhos cor-de-rosa e ar de felicidade enquanto confessam enlevadas que têm saudades de ir brincar com os amigos como dantes, e frases de defesa da vida e do milagre que ela é, e vamos fazer amigos entre os animais - desculpem, entusiasmei-me - e arco-íris, e fotos das mamas da monica bellucci a amamentar - again, sorry - e representações da virgem com o menino e mais as lágrimas pelos não gemidos e rituais de sagração da maternidade, que lindo. É uma posição muito mais confortável. Até porque os defensores do não são, no máximo, chamados de hipócritas - pronto, e atrasados mentais também - mas de qualquer forma é bem menos desagradável que ser constantemente apelidado de assassino de criancinhas.
E haviam de me ver, se eu fosse do não. Papava-os todos com uma argumentação tão pró-vida que até os do movimento me acusariam de fundamentalista. Começava logo por declarar o direito inviolável à vida desde o momento da fecundação, direito esse de tal forma sagrado que nem em casos de violação de miúdas de 10 anos se poderia discutir. Deficientes: tanto direito como os restantes, ou andamos aí a matar deficientes na rua? Não, pois não? Então, nem que tivesse apenas 3 células: é uma pessoa, tem que nascer. E as mulheres infanticidas: cadeia com elas! Acho que até sugeriria a restauração da pena de morte só para condenar as tipas, se bem que isto soaria um pouco contraditório no meio das borboletinhas e mensagens pró-vida, mas há países onde esta é a pena para os assassinos, não é? Pena de morte. Trau. Forca com elas! O que eu me divertiria a defender o não... Acho que ainda mais que a Mafalda!
É mesmo uma pena eu preocupar-me a sério com a vida real das nossas mulheres, era muito mais giro da outra forma.
Tenho vindo ultimamente por cá só para ler os teus artigos do SIM, gosto da frontalidade e clareza das ideias.
ResponderEliminarInfelizmente tem havido cada vez mais hiprocisia com os movimentos do não, parece que até já não posso fazer um coito interruptus, pois já é considerado um aborto em massa...
Boa continuação
Já não há pachorra... É com cada argumento que já tive quase a distribuir uns estalos! Sim porque perguntaram-me qual era o meu sentido de voto e quando eu disse que ia votar sim, grita uma madame histérica: 'Faz muito mal!!!' Tanta hipocrisia e tanta moralidade e só tenho visto mesquinhez e idiotice da parte dos defensores do não. Irrita-me, irrita-me, irrita-me, irrita-me!!!!
ResponderEliminarGostei especialmente deste seu post!
ResponderEliminarDesculpe. Defende o "Sim" a quê?
ResponderEliminarAnónimo: de canas a concelho. É disto que se tem estado a falar não é?
ResponderEliminarGostei bastante aqui do estaminé. Dos posts por que passei os olhos na diagonal acabei por ler este com mais atenção. No âmbito da tua argumentação, acho que devo acrescentar o seguinte a favor do NÃO:
ResponderEliminarEntão e os espermatozoidezinhos, hã? Também são seres vivos! Ou seres unicelulares não contam? Os unicelulares também têm direito à vida! Mais do que votar NÃO vamos incluir o acto de masturbação masculina no foro criminal! Próximo passo: fazer um site para impressionar a populaça com milhares de cartinhas imaginárias escritas pelos espermatozóides: "Pai, estava eu refastelado no quentinho dos interior dos teus tomates quando senti algo. Algo estranho. De repente vi-me impelido para a frente e eis senão quando mando uma violenta cabeçada num bidé. Pai, eu que queria tanto ter sido técnico de contas...".
Enfim...
Parabéns pelo blogue! Já está nos favoritos.