É-se religioso, quando se é, em primeiro lugar, porque se é educado nesse sentido. Em casa, na escola, na cultura em que se está inserido. Depois, porque se precisa. Porque se precisa de respostas, de segurança, de princípios morais e guias de vida, de encontrar um sentido para a existência, de acreditar que a alma não se esgota no momento em que se chega à cova e que existe algo maior, uma ordem divina, pelo que dificilmente se poderá pensar na abolição das religiões e num mundo sem elas - e basta ver como tanta gente tão cegamente se agarra a crêndices e superstições, consulta videntes, astrólogos, tarólogos e mães ou pais de búzios, professores Karamba incluídos, para facilmente se chegar a essa conclusão.
Ora, se um crente encontra conforto e repostas nos designios do senhor, quem sou eu para lhe dizer o contrário? Seria tão inútil quanto cruel. Como dizer a uma mãe que o seu filho é feio. Nenhuma mãe amará menos a sua cria, ou achá-la-á menos bonita por isso. Mesmo que tenha um olho na testa, continuará a ser, para ela, o mais belo ser do universo. Pelo menos do seu. E a quem lhe diga o contrário, verá apenas como maldoso, mal intencionado, e extremamente mal educado. Porque, tanto no amor incondicional como na fé, não existe distanciamento suficiente para uma avaliação puramente racional e fria, e muito menos podem ser explicados pela lógica. Acredita-se, ama-se, sente-se, sem saber bem porquê. E não são outros quem o pode mudar.
Concordo plenamente!
ResponderEliminarBravo Luna.
ResponderEliminarUm texto esclarecedor, lúcido e pertinente.
Eu sou crente, provavelmente porque não renunciei à educação que me deram e porque isso me dá aconchego.
E, principalmente, porque SIM!
A fé é mesmo um mistério...e não resiste a análise.
Beijo Grande,
Di
Deixo um comentário para informar que vou fazer um "link" a este post.
ResponderEliminarMuito bom.
Está brilhante este post! :-O
ResponderEliminarConcordo integralmente contigo. Por isso mesmo sou agnóstico: deixo a cargo de cada um a questão de Deus, pois é-me indiferente.
Concordo plenamente.
ResponderEliminarSou crente!Faz-me sentir melhor. Nada sinto contra aqueles que não acreditam, apenas contra aqueles que acreditem no que acreditem, levam a sua verdade ao extremo e querem convencer os outros que a sua "verdade" é a única possível de existir.
E dizer a um ateu que deus existe, é o quê? Quere, insistir em convertê-lo, é o quê? Dizer-lhe que lamenta que a sua alma esteja perdida, é o quê? Fazer um ateu frequentar uma escola onde, bem ao centro, por cima do quadro, está pregado um cruxifixo, é o quê?
ResponderEliminarTudo isto já me aconteceu. E eu só quero que me deixem em paz. Sossegada no meu canto.
Nunca tentei "converter" (se isso é possível...) ninguém, nunca trocei de ninguém por crer naquilo que eu não creio. E o contrário?
Acho que se entendeu mal esta campanha. Ela não visa converter, ofender, chocar ou ser cruel com ninguém, mas apenas chamar a atenção para uma realidade: nós existimos, merecemos tanto respeito pelas nossas convicções como os crentes, e também temos direito a usar espaço público (e pago) para fazer públicas as nossas convicções.
Isto é liberdade, liberdade de expressão.
E a tua citação não é original, desculpa: houve já um pensador que o disse, mas de outra forma, agora não me lembro do seu nome mas posso conferir amanhã. Era qualquer coisa como isto: tenho tanto direito a acreditar que deus existe como o de acreditar que os meus filhos são os mais bonitos do mundo".
We must respect the other fellow's religion, but only in the sense and to the extent that we respect his theory that his wife is beautiful and his children smart.
ResponderEliminarH. L. Mencken
Pronto, assim é que é.
Respeita-se, faz-se até um silêncio respeitador, mas se o indivíduo insiste... então dá-se-lhe a opinião clara e sincera. E nós (suspiro) já andamos a ouvir a opinião dos crentes há muito tempo, em educado silêncio... se calhar era já a altura de os crentes serem capazes de encaixar uma opinião diferente, para variar???
