15 de janeiro de 2009

Os palestinianos, os novos judeus?

[...] Os palestinianos, os novos judeus? Será necessário lembrar o que foi o Holocausto? [...] Será necessário lembrar que o extermínio de dois terços dos judeus da Europa em apenas 12 anos foi feito no maior silêncio e indiferença das nações, ao contrário do que se passa hoje em Gaza, onde o sofrimento palestiniano ecoa por todo o planeta sob o impacto dos holofotes mediáticos e é objecto de toda a comiseração e apoio dos mais variados organismos humanitários internacionais? Será necessário lembrar que a Cruz Vermelha de hoje, tão lesta a denunciar "o desastre humanitário" em Gaza, se calou bem caladinha durante o Holocausto? Não, os palestinianos não são os novos judeus. São simplesmente vítimas do mundo árabe que sempre os instrumentalizou, e dos seus próprios dirigentes, a começar pelo Hamas, para quem não passam de carne para canhão contra Israel.
[...]
Mais subtil é o argumento de que o povo judeu pelo seu sofrimento passado devia ter maior sensibilidade ao sofrimento alheio, maior aspiração à paz. Mas para os judeus e, em particular para Israel, a principal lição do Holocausto não é a paz a todo o custo, mas a obrigação de defender a sua existência, com unhas e dentes e pelos seus próprios meios, sem esperar nada de ninguém e muito menos compaixão.

Um artigo a ler na íntegra aqui, obviamente parcial, mas que oferece uma boa visão da perspectiva judaica, por Esther Mucznik no Público de hoje

4 comentários:

  1. Sendo mais uma vez uma "besta", não é por estarem a morrer que são inocentes ou que não dão apoio a terroristas.
    Estamos a falar de uma coisa muito diferente do que se passou no Holocausto. Neste caso a diferença é o poder bélico. A vontade de matar o inimigo é igual e condenável na mesma medida.

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  2. Não sei se conheces isto, mas vale a pena reflectir. E sim, Israel não é assim tão inocente...

    http://no2wars.wordpress.com/2009/01/13/war-and-natural-gas-the-israeli-invasion-and-gazas-offshore-gas-fields/

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  3. Luna, de todos os blogs que costumo ler, o teu deve ser o único onde encontrei textos com as duas perspectivas sobre o presente conflito. É por isso que cada vez mais gosto de vir aqui ler o que escreves, pois como bem referiste num post anterior sobre a questão de Gaza, este é um assunto demasiado complexo, para se ver só um dos lado da questão. Haja alguém com essa lucidez.

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  4. aflige-me tanto a diabolização dos palestinianos como a diabolização dos israelitas (e por arrasto a diabolização de todos os judeus). e o holocausto é invocado, frequentemente, de forma leviana e desajustada. penso, de forma muito clara, que os palestiniaos não são apenas "vítimas do mundo árabe que sempre os instrumentalizou (...)", são também vítimas do governo israelita. tento não confundir os dirigentes israelitas com os cidadãos israelitas ou com o povo judeu. tento não confundir o hamas com todos os cidadãos palestinianos. e tenho muita dificuldade em perceber o conflito e a crónica dificuldade em estabelecer um acordo duradouro. mas não acredito que um dos lados tenha qualquer tipo de primzia moral sobre o outro. há bons e maus dos dois lados. e é tão importante, para mim, a auto-determinação do povo palestiniano como a segurança do estado de Israel. acredito mesmo que as duas causas são interdependentes, e deve-se lutar pelas duas simultaneamente.

    tal como a Noiva Judia, fico feliz pela lucidez que demonstras ao querer conhecer os dois lados da questão. (aliás, há mais lados, nós é que só pensamos, geralmente, de forma simplista, como se houvesse apenas a posição do actual governo israelita de um lado e a posição do Hamas, do outro. felizmente, há muitos israelitas e palestinianos não alinhados com o status quo, descontentes com a forma como os seus dirigentes querem decidir a coisa à força da bala e de sangue derramado).

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