15 de janeiro de 2009

"Afinal os preceitos muçulmanos [...] são mais respeitadores da Mulher, que os preceitos cristãos."*

Agora três palavras: Mutilação Genital Feminina. Uma das minhas favoritas. Embora não chegue a ser tão encantadora quanto a lapidação.


*frase que afinal não era a gozar, num comentário ali em baixo.

17 comentários:

  1. é um prazer contribuir para novos posts teus... ;-)

    talvez um dia te dês ao trabalho de conhecer "o outro lado" um bocadinho mais a fundo e percebas o que quis dizer com essa afirmação que tão bem serve os teus intentos.

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  2. Hã????? Mas isto era a sério? A sério? Não pode ser...

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  3. Pronto, vou lá (a medo...) ver o blog do C@B.

    Devia ser isto o que ele queria, no fundo...

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  4. OMG... e ele insiste...

    Caro C@B

    Eu percebo perfeitamente o que quis dizer, só que acontece que é falso, errado, demagógico e pouco sério a vários níveis, especialmente moral, e até ofensivo para com os milhares de mulheres que vivem em condições degradantes e sub-humanas por esse mundo fora, vítimas de preceitos religiosos.

    Enfim, uma pessoa aqui a tentar manter as coisas na superficialidade e é obrigada a aprofundar...
    Pois bem, que me venha falar da idade média, tipo, época das cruzadas, onde a mulher era considerada desprovida de alma e mais ou menos equivalente a uma galinha em termos de respeito, e que se pensa que a mentalidade ocidental começou a mudar pelo contacto com o Islão e sua cultura(exactamente por causa das cruzadas), que por essa altura eram mais evoluídos nesse aspecto, vá, eu ainda aceito. Mas com mil caralhos, isso foi na IDADE MÉDIA. Não é verdadeiro no presente. (E pronto, lá tem um gajo de mostrar que leu umas merdas)

    Quanto ao Islão moderno, haverá excepções, certamente - lembro, por exemplo, a Turquia, a Tunísia, ou mesmo o Irão há um bom par de anos atrás (vide Persepolis), mas a grande maioria não evoluiu um centímetro relativamente à condição da mulher desde a Idade Média, onde éramos, de facto, todos uns grandes selvagens, mesmo os ocidentais.

    Mas olhe, já que gosta tanto, aconselhe uma irmã mais nova, ou no futuro, quiçá, uma filha, a casar com um árabe e a mudar-se para o Qatar ou assim. Com certeza será felicíssima, especialmente se a obrigarem a usar burka e levar umas valentes trepas de vez em quando para se lembrar que não tem lugar à mesa com os homens, que não lhe é permitido conduzir ou que não deve falar sem lhe ser dirigida a palavra.

    Quanto aos meus intentos, nem eu saberei bem quais são, além da simples denúncia de costumes aberrantes contra as mulheres comummente aceites no mundo islâmico.

    Termino com um provérbio ocidental: Pior cego é aquele que não quer ver. Todavia não tão encantador quanto o de origem islâmica "Beat your wife everyday, if you don't know why, she will".

    And I rest my case.

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  5. Luna,

    Estou plenamente de acordo contigo. Subscrevo tudo o que escreveste sobre este assunto.
    Não devemos esquecer que os preceitos muçulmanos, tão "respeitadores da Mulher", para além de todas as atrocidades já mencionadas por ti (e mais umas 500 mil!) são também responsáveis pela morte das infelizes que tiverem o azar de precisar de assistência médica urgente, a nível ginecológico, e só existirem médicos do sexo masculino. MORREM. Mas são respeitadas, claro.

    Abraço

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  6. Olá, Luna,

    antes de mais, parabéns pelo teu blog. Faz parte das minhas leituras diárias. Também trabalho em ciência, e muitas vezes revejo-me naquilo que dizes (sobretudo o post "Doutoramento é trabalho", porque explicar isso é um dos meus dramas quotidianos:)).

    Vi a notícia do The Guardian que colocaste no post anterior, e o único comentário que me ocorre é mais ou menos "ora porra". Não consigo compreender como é que alguém, em seu pleno juízo, possa achar que o Islamismo tem uma concepção mais positiva da mulher que os Cristãos (e já acho que estes últimos são suficientemente maus).

    Acho que o Ocidente tem uma posição muito permissiva face a estas situações. Há momentos em que o relativismo cultural tem de ser deixado de parte, e temos de nos focar naquilo que são os valores universais e que têm de ser respeitados no matter what - igualdade de oportunidades, liberdade, direito à vida.

