11 de setembro de 2008

America

Lembro-me de há tempos, durante a visita do meu primo e mais uns amigos a SF, numa conversa sobre a sociedade americana e a forma como as pessoas nela se relacionam, ter dito o meu primo que se espantava como é que se conseguiam construir relacionamentos de todo. Isto porque tudo obedece a uma série de regras não escritas, sendo que as relações se baseiam sobretudo em interesses mútuos, espartilhadas em motivações racionais de trocas, tudo bem medido e pesado com prós e contras, envolto em superficialidades e hipocrisias sempre sorridentes, em compatibilidades em vez de apenas porque sim, porque se gosta. Daí que uma vez acabada uma relação nos termos em que começa, raramente haja depois poder de encaixe para a manter noutros moldes. Porque não satisfaz os interesses, já não se ganha nada com isso, e como tal deixa de valer a pena. Porque é difícil e complicado, e não dá jeito. E resolve-se o assunto com regra e esquadro, dividindo preto e branco com uma eficácia matemática que não dá margem para cinzentos. Sim, é difícil perceber como pode haver relações. Pobre menina rica.

3 comentários:

  1. Excelente texto e excelente reflexão. Parece-me que é isso mesmo, Luna: as relações, salvo raríssimas e honrosas excepções, não são recicláveis.

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  2. Eu odeio coisas obvias, provocadas e artificiais. Eu acho que essa deve ser a principal razao pela qual os meus amigos nos EUA se contam pelos dedos de uma mao. Amizades acontecem aqui como nos outros locais, mas a efemeridade das vidas dos americanos, um pouco causada pela extrema mobilidade de trabalho/Estados para trabalho/Estados, acaba por fazer as pessoas imunes a compromissos e a se entregarem a codigos sociais que nao sao mais que balizas de referencia para se manter a sanidade mental e a nocao de normalidade.
    Olha companheira, em vez de escever mais tralha mental, vou mas e' a minha vida, isto aqui nos EUA e' uma grande "salidao", sim nao me enganei na escrita, e' um campo de sal que tudo seca, mirra e corroi e nos deixa numa verdadeira solidao. Valha-nos a internet pelo menos, se o sexo era a televisao dos pobres no sec XX, aqui nos EUA a internet e' a nova televisao, o novo sexo, o novo local de encontro...

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  3. não se beija no primeiro encontro, não há sexo a não ser a partir do encontro número #tal. romântico é um jantar assim e assim. não se faz isto, isto tem de se fazer. e se se faz (pelo menos na adolescência) tem nome, first base, second base, ..., home run. mmm, até deve dar jeito para quem não gosta de improvisar, ser espontâneo ou outra excentricidades próprias dos latinos. até o conceito de "dating" me arrepia, para ser franco. parece que está estabelecido que há encontros que têm de ter (e se quer que tenham) determinado contexto e motivação. eu gosto de sair com pessoas. e de não fazer a mínima ideia (muitas vezes) se a saída tem ou não um contexto amoroso, romântico, se devo ou não esperar isto ou aquilo.

    abraço.

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