Um dos maiores erros que se fazem é pensar que estudar serve primeiramente para aprendermos uma profissão e que um curso universitário só tem utilidade se vier a ser aplicado ao entrar no mercado de trabalho. Que grande equívoco. O estudo, um curso, servem também para isso, mas não só, servem principalmente para nos ensinar a pensar melhor, a aprender melhor, a desenvolver as nossas capacidades e raciocínio, a tornarmo-nos pessoas mais independentes e capazes de pensar pela nossa própria cabeça, dando-nos ferramentas para ultrapassar obstáculos e dificuldades, e para, principalmente, nos alargarem horizontes e expandirem limites. Não tivesse eu estudado os anos que estudei, e dificilmente teria capacidade de começar um doutoramento numa área da qual sabia aproximadamente zero. Mas isso não foi uma barreira, porque esses anos, mais do que disciplinas fundamentais, das quais não desmereço a importância, me ensinaram a não ver o desconhecido como impedimento e confiar na minha capacidade de aprender, e de saber como o fazer. Da mesma forma que o programa Erasmus não serve para ir fazer cadeiras, mas para crescermos enquanto pessoas num mundo que não se limita ao nosso bairro, tomando consciência disso. Claro que só se pode reconhecer tudo isto com alguma distância, e tendo passado pela experiência, sendo absolutamente impossível explicá-lo a quem não o viveu, e que por isso nunca perceberá a dimensão da sua importância, desvalorizando-a com despeito. Se ter estudado me faz melhor que os meus pares? Nunca foi o que esteve em causa, porque não o fiz pelos outros. Fi-lo para me superar a mim mesma. Se sei hoje muito mais do que sabia há 10 anos? Sem dúvida. Se isso me faz melhor do que era e me permitiu crescer enquanto pessoa? Também. Porque saber mais é sempre melhor do que saber menos, com ou sem ofensa.