I:
ResponderEliminarEu nunca disse que achava a campanha do autocarro ofensiva, ou que não deveria existir. Falei, sim, do meu posicionamento pessoal enquanto ateia e a forma como me relaciono com os outros, em especial os crentes, usando para isso uma frase retirada de um texto sobre o autocarro. Mas enfim...
Da mesma forma que não aceito que me tentem impingir religiões, coisa que não acontece desde que saí do colégio de freiras onde andei até ao 9º ano, também não me arrogo o direito de me imiscuir nas religiões dos outros. Se os outros as praticam, se há cruzes nas salas, não me incomoda, porque não me interessa, quero lá saber. Eu sou só ateia, descrente, não sou fundamentalista anti-religiões e ai que me sinto tão ofendidinha por viver numa cultura judaico-cristã. Eu, culturalmente, sou católica. O facto de não acreditar em Deus não anula este facto, nem a capacidade de entender quem me rodeia.
Quanto à minha falta de originalidade, convenhamos, desde os gregos que é difícil ser-se completamente original. Portanto, se a ideia era mostrar o quão estúpida sou, leve lá a bicicleta.
Não conhecia a citação, e embora muito semelhante, o conceito que pretendi transmitir não era exactamente o mesmo. Mas como escrevi há tempos: haverá sempre quem não entenda o que quero dizer. E ando a tentar aprender a viver com isso.
Não é preciso abespinhar-se tanto, só porque há alguém que não concorda consigo. E, se insiste no tratamento por "você", também não sou eu que vou fazer-lhe a desfeita de a tratar por "tu".
ResponderEliminarParece-me que não fui mal educada ou ofensiva, apenas expus o reverso da moeda. Se isso ofende ou irrita, o problema não é meu, de certeza. Muitas vezes concordo com as suas opiniões, desta vez não concordo, e expliquei porquê.
Parece-me tão cruel dizer na cara a um crente que deus não existe (o que nunca fiz, apesar de já ter discutido abertamente religião com crentes) como querer converter um ateu, ou condená-lo às chamas do inferno. A primeira vez que me tentaram converter, que me lembre, tinha 5 anos, foi violento.E feio.
Quanto às cruzes nas salas de aula, não se tratava de um colegio particular, para onde só vai quem quer, mas uma escola primária pública, por isso sim, ofende-me. Na altura já vigorava a constituição de 1976, que consagrava a separação entre estado e igreja. Além disso, também tive colegas de outras confissões religiosas, onde é que fica o respeito por elas? Ou como minorias têm que se sujeitar à razão da maioria? E sem discussão?
E eu respeito muito o direito à crença e à liberdade de culto. A mim, raramente mo respeitaram, e o facto de a sociedade ser maioritariamente católica não o desculpa. Aliás, Jesus Cristo sempre pregou a tolerância e a inclusão, foi quem veio depois dele quem lixou tudo.
Em Londres, uma cidade onde se situa o speaker's corner, se vira uma esquina e se topa com um grupo de hare krishnas, se vira outra e lá vem uma muçulmana de chador, confesso que estava à espera de mais tolerãncia e abertura à manifestação pública por parte de um grupo não crente. Por cá, nem imagino como seria...
Esta campanha, que pretendia lançar a discussão pública e a divulgação de uma diferente forma de estar na vida, já atingiu pelo menos dois dos seus objectivos: um, divulgar a ideia e lançar o debate; dois, provar que a intolerãncia face aos não crentes ainda é dominante. Temos o direito de existir, mas caladinhos, para não estragar o barato dos outros. Isto é estranho. Eu acho.
(declaração de interesses: o meu companheiro desta vida é católico, apostólico romano, baptizado e crismado, embora não praticante por coisas lá da vida dele. Abandonou a igreja, mas é crente. Eu sou ateia. Falamos, discutimos - sem violência ou enxoframento - sempre com abertura. porque isso é possível.)
E peço desculpa por qualquer coisinha, que não a estava a atacar. Até lhe digo mais: discordo das ideias de muita gente, mas se gasto o meu tempo a dizê-lo a alguém, é porque essa pessoa me merece consideração. Quando os que pensam de forma diferente não me merecem consideração (por serem pessoas tacanhas incapazes de discutir um ponto de vista diferente do seu, por exemplo, o que sempre achei e até continuo a achar não ser o seu caso)nem me dou ao trabalho, que tenho muito que fazer.
