27 de setembro de 2009

A educação é uma coisa muito bonita

Não sou propriamente muito apegada a convenções, dando-me até ao luxo de propositadamente desrespeitar algumas, mas a forma como fui educada, e as regras que me foram inculcadas, levam a que eu seja daquelas pessoas que repara nos pequenos gestos, delicadezas, e principalmente na sua ausência, sendo-me impossível não julgar nem registar o facto como uma prova de falta de educação, e mais, de carácter, ficando os seus autores para sempre num patamar abaixo na minha consideração. Como o namorado de uma prima, que minutos depois dela se ter queixado que lhe doíam os pés, ao ver uma cadeira livre se sentou, deixando-a a seu lado em pé, coisa já suficientemente má por si só, mas ainda mais com o factor salto alto. Ou pessoas que, tendo usufruído de alguma amabilidade, se "esquecem" de agradecer, fazendo-nos questionar os nossos próprios valores, e tornando-nos mais exigentes a escolher quem possa merecer favores. E isto lembra-me um episódio que ilustra na perfeição o que quero dizer. Aqui há tempos conheci dois portugueses, amigos de amigos, na única discoteca de Leiden. Conversámos por um tempo, pareciam porreiros, e acabámos a trocar números de telefone. Saímos juntos da discoteca, despedimo-nos, eu segui para casa, e eles para a estação para apanhar o comboio. Já estava eu muito bem deitadinha na minha cama, quase a dormir, quando o telefone toca. Que não havia comboios, só daí a 3 horas, estava um frio de rachar, e, totó que só eu, às 4 da manhã levanto-me da cama, visto-me, e monto-me na bicicleta para ir à estação buscar dois caramelos que tinha acabado de conhecer, deixando-os ficar a dormir nos meus sofás. No dia seguinte, quando acordei, já tinham saído. Até hoje, nem ai, nem ui, nem uma mensagem de agradecimento, nada. E embora não o tenha feito esperando algo em troca, a verdade é que a falta de um obrigado me caiu muito mal. Escusado será dizer que, houvesse próxima, por mim bem que podiam ficar a congelar. É dar pérolas a porcos.

6 comentários:

  1. São os pequenos detalhes que fazem SEMPRE toda a diferença ...

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  2. Falta de educação e a culpa nem é dos pais porque chegando-se a adulto, ou ate mesmo adolescência, somos nós que passamos a saber estar e cultivar certos modos que muitas vezes podem até nem nos ter sido passados mas que podemos adquirir em sociedade.

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  3. e o medo de dizer que não, recusar ajudar por muitas razões que possamos ter para tal, atormenta. receber troco como recebeste, é pura frustração que infelizmente acaba por nos tornar mais frios (na falta de melhor termo).

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  4. Eu adoro quando cedo passagem a alguem (por exemplo no corredor de uma loja, numa porta), digo «Se faz favor» e o «Obrigado(a)» nunca surge. É de uma cortesia cavalar. Mas eu respondo ao silêncio com um simpático «De nada» que talvez sirva para alguma coisa, espero eu.

    E no jardim-escola da minha filha há uns pais espectaculares que nunca dizem «Bom dia», por iniciativa deles, a ninguém. Deve ser uma nova moda de urbanidade sofisticada.
    Quando vou a passar por esses, espero até ao último momento para dizer de forma audível e , mais uma vez, simpática, «Bom dia». Eles ficam atrapalhados e mais ficam quando respondem e eu já lá vou à frente.

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  5. What goes around, comes around :)

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  6. Uma pobreza franciscana de espírito.

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