29 de janeiro de 2007

What you see is what you get

Sou perita na arte de auto-sabotagem. Não sei se por defesa ou apenas porque sim e não há volta a dar-lhe, a verdade é que saboto constantemente os inícios de hipoteticas relações que poderiam dar em qualquer coisa mas nunca saberemos porque eu fiz questão de estragar. Assim que noto um interesse especial assente em fantasias irrealistas quanto às minhas virtudes, arranjo maneira de o testar, aumentando exponencialmente o defeito que julgo mais incomodar o tipo e sento-me à espera. Passo-me por mais arrogante, mais burra ou mais fútil do que realmente sou, consoante a imagem que me parece ter sido construída na sua cabeça. A maioria desaparece sem deixar rasto.
Começo por fazê-lo de forma inconsciente embora acabe por tomar consciência de que o estou a fazer, muitas vezes demasiado tarde. Vim a saber que a minha mãe fazia o mesmo, começava por mostrar os seus piores defeitos. Exponho de forma brutal os defeitos físicos, as cicatrizes, as inseguranças todas sem deixar escapar o retrato de adolescente trinca espinhas sem mamas com aparelho nos dentes e óculos. Outras vezes apenas me embebedo e vomito, o que também é bastante eficaz. Disse-me uma vez um amigo, que ao fazê-lo, é difícil olhar para mim e não me ver com os óculos e o aparelho que já não uso ou com a cabeça enfiada numa retrete. That's the point. Quem gostar de mim pelo meu pior merece então conhecer o melhor.

21 comentários:

  1. Tinha um raciocínio todo catita para escrever aki, mas acho que não te conheço bem o suficiente para ele ter hipóteses de estar certo e merecer sair da minha caixa de ideias. Sabes que mais, desde que a tua atitude não te cause arrependimento, não te prejudica. E é como tu dizes - se a pessoa suportar o teu pior... estás safa!

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  2. E que tal: quem se interessar pelo meu melhor e mostrar merecer poderá conhecer o meu pior? Concordo plenamente quando que dizes quem quem gostar de ti conhecendo o teu o pior merecerá conhecer o teu melhor. Mas já pensaste que, tal como o melhor, o pior pode ser demasiado íntimo? Não por querer esconder os defeitos, nada disso. Mas tendo eles capacidade para caracterizar uma parte de ti, ao expores todos os teus defeitos acabarás por te expor também... e acho que não me estou a expicar nada bem.
    Realmente quem gostar do pior merece o melhor.
    Olha, vê lá é se um dia apanhas um que adore os teus defeitos e quando conhecer o melhor de ti ache que não vela a pena..(brincadeira...)

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  3. Problematica interessante. Nao concordo com o alguem ter que gostar das partes mas. Ninguem gosta normalmente das partes mas, aprende-se a viver com elas e todas as pessoas as tem. Claro que as partes mas de uns sao as partes adoraveis de outros, mas ninguem vai genuinamente gostar de todas as partes mas de uma pessoa! No more make-up sex? :-p Ich don't think so.

    Por outro lado, quando te passas por mais x ou y, nao estas a mostrar os teus defeitos, estas na realidade a fazer-te passar por mais x ou y. Diferente.

    Eu percebo parte do que fazes e do que sentes em relacao a isso porque tb faco parte disso e na realidade, todos nos fazemos por vezes. A realidade e' que muitas vezes isso e' uma forma inconsciente de nos protegermos de algo que na realidade nao queremos. Por outro lado, a verdade e' que tambem e' um bom processo selectivo.

    E' preciso e' ter nocao que a seleccao convem ser feita com equilibrio e nao pelo excesso. Fica a dica. :-)

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  4. O que escrevi só pode ser entendido por quem me conhece bem e já me censurou por o que acabo de dizer, ainda que não entre em análises profundas à sua causa. Simplesmente já não tenho paciência nem idade para me fingir perfeita, tentar parecer sempre correcta e composta, ter sempre conversas interessantíssimas de alto teor intelectual e muito menos esconder os meus defeitos.
    E tenho muitos mesmo.

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  5. P.S. Eu não mostro só as partes más, mas faço questão de que as vejam.

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  6. A insegurança revela-se das formas mais estranhas...

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  7. Junta-te ao clube. Recentemente, até tive uma experiência em que o visado até insistiu, coisa rara. Desistiu da sua cruzada de até aturar os meus defeitos ao fim de um mês. E sim cheguei à tua conclusão, se gostar do meu pior são apenas vãs palavras, não merece mesmo conhecer o meu melhor.

