1 de fevereiro de 2007

Expliquem-me como se eu fosse muito burra

Uma das coisas que me tem feito bastante confusão na questão do aborto é a separação entre direita e esquerda em termos de opinião. Ora, dentro dos meus fracos conhecimentos políticos, sempre tive como certo que a maior diferença entre ambos os lados é a forma como olham a sociedade: a esquerda acreditando num mundo perfeito e por vezes perseguindo ideais irrealistas de convivência social, enquanto a direita se apoia na realidade do mundo, com seus defeitos, contando com o egoísmo natural do ser humano para regular a sociedade, numa atitude muito mais pragmática.
E é aqui que me parece residir a enorme incoerência, na incapacidade da direita de ver o mundo real, fechando os olhos aos números e estatísticas e assentando toda a sua argumentação em respostas utópicas dignas de um sistema socialista: o estado como pai tomando à sua responsabilidade a resolução de todos os problemas sociais e a subsistência do indivíduo em condições dignas apoiando os mais desfavorecidos. Eu até defendo isso, mas eu sou de esquerda! O que me parece é que nesta questão há como uma troca de lados, sendo os argumentos usados por cada um os opostos aos usados nas restantes situações. A esquerda virou pragmática, a direita utópica.

5 comentários:

  1. "A esquerda virou pragmática, a direita utópica."

    Da execução da economia à filosofia... Serão estas as linhas directoras do séc. XXI?

    Poder chamar utópico ou sonhador a um indivíduo de direita vai saber bem

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  2. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  3. E não esquecendo:

    "Uma carta para a minha mãe", D. Assassinni, Edições Deus Tenebroso, 2007 (Edição revista e anotada por Luna Máxima) está simplesmente brutal!

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  4. Eu continuo bastante pragmático. E penso que a direita a que te referes é a das pessoas que aceitam dogmas e confundem isso com fé.
    A minha posição sobre o assunto é clara - não sou a favor do aborto. Mas e daí quem sou eu para limitar as escolhas das outras pessoas?

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  5. Izz:

    O apelo a um voto desfavorável no referendo feito por pessoas de direita, que reflete uma visão utópica da realidade social não é o único sinal de utopia na direita, nem é local... Repara nas intervenções de cariz económico levadas a cabo pela administração W.Bush, nos EUA.
    Quanto à primeira premissa da tua posição, será ela quase universal -virtualmente ninguém é favorável ao aborto.

    Luna:

    Esta ideia do utopismo de direita dá pano para mangas. Estás a tornar-te uma virtuosa em Teoria Política...

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