    No entanto, ultimamente, parece que andamos a viver numa época de paradigmas indefinidos, em que tudo é justificável. A título de reflexão, deixo o link para um post do Arrastão, em que o reitor do Santuário de Fátima defende a violência conjugal, desde que não seja em excesso:

    http://arrastao.org/sem-categoria/sera-que-podemos-dizer-as-mulheres-para-pensarem-duas-vezes-antes-de-casarem-com-um-catolico/

    Está tudo doido.

    Cumprimentos
    Manuela

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Luna, adoro o teu blog, admiro a tua escrita, o modo como pareces estar na vida, e mostro-te como exemplo às minhas filhas.
    Tens toda a razão, temos imensa sorte por vivermos nesta zona do globo, mas não podemos descansar enquanto há um pseudo-líder religioso a fazer este tipo de comentários, pouco tempo depois de o Papa continuar a insistir na procriação como fim único do casamento e a condenar toda e qualquer contracepção. Sim, temos todas opção, mas também têm as muçulmanas que vivem no Ocidente.
    Portanto dar exemplos de práticas fundamentalistas não é tb demagógico????
    não sei, é como digo, estou farta de como as mulheres são 'tratadas' por todos os deuses.
    (Parabéns por este blog, leio-o há mais de 3 anos)

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  9. Manuela: Infelizmente a estupidez não é apanágio dos muçulmanos. A igreja católica também tem o seu (grande) quinhão.
    Aliás, ninguém me viu até agora defender a igreja ou mesmo a religião católica ou cristianismo (a referência à mesma na frase é devida à transcrição), e tenho-me sempre baseado nas democracias laicas ocidentais como termo de comparação. Como sou ateia (palavra feia!), não me revejo em nada nem reconheço qualquer autoridade à Igreja, e felizmente, em termos oficiais, o estado também não (apesar dos lobbies presentes).

    a: As declarações do Cardeal Patriarca são o exemplo perfeito que do dizer ao pensar vai uma longa distância. Porque ele, de facto, não deve dizer essas coisas - mesmo que verdadeiras -, pela posição que ocupa. Essa é a distinção. Como eu, se fosse CP, não poderia nunca dizer o que digo por aqui, porque valores mais altos se levantam - e a política é muitas vezes bem mais valiosa que a verdade.

    Mas a grande diferença, entre uns e outros, é que vivemos num estado laico, onde existe separação entre estado e igreja. Qualquer opinião emitida pela Igreja não é a posição oficial do estado, ou seja, de todos nós, e só diz respeito aos que professam o catolicismo, e de forma praticante (que cada vez mais são menos os que se podem considerar realmente religiosos). Ou seja, a padralhada até pode vir dizer que é muito bom bater nas mulheres quando se portam mal, que se se fizer queixa à polícia o gajo vai dentro na mesma.

    Isso não acontece na maioria dos países Islâmicos, onde os preceitos religiosos são tomados como lei do estado, e aceites como prácticas correntes. Os exemplos fundamentalistas que dei, que diz serem demagógicos, não o são, porque são correntes e considerados aceitáveis numa grande maioria destes países. A circuncisão feminina é práctica corrente e generalizada nos países da Africa muçulmana. A lapidação e as honor kills ocorrem frequentemente no Irão, no Paquistão, e noutros países do médio oriente. O casamento com crianças é aceite como normal na Arábia Saudita, e outros países árabes. Não são portanto exemplos de demagogia, mas exemplos reais que afectam milhares de mulheres em todo o mundo (e basta uma pequena pesquisa no google usando-os como palavras chave para se chegar a números, nada demagógicos, mas antes assustadores).

    Quanto à liberdade de escolha das muçulmanas que vivem no Ocidente, têm as que têm. Que o diga Fadime Sahindal, residente na suécia, que nem por isso deixou de ser morta a tiro pelo próprio pai por querer casar com o homem que amava e não com o noivo que lhe queriam impor. Existem alguns países, com tradições de serem mais abertos e ocidentalizados, como o Líbano, ou na Turquia, mais laicizados e como tal mais evoluídos - à força, diga-se de passagem, mas resultou, embora se esteja a assistir a uma reviravolta em sentido contrário - as mulheres são mais respeitadas, mas na grande maioria continuam a não o ser. E afirmar o contrário é que é, sim, pura demagogia.

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  10. ok Luna, tem toda a razão e bem fundamentada.

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  11. Recomendo a leitura deste artigo:

    Thousands of Women Killed for Family "Honor" - National Geographic

    E desta página (http://stop-stoning.org/cases), onde estão listados alguns casos reais de lapidações, chicoteamentos e honor kills. E desta (http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs241/en/), da organização mundial de saúde, onde estão disponíveis números sobre mutilação genital feminina e suas consequências. Cerca de 100 a 140 milhões no total, e de 3 milhões por ano (é difícil voltar a usar o termo demagogia, não é?)