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  8. Acho uma estratégia inteligente, porque é no equilibrio de todas essas coisas que um interesse, seja ele de que cariz for, se justifica perante si mesmo. Como alguém diz, e muito bem, fazer análises sem conhecer a pessoa pode pecar por várias coisas, mas se há coisa que me parece familiar é o facto de que a "intimidação"funciona como passador. Se não se vir o que interessa, não serão os tais defeitos que justificarão o afastamento. Quem vir algo, vê no meio de tudo, e isso é o que importa. Os lados lunares, quando extremos, apagam o lado solar, e não me parece de todo ser esse o caso :)

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  9. Baaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhh

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  10. Como te compreendo.
    Eu evito vomitar - até porque não gosto mesmo da sensação. De resto, concordo com a postura: quem cá fica vale a pena.

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  11. O vómito, hoje em dia, já não é método de selecção.
    Na próxima experimentem cuspir na boca de outra pessoa. Como no filme Ken Park. Isso sim, é para poucos. E garanto-vos que há quem passe esse duro teste.

    A verdade é que fazemos de tudo para nos verem como diferentes. Mas isso é bom, não é?...

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  12. És uma verdadeira Cinderela pós-moderna: não só evitas perder o sapatinho depois da meia-noite como o vomitas todo.

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  13. Lolololo ! Genial! Chega de auto-comiseração, de "sou tão querida, porque é que ninguém me pega?".´Também acho que vou adoptar a tua política de derramar defeitos. Sem a parte do vómito, por supuesto.

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  14. eu n li estes comentários, mas revi-me completamente no teu post, e sou, tb, completamente assim. a sensação que fica por vezes não é a melhor, mas antes cedo que tarde. :)

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  15. Quem sabe o que é bom e o que é mau não é? Para ti o que é bom para o outro pode ser mau e vice-versa. Queres um conselho? Mostra-te como és e faz os possíveis para seres o melhor que conseguires. Essa coisa dos defeitos é treta. Ó Luna estás a cair um bocado nas frases feitas...

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  16. Anónimo:
    e se estiver? qual o problema? não ganho dinheiro com isto nem tenho pretensões literárias, pelo que, à partida, até posso não cair em nada e deixar de escrever que ninguém tem nada a ver com isso. Muito menos quando nem sequer assina.

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  17. Tás a ver? O problema é esse ficas muito menos interessante quando escreves frases feitas mascaradas de orgulho. E se ganhasses dinheiro com aquilo que escreves dizia-te o mesmo e se tivesses pretensões literárias também. O que é facto é que as frases feitas são sempre sinal de que algo de mais profundo não está na escrita. E isso é inédito em ti cara Luna.
    Já agora, sou anónimo porque me apetece, tal como tu, que creio, não te chamas Luna, pois não? OU queres um pseudónimo bonito...?

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  18. Caro/a anónimo:
    Não, não me chamo Luna, mas qualquer pessoa que me leia há um poucochinho de tempo sabe como me chamo. O meu nome verdadeiro foi já referido neste blogue e em vários outros.
    Acontece que não gosto de assinar com iniciais e não me apeteceu usar o primeiro nome como nickname. No entanto, esse nickname permite que me identifiquem como a pessoa que escreve neste blogue e não noutro, o que não é possível anonimamente.
    Quanto às frases feitas, tirando a do título, não sei de onde copiei as restantes, a verdade é que nunca as tinha ouvido antes. Mas devo ser eu que ando distraída.

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  19. Luna,

    Compreendo o teu sentimento de que se alguem nao ve em ti beleza (lato sensu) suficiente para ultrapassar os teus defeitos e imperfeicoes, entao nao merece a macada... no entanto, e por outro lado... ha tanto bicho por ai e as pessoas, infelizmente, ja estao tao queimadas que se SO mostras mesmo o teu "lado lunar", nao estas a ser justa e verdadeira e podes deixar a felicidade passar-te ao lado... ninguem e perfeito nem ninguem tem so defeitos. Se te revalares como es, so tens a ganhar...

    Quanto ao anonimo, parece-me que as frases feitas tornaram-se assim por terem algo subjacente em que muitos se reviram... so assim se tornaram o que sao. Pelo facto de se perfilhar ao lado de um chavao (que nao vejo ser o caso), nao nos tornamos nos proprios um. Digo eu, correndo o risco de ser acusada de tambem ter pretensoes...

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  20. Eu sou tal e qual ("já viste que tenho um osso torto aqui na mão?"). Mas já não há mesmo paciência para fingir...

    Palavras de alguém que já vinha ao blog antes da propaganda da Pipoca :)

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