Gostava que não me tivesse dado uma resposta tão irónica, azeda e a roçar a arrogãncia. Não sei se o fez por defesa, ou por achar mesmo que eu sou uma besta. Também não precisa de mo dizer, que não me deve nada.
No entretanto, passar bem, e não volto a comentar, que sei quando estou a mais e não quero incomodar.
I:
ResponderEliminarAntes de mais, deixa-me que te diga (melhor assim, com o tu? nunca sei bem qual escolher quando não conheço as pessoas), que estou absolutamente estarrecida, aliás, mais que isso, pela tua experiência aos 5anos. Eu, aos 5 anos, ficava chateada se me tiravam a Barbie, de modo que é sempre bom ver alguém que nessa idade já tivesse uma noção tão clara do que são os seus direitos enquanto ateia.
Quanto ao autocarro, volto a dizer, nada contra. Quero lá saber. Acho só absolutamente inútil e um exercício meio onanista por parte dum grupo que já não precisa de ser convencido. Mas em termos de direitos, acho que têm todos, e acho ridículo que tenha sido considerado ofensivo. Também não há pachorra para os ofendidinhos do costume. Portanto aqui, estamos de acordo.
Quanto à minha forma de estar, mais uma vez, é pessoal. Como tudo o que é escrito neste blog.
Eu nunca senti qualquer tipo de discriminaçao ou intolerância por não ser religiosa, fora uns esporádicos "mas é óbvio que tens de acreditar em alguma coisa", que me entraram por um lado e saíram por outro. Não me incomoda que para outros seja estranho eu não acreditar em Deus, da mesma forma que para mim é estranho que se acredite. Mas, mais uma vez, falo da minha experiência pessoal.
Não acho que devamos estar caladinhos - grande parte da minha família e amigos próximos são bastante religiosos, sabem que eu não sou, nunca escondi de ninguém a minha posição (tirando talvez da minha avó) nem me preocupei em fazê-lo.
Mas também não me sinto no direito de dizer que são todos estúpidos, que então não se está mesmo a ver que deus não existe e andam aí a viver na ilusão a rezar muito aos santinhos.
E esta é a diferença para mim: eu tenho direito de assumir e defender a minha posição e as minhas crenças, mas num âmbito pessoal, sem para isso ter de atacar os outros e as suas.
Quanto à minha arrogância, relê o teu comentário e a forma como mo dirigiste, especialmente no final, e pergunta-te se eu não poderia ter achado exactamente o mesmo. Achei. Explicado.
Começando pelo fim, e quebrando o que promite: dou a mão à palmatória, podias ter achado o mesmo, por isso peço desculpa se ofendi ou pareci arrogante, não era isso que queria.
ResponderEliminarEm segundo lugar, podes estar estarrecida, mas é verdade. Se querias ser irónica, deixa lá e passa em diante. Se não, fica sabendo que nasci em 1971 e não fui baptizada, os meus pais casaram pelo civil. No infantário ouvia a toda a hora, dos meus colegas "porque é que não vais à catequese?" (era uma terra pequena, iam todos à mesma, só havia uma igreja, e deram pela minha falta :/) Pior, uma das minhas educadoras era catequista, e olhava para mim como se eu fosse a filha do demo. Um dia, a uma pergunta de uma amiguinha, tive a ousadia de dizer que não, não acreditava em Deus: fui massacrada daí em diante, até que um dia lhe disse que acreditava para que me deixasse em paz. Tinha 5 anos, mas doeu-me, pois os meus pais sempre me educaram para ser fiel aos meus princípios e não mentir, e eu senti que os tinha traído (os pais e os princípios - percebi o que deve ter sentido S. Pedro, lol). Cresci durante o Prec, aos 6 anos já sabia o que era um "facho", um "comuna", um presidente e um primeiro ministro, e que democracia significava escolher quem nos governava. Também sabia quem era Cristo, os meus pais ensinaram-me que era um homem muito bom e que os cristãos, que seguiam a sua palavra, acreditavam que era filho de Deus. Também sabia que a Igreja condenava quem não lhe pertencia, e sabia, portanto, o significado da cruz pregada na minha sala de aulas. Incomodava-me. Sabia que o homem tinha evoluido do macaco (e fazia-me imensa confusão porque é que os macacos do jardim zoológico não se transformavam em pessoas, lol, e que era por isso que os prendiam) Também sabia que a trovoada era causada por núvens que chocavam, e por isso trocei de um colega que achava que era Deus a castigar. A professora ralhou-me por ter troçado dele, e nem sequer contei à minha mãe, que me teria ralhado também. Foi a única vez, que me lembre, que trocei da crença de alguém, na sua cara. Os meus pais ensinaram-me a estar numa igreja, tanto que sei seguir uma missa, e quando se senta e se levanta. Sempre insistiram em respeito absoluto por quem crê, apesar de ser verdade que me senti muitas vezes descriminada pela minha não crença. Habituei-me a não falar nisso e até fugir ao assunto, mas not anymore. Não sou militante, mas não me escondo. E não me incomoda zurzir quem vier com merdas e considerações morais sobre o meu ateísmo.Levam resposta, e da forte.
