5 de fevereiro de 2007

Atada

Sou frequentemente apelidada de atada, ainda que com carinho. Que não aproveito, que perco oportunidades. Porque é que conversar com um homem bonito não pode somente significar conversar com um homem que, por acaso, é bonito, mas ter de servir como meio para um último fim, fim esse que não pode ser outro que saltar à espinha do dito homem bonito só porque o é? Por não ter atingido ainda a quota de quecas considerada normal para uma mulher não totalmente feia, não totalmente burra e não totalmente desprovida de graça?
Além disso, nada mais monótono do que um homem bonito. A não ser que nunca tenha tomado a consciência de o ser. Nunca me interessei por homens bonitos, ou cuja beleza fosse consensual, e os homens bonitos no geral também nunca me ligaram nenhuma, com excepção do alemão de metro e noventa com os olhos azuis mais bonitos que já vi a quem o protótipo pequenina moreninha de mau feitio encaixava que nem uma luva no imaginário da mulher latina conjuntamente com o sentimento de protecção que pareço despertar nos homens grandes, de modo que por norma me parece uma enorme perda de tempo tentar competir com a loira 38 copa C que já não se lembra bem do abecedário de cor mas que faz um par tão mais apelativo. É por esta altura do discurso que me costumam atacar com a insegurança e falta de amor próprio. E eu penso o contrário. Talvez seja amor próprio demais. E se eu já me habituei a que a minha vida sexual seja mais enfadonha que a de uma freira, porque é que o resto do mundo ainda não?

5 comentários:

  1. Porque é que, invariavelmente, se utiliza este exemplo de loiras voluptuosas com falta de cérebro? Porque é que isso também se aplica aos homens?
    Não fazendo parte desse subtipo de homens (os consensualmente bonitos)não acho que estes exemplos sejam os melhores.
    Sempre me safei bem com as mulheres. Tive sorte. Tive a sorte de elas terem dado alguma abertura para eu poder mostrar o que sou, como sou. Nunca me safei por ser consensualmente bonito. Não ser feio ajuda. Ter conversas sobre temas interessantes, com discurso fluente foi sempre a minha sorte. Talvez tenha a sorte de me interessar por muitos assuntos.
    Tudo isto para dizer que as quecas são a consequência do que somos e do que nos deixam ser, no momento certo. Somos tanto mais interessantes ou tanto menos interessantes quanto mais tempo de antena tivermos com as pessoas que nos interessam.
    Daí as minhas visitas diárias a este blog, quanto mais vezes cá venho mais interessante o acho.
    Mike (nodagravata.blogspot.com)

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  2. És daquelas pessoas que diz: "não consigo dizer se os meus amigos são bonitos; são irmãos para mim"?
    Se não és e se estás a falar/interagir com alguém atraente, porque não hás-de pensar em sexo ("afectos de natureza física")?

    "... nada mais monótono do que um homem bonito. A não ser que nunca tenha tomado a consciência de o ser."
    Eu não sei que sou bonito.

    "Talvez seja amor próprio demais."
    O que é tão grave defeito como a falta dele. Mas nisto estamos em sintonia; não te posso censurar (mais).

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  3. Ó Luna, és uma graça.
    Eu também sofro de amor próprio em demasia, mas acho que é esta particularidade que nos dá encanto.
    E também não gosto de homens bonitos.

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  4. A castidade expande a mente, querida!
    (e a minha anda cá com uma destas expansões!).
    Solidária. Arrependi-me de mais quecas que dei do que das que não dei. Fica com o ensinamento de quem tem idade para ser tua mãe... :)

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