Luna percebo o que queres dizer com não