Exibicionismo

Há uma coisinha que eu gostava muito de perguntar às pessoas que andam sempre a passarinhar-se todas nuas de um lado para o outro nos balneários do ginásio como se estivessem em casa e que é exactamente se costumam andar assim em casa. Epá, é que eu não. Pronto, bem sei que sempre fui assim a atirar para o pudicazinha, mas tirando enquanto me estou a vestir e despir, tento andar compostinha no meio de gente que não conheço de lado nenhum e nunca vi mais gorda. E pior, nem mais magra. E não é por puritanismo, mas custa muito enrolar a toalhinha à volta quando se vem do chuveiro, custa? Tenho mesmo que levar com as maminhas a dar a dar umas das outras? É feio, esteticamente incomoda-me, e se umas me fazem sentir a miss universo, outras há que me dão vontade de tomar uma caixinha de benurons e cortar os pulsinhos a seguir. E eu vivia melhor sem isso, a sério que vivia. Como vivia muito melhor sem ter visto as mamas de silicone da vizinha do lado, que só podiam ser de silicone porque nunca vi mamas mais esquisitas, assim como umas bolas muito separadas e para cima, um horror.
E isso leva-me a mamas de silicone. Confesso que sou um bocado preconceituosa relativamente à silicone. Tirando em casos em que exista manifesta necessidade, claro. E embora ache que toda a gente deva fazer o que puder para se sentir bem com o seu corpo e elevar a auto-estima, duvido muito que sejam umas mamas de silicone que irão resolver o problema da falta de amor próprio. Além disso, faz-me uma certa confusão que alguém, de livre e espontânea vontade, se submeta a uma cirurgia sem precisar mesmo, juro que faz. Até porque uma operação ao peito não é pêra doce mesmo que pouco invasiva e no mínimo passa-se duas ou três semanas de merda a seguir, fora todo o longo processo de cicatrização interna e externa. Tudo para ficar com umas bolas que parecem boiar sob a pele e só ficam mesmo bem apertadas num soutien up e decote pronunciado. Faz-se mais pela publicidade que pelo produto propriamente dito, mas cada um sabe de si e lá saberá o que é mais importante.
Eu, que só tive mamas a partir dos 24 anos, estou muito bem com o meu trinta e quatrozinho e não pretendo mudar. Bem como pretendo continuar a enrolar a toalha no caminho para o duche.