Ah, e sim, brincava com a minha Nancy, que não havia Barbies. Não me parece que tenha sido assim tão precoce ou estranha, era como era. Por isso não percebo o teu estarrecimento. Se é que não estavas a ser irónica. Passar a infância como uma minoria faz-nos tomar consciência de certas realidades mais cedo, se calhar. E eu sei que sou ateia aí desde os 4/5 anos, e sei o que é viver com a estranheza dos outros perante esse facto. Acredite quem quiser.
E diz, onde se traça a linha. Quando é que uma crença é aceitável ou deixa de o ser. Quando é que alguém é estúpido por acreditar em algo ou não. Quem acredita em zeus, thor, fadas ou nos espíritos da floresta, na grande deusa, é estúpido?
Quem acredita na lapidação ou a excisão, é estúpido?
Quem acredita no criacionismo, é estúpido?
A exibição de simbolos religiosos na vida pública, num estado laico, é admissível?
Ou temos que calar por ser a expressão cultural de uma maioria? Ou também lesa o direito à liberdade religiosa (que implica a liberdade de não crer) de outros cidadãos?
É isto que eu gosto: de debater. Não tenho respostas absolutas para tudo (ou para nada), mas gosto de as procurar. E digo-te que nada me deixa mais a salivar que discutir com um crente inteligente e com espírito aberto. Uau, é uma maravilha. (anda um post no rerum natura sobre isso, um tipo que escreveu um livro de resposta ao do dawkins e que eu ainda hei-de ler).
E pronto, não chateio mais.
Concordo com o principio que penso esteja subjacente (depois de tanto comentário já não sei...lol) ao texto mas discordo de algumas decorrências tuas dessa ideia.
ResponderEliminarDe facto, é-se religioso porque se é religioso. e o respeito para com as crenças dum católico tem que ser exactamente igual ao respeito por um hindu ou ateu. Indiscutível!
Mas porque é que a conduta de um ateu que professa a sua não militância religiosa em público é condenável ("num exercicio quase masturbatório"???) e a de um crente em qualquer religião não o é?
Acho que tens razão quando dizes que o facto de uma pessoa ser crente em determinada religião não é susceptivel de ser influenciado exernamente. Pelo menos quanto aos verdadeiramente crentes.
Mas não posso concordar que isso seja o mesmo que chamar feio a um filho da mãe (não resisti a escrever isto assim...lol). Defender que é mal educado, mal intencionado ou maldoso quem questiona a religião de outrem é seguir um caminho de intolerância, necessariamente religiosa, que levada a um extremo pode ter consequências gravíssimas.
Obviamente que não te tomo por uma intolerante, apenas quero dizer que esse tipo de raciocinio pode ser perigoso.
Porque é que o questionar da religião de outrem não pode antes ser o inicio de uma saudável e aberta discussão?
No amor incondicional consigo aceitar que não haja distanciamento suficiente para uma avaliação racional e fria. Na fé tem de haver.
ps- optei por te tratar por tu, Espero que não te importes.