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  12. Claro que o proximo argumento que te vao atirar em cara eh o do "ah e tal, mas as mulheres ocidentais tambem levam trepas e tambem sao assassinadas e tambem e tambem e tambem".

    Aqui em Espanha morreram menos de 100 mulheres o ano passado, as maos de companheiros ou ex. Um numero gravissimo mas a anos-luz, milhoes de anos-luz das barbaridades que sao, POR LEI, permitidas em sitios malucos como esses.

    Sera que o/a senhor/a C@B ja foi passar uma temporada ao Iemen? Tente ir para a faculdade. Trabalhar. Ir ao ginecologista. Ir ao cinema. Comprar um carro. Parir num sitio limpo. Vista-se de mulher (se nao o for) e depois volte para nos contar.

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  13. Luna, eu não estava a tentar defender a Igreja Católica, até porque também sou ateia. Estava apenas a tentar demonstrar que a estupidez está equitativamente distribuída. Não gosto de anti-clericalismo primário, mas parece que ultimamente os profissionais da religião só atiram pérolas para o ar.

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  14. Luna, como sabes gosto geralmente das opiniões que omites (perdoa-me tratar-te por tu). Só isso justifica fazeres parte da minha família de links praticamente desde que o teu blog existe e seres visitada amiude por este modesto blogger/leitor. Mais uma vez concordo com a tua visão sobre o tratamento da mulher na generalidade dos países islâmicos e só mesmo quem não quiser ver é que é cego. A única coisa que me deixou estupefacto foi o teu apoio, ontem, ao post da Sofia Vieira sobre a matéria no Delito de Opinião. Como deves ter reparado esse artigo não é ingénuo e a pretexto da forma como a mulher é tratada no casamento muçulmano (na sequência das declarações do Cardeal patriarca) coloca um apontador para o Controversa Maioria onde apoia incondicionalmente a destruição da faixa de Gaza pelo exército de Israel e toda a mortandade que está em curso.

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  15. Este comentário foi removido pelo autor.

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  16. Primeiro, linquei um texto, onde se fala especificamente das declarações do cardeal patriarca, com o qual concordo na íntegra, e não o outro. Segundo, li o texto em questão quando foi publicado e pelo que me lembro falava do corão e de não simpatizar nada com as suas visões da sociedade, das suas leis e premissas. Eu também não simpatizo, aliás como não simpatizo com o de nenhuma religião (mesmo o Budismo, o mais fofinho, mas que depois defende o sistema de castas). Lembro-me também de manifestar apoio a Israel, que é legítimo, posição tão legítima quanto a contrária - embora eu, como disse, tenha dificuldade em tomar partido.

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  17. Duas palavras, caro C@B:
    Ideologia Dominante no género

    Leia umas coisitas sobre Marx, Fiske ou Horkheimer, entenda-lhes os conceitos (pode tornar-se complicado, exige esforço mental) e depois explique-se. Quem pratica aqui um domínio radical? A questão não é se a Igreja o pratica ou não (até a cultura ocidental tem qb. de censura e castração), quem toma aqui a mulher como objecto sexuado?
    Não venha com tretas, se por um lado a exposição excessiva a pode tornar supérfula, por outro a ocultação e repressão anulam-na! Aquela cultura obriga o ódio a elas mesmas.

    Agora para atenuar o ambiente, deixo-lhe um excertinho do TPC, que não é o mais apropriado visto nem pegar na cultura em questão, mas é oportuno, visto a Luna ser cientista e se tratar de algo que nos é tão próximo.

    “A ciência ajuda a manter a estrutura do poder em vigor, é activa tanto a nível da política dos sexos como das classes. Na nossa sociedade o número de centistas homens é muito superior ao do das mulheres. Faz parte da diferençças sociais – e, como tal, ideológicas – entre masculinidade e feminilidade. A ciência é, em última análise, um meio de exercer poder no mundo físico: por isso, numa sociedade onde os homens exercem o poder no mundo social, parece “natural” que este poder seja também extensivo ao poder físico. A ideia dominante acerca das mulheres cientistas, é que elas são pouco femininas”
    Fiske, John (1998) Introdução ao estudo da comunicação. Lisboa: Asa.

    [Tome-se ciência como actividade intelectual]
    Infelizmente não encontro o resto do excerto... Nem a página. Lembro-me que era engraçado!

    Cumprimentos, meu caro
    Agradeça a Deus, ou à sua mãezinha, por não ter nascido em Farah com pipi

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