Estava aqui a pensar e cheguei à conclusão de que é preciso ser-se mesmo muito burra para se ficar contente em participar num programa onde o pré-requisito para ser seleccionada é mesmo ser muito burra.
P.S. Soube ainda há pouco que outra das figuras que aquelas almas não conseguiram reconhecer foi Fidel Castro.
P.S. Soube ainda há pouco que outra das figuras que aquelas almas não conseguiram reconhecer foi Fidel Castro.
Pois, também pensei nisso ontem! Temos ali bons espécimes de pessoas com vidas perdidas, desesperadamente necessitadas de um produtor que se aproveite da sua néscia inocência! E sabes que mais? Talvez não vão a lado nenhum a partir dali, temos exemplos passados disso mesmo. Mas ainda vamos ter que gramar com a burrice a entrar-nos pela TV durante algum tempo... =/
ResponderEliminarUm pequeno texto que escrevi no meu estaminé sobre o assunto...
ResponderEliminar“A bela e o mestre” ou o aborrecimento metafísico!
Devo já confessar uma coisa, eu só vejo a TVI por acidente ou quando o Sporting joga… O que no fundo é a mesma coisa. Ainda assim, o mais recente programa de televisão do segundo canal privado em Portugal despertou em mim o bárbaro escondido. Partindo princípio de que os homens portugueses não apreciam mulheres, a TVI decidiu empanturrar-nos com 8 jovens mulheres que foram descritas como “belas e lindas”. Depois de ver o espectáculo, enquanto homem senti-me insultado. Insultado, sim. No fundo, querem fazer crer que são aquelas as mulheres pretendidas, desejadas e que todos os homens querem. Longe, meus amigos. Muito longe. Do outro lado, estavam 8 jovens que nos foram apresentados como sendo “inteligentes e cultos”. Bem, para a TVI e respectiva direcção de programas, um homem inteligente tem que ser fisicamente inapto e um mendicante estético. Não vou aqui discutir o que levou a direcção de programas a escolher aqueles 8 espécimes como representantes da espécie enumerada, mas não posso deixar de realçar que achei curioso o facto de vários dos intervenientes masculinos terem dito que passavam grande parte do seu tempo sozinhos nos respectivos quartos… Parece-me que vamos assistir a uma intelectualidade “fabulada” e a uma cultura “computorizada”…
O pior (ou melhor, dirão os directores da TVI) vem quando estes opostos nos são apresentados como verdadeiros e reais, se bem que o co-apresentador por várias vezes fez questão de realçar que a sua colega apresentadora é bonita e também inteligente… Uma excepção, pois claro! Já o apresentador não se coibiu de dizer, em jeito de graçola lânguida, que ele encarnava perfeitamente a lógica do programa já que era feio e achava que “sabia umas coisitas”…
O programa não tem obviamente importância alguma e é adornado com alguns floreios de humor mais ou menos dissoluto. Para esse tipo de humor em tudo contribuiu, como já referi, o co-apresentador. Então o porquê deste comentário? Bem, felizmente fomos providos de sentido crítico. Às mais pequenas minudências apresentamos críticas ou reparos, então porque não fazê-las a este insignificante programa? É para isso que existe a crítica ou a simples faculdade de cada um poder decidir a que espectáculos quer assistir e aqueles a que, por qualquer razão, não pretende destinar um único segundo da sua atenção. É este o caso.
Pese embora a insignificância do programa enquanto espectáculo, como já dizia Benjamin Franklin, “Quem abdica de uma liberdade essencial em troca de segurança temporária não merece a liberdade nem a segurança.” Serve este aforismo na perfeição para ilustrar o risco associado a sucessivos episódios em que as sociedades ocidentais vão dando sinais de estarem dispostas a baixar os níveis de exigência no que concerne às suas mundividências.
O mais recente palco desta queda sibilina, que dá pelo nome de “A bela e o mestre”, ilustra na perfeição o que Franklin quis dizer. É a busca da glória fácil, da fama rápida que alimenta estes concorrentes. Eles são uma espécie de “Zé Cabra” da televisão. Querem sucesso por não terem talento absolutamente algum.
Só o nome do programa já tem muito que se lhe diga. Todos estes anos de desenvolvimento científico, social e político para voltarmos à bela máxima da “loira burra”. A mulher, qual primata desorientada, tem ali a sua oportunidade de sair do mundo das sombras e de ser guiada pelo seu mestre. E que mestres elas têm pela frente. Ainda não percebi qual é o objectivo do programa. Se calhar, a TVI decidiu deixar cair a máscara e finalmente assumiu que pretende, neste caso, explorar os corpos de 8 jovens mulheres para assim tentar fazer disparar as audiências…
De facto, a beleza e a inteligência, para os criadores deste programa, devem ser pólos opostos ainda que, esperam eles a bem das já referidas audiências, se atraiam, de preferência ao vivo e sem lençóis que impeçam a “cobertura” em directo…
Lembrei-me de Voltaire que pedia a Deus que tornasse ridículos os seus inimigos. Certamente, que nem Voltaire teria pedido tanto…
Rilke dizia que “todas as coisas ressoam a profundidade infinita, todos os elementos se reúnem com o Mundo”, pois bem, neste caso, todos os elementos se reúnem numa atitude negativa, que não promove a criação de qualquer tipo de valores, é o verdadeiro desencantamento do mundo.
Não quero aqui proclamar um dogmatismo ou uma autoridade moral, até por que o sermão é um terreno bastante permeável ao delito de personalidade, mas acho perfeitamente dispensável este tipo de programa. Estamos perante um palco explorador e exploratório da condição humana. Não há vestígio de dignidade naquele espectáculo. Talvez por isso, o co-apresentador tenha realçado, por diversas vezes, a presença de dois professores universitários no júri, para deste modo conferir credibilidade ao formato do programa. Mais um preconceitozinho assumido… Os alunos que vão ser avaliados pelas sumidades universitárias.
Chamemos-lhe o que quisermos. Eu digo que falta sensibilidade. Para além de estarmos perante um verdadeiro marasmo intelectual. Um transplante de mediocridade.
tozé
P.S.- Gosto muito do teu blogue.
É rídiculo. Vá lá, uma delas reconheceu o Paulo Portas. Não se isso é bom ou mau! ;)
ResponderEliminarÉ basicamente um programa idiota, que rebaixa as mulheres com a ideia de que uma mulher bonita tem de ser burra. Ao que as pessoas se submetem para aparecerem na caixinha mágica!
Querem apostar como há lá uma gaja qualquer que até tem 2 palminhos de testa e se faz de burra e estupida só para ganhar uns trocados e um bocadinho de fama instantanea!?
ResponderEliminarQuerem ver que é por estas e por outras que as mulheres bonitas hão de ser sempre vistas como burras e as inteligentes vão ser sempre vistas como feias, inacessiveis e/ou pouco acessiveis...
Não vi. Com grande pena minha (ávido consumidor de tele-lixo).
ResponderEliminarDepois de espreitar ao site do "concurso" (ainda não percebi o objectivo daquilo) vejo que os "Mestres" são alunos a meio de licenciaturas... Isso deve fazer de mim pr'aí... um génio, não?