Pronto, lá vou eu ter de começar a transcrever-me.
ResponderEliminar"Mas porque é que a conduta de um ateu que professa a sua não militância religiosa em público é condenável ("num exercicio quase masturbatório"???) e a de um crente em qualquer religião não o é?"
Onde é que eu disse isso? O que eu disse é que acho absolutamente inútil. Mas de resto, e transcrevendo-me:
"Eu nunca disse que achava a campanha do autocarro ofensiva, ou que não deveria existir."
"Quanto ao autocarro, volto a dizer, nada contra. Quero lá saber. Acho só absolutamente inútil e um exercício meio onanista por parte dum grupo que já não precisa de ser convencido. Mas em termos de direitos, acho que têm todos, e acho ridículo que tenha sido considerado ofensivo. Também não há pachorra para os ofendidinhos do costume."
Segundo ponto:
"Mas não posso concordar que isso seja o mesmo que chamar feio a um filho da mãe (não resisti a escrever isto assim...lol). Defender que é mal educado, mal intencionado ou maldoso quem questiona a religião de outrem é seguir um caminho de intolerância, necessariamente religiosa, que levada a um extremo pode ter consequências gravíssimas."
O que eu disse é que dizer a uma mãe que o seu filho é feio, além de ser perfeitamente inútil e não a fazer mudar um nanómetro da sua opinião sobre ele, fará apenas com que ela nos veja de forma pouco simpática (uma mãe verá realmente essa atitude como maldosa e má intencionada e especialmente mal educada).
Da mesma forma que se eu afirmar peremptoriamente a um crente que Deus não existe, ele possivelmente sentir-se-á atacado nas suas convicções mais profundas, mas não deixará de as ter e de continuar a acreditar. Ou seja, é um confronto desnecessário e, a meu ver, muitas vezes contraproducente.
Mas, como já disse 4536299 vezes, esta é a minha forma PESSOAL de estar e lidar com o meu ateísmo. E acho diferente falar das minhas convicçoes pessoais, enquanto convicções pessoais, que merecem tanto respeito quanto as outras, e afirmar ou tentar impô-las a outros.
"Porque é que o questionar da religião de outrem não pode antes ser o inicio de uma saudável e aberta discussão?
No amor incondicional consigo aceitar que não haja distanciamento suficiente para uma avaliação racional e fria. Na fé tem de haver."
Pois, aí discordamos totalmente. Porque eu não acredito que a fé possa ser discutida academicamente. Porque ninguém poderá explicar exactamente porque a tem. Pode falar-se em teologia, estudar-se a história das religiões, até vir-se com provas de milagres e tal, mas o que realmente faz alguém acreditar, aquilo que interiormente a faz crente, parafraseando os católicos, é o mistério da fé. Que é, de facto, um mistério. E não é passivel de ser racionalizado.
Primeiro ponto
ResponderEliminarErro meu. Tens razão.
Segundo Ponto
Porque é que é maldoso quem questiona a existência de um deus? Questiona! Claro que não me tou a referir a imposições.
"Mas, como já disse 4536299 vezes, esta é a minha forma PESSOAL de estar e lidar com o meu ateísmo. E acho diferente falar das minhas convicçoes pessoais, enquanto convicções pessoais, que merecem tanto respeito quanto as outras, e afirmar ou tentar impô-las a outros."
100% de acordo! É a minha tb. Só não vejo problemas em questionar discutir esses assuntos.
Terceiro ponto
Discordamos. Quanto mais misterioso, seja da fé, ou de oura coisa qualquer, mais passível é de ser discutido.
(Não leves os comentários como ataques à tua pessoa. São só isso. Comentários. Não tenho nada contra ti o contra o que disseste. Até concordo com a maioria, mas exactamente por isso é que achei que devia apontar aquilo de que discordava. Se queres um blog em que toda a gente concorde ctg avisa, ou tira os comentários dissonantes.)
desculpa lá, mas em teologia estuda-se precisamente o mistério da fé. muitos religiosos acreditam haver um fundamento racional para a fé e existência de Deus, e discutem-no. é claro que mais coisa menos coisa acaba-se por esbarar com o dogma... o qual tb é explicável. A fé discute-se, explica-se, estuda-se. Os doutores da igreja não fazem outra coisa... olha a teoria do desígnio inteligente, é um espectáculo em termos de formulação coentífica e filosófica, mesmo que não concorde, tenho que admitir.
ResponderEliminarIsto está difícil.
ResponderEliminar"Como dizer a uma mãe que o seu filho é feio. Nenhuma mãe amará menos a sua cria, ou achá-la-á menos bonita por isso. Mesmo que tenha um olho na testa, continuará a ser, para ela, o mais belo ser do universo. Pelo menos do seu. E a quem lhe diga o contrário, verá apenas como maldoso, mal intencionado, e extremamente mal educado. "
Nesta altura, como no comentário anterior, estava a falar DA MÃE. A MÃE achará isto. Fazer um paralelismo a um religioso não terá de ser totalmente literal, como se eu disser que alguém brilha comó sol, não será exactamente como o sol, mas menos. Enfim, são metáforas, ou lá o raio de figura de estilo que queira chamar.
Mas, se quando a minha avó, que já foi a pé a Fátima, se vem agarrar a mim a chorar, como sempre, a falar do meu avô ou da minha mãe que já morrerem, e e tendo como único consolo e esperança os designios do senhor eu lhe disser: "páre lá com isso, que chatice, que não há nosso senhor nenhum, e nunca mais os vai ver, nem eu", sim, acho maldoso. E não há aqui discussão académica nenhuma, só crueldade inútil.
Entendidos?
Obviamente que sei que te estavas a referir à mãe. Mas fizeste um paralelismo, metafórico, análogo, o que quiseres, com o qual eu não concordo. Ponto final. Dispenso o paternalismo.
ResponderEliminar"páre lá com isso, que chatice, que não há nosso senhor nenhum, e nunca mais os vai ver, nem eu"
Claro que isso é maldoso e condenável. Não me estava a referir a comentários imbrecis desse género.
Entendidos.
I.
ResponderEliminarLá que os estudiosos tentem explicar o inexplicável, é lá com eles. Eu não me referia a teólogos doutorados mas aos comuns mortais que nunca estudaram a ponta dum corno, mas acreditam na mesma, sem saber explicar bem porquê.
(Há uma regra neste blog que é eu fazer generalizações e só falar da média +- 1 desvio padrão, que dá mais ou menos 70% da população)
Mas mesmo pensando na discussão académica, eu considero-a impossível, pois os argumemtos assentam exactamente nos tais dogmas, e a partir dai nem vale a pena continuar a discutir, porque se usam conceitos diferentes.
Portanto, mesmo que se estude os mistérios da fé todos, ela continuará um mistério, porque é interior e vem de cada um. Que tentem provar a existência de Deus, claro, é essa a ideia de quem dedica a vida inteira a estudá-lo. Mas continuo a achar que é diferente tentar provar que existe e explicar racionalmente porque é que se acredita tão piamente que existe.
Mas pronto, se quiserem continuem a discussão, eu, se não se importam, não posso, que tenho muito que trabalhar.
Esse texto descreve um sentimento que tenho sempre que vejo crentes e ateus a discutir o sexo dos anjos, e nunca consegui bem descrever o quê. É exactamente isso. É tão idiota um crente tentar converter um ateu, como o oposto.Perdem-se horas e horas de discussões, quando na verdade nenhum dos lados vai mudar de opinião, quando essa opinião vem de uma vivência muito mais profunda.Se pensarmos simplesmente que um ateu não segue nenhuma religião porque não se identifica com nenhum das respostas, então parece tão humano que nem vale a pena massacrar mais.Contudo,e como ateia falo, muitas vezes os religiosos pecam pelo acto ou seja, falam falam falam, e parecem depois acreditar realmente que o facto de irem à igreja os faz pessoas muito bondosas, enquanto que já vi pessoas ateias a dedicarem as suas vidas a construirem coisas realmente uteis para os outros, o que para mim é mais importante. Mas, tudo isto seria assunto para um outro post;)
ResponderEliminarA propósito, lembro, sempre, as palavras de Vergílio Ferreira; qualquer coisa como isto: "O ateu é um agnóstico militante". Está dito!
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