Ainda a tabela

Tabela feita, you might as well play a little, e usar os filtros para analisar os dados. Não será preciso grande esforço para verificar que os homens se matam muito mais que as mulheres. Pergunto-me quais serão as razões para tal, porque sendo geralmente considerados mais racionais, seria menos provável que cedessem a actos de desespero. Ou fará ela própria, essa malfadada racionalidade, o trabalho sujo arranjando mais justificações e menos razões para ter esperança ou motivos para aguentar? Ou será maior a tolerância das mulheres ao desgosto, que as leva e carregá-lo no peito como fado, resignadas perante a inevitabilidade de uma vida de sofrimento estóico? Será coragem ou cobardia, o acto derradeiro? Não será fácil responder, certamente.

Mas passando à frente, procurando os países onde a taxa é zero para os homens, na escala considerada, descobrimos Antígua e Barbuda, República Dominicana, Honduras, Jordânia, São Cristóvão e Nevis, São Vincente e Granadinas, São Tomé e Príncipe. Ora, o que têm em comum todos estes lugares, à excepção das Honduras e da Jordânia? São ilhas paradisíacas, que tirando São Tomé ficam todas nas Caraíbas, pois claro. Sol, praia, calor, e pouco tempo para angústias existenciais e sentimentos suicidas. Estendendo a lista às mulheres, Bahamas e Seychelles - mais ilhas, que surpresa! -, Síria e Egipto.

Na ponta oposta, o top ten consiste na Lituânia, Rússia, Bielorrússia, Letónia, Ucrânia, Eslovénia, Hungria, Cazaquistão, Estónia e Sri Lanka - Sri Lanka?! - seguidos do Japão e Finlândia - Sri Lanka?! -, e uma série de países do centro/norte da Europa. E o que é que faz na maioria destes países? Frio, um frio do caraças.

Quanto às mulheres, onde se matam mais e no Sri Lanka - Sri Lanka?! - e na Lituânia, acompanhando a tendência masculina, só superando os homens na China e em São Tome e Príncipe - quem diria que um país tão pequeno apareceria aqui duas vezes? -, e igualando no Kuwait - não devem gostar de andar de burka.

E pronto, já brinquei um bocadinho e deixo-vos tirar as próprias conclusões. Confesso que gostaria de acrescentar uma coluna com a temperatura média ou dias de sol por ano, só para ver a relação. A quem esperava que daqui saísse alguma tese inovadora e brilhante, devo dizer que tenho mais que fazer e que estava só a procrastinar, uma das minhas coisas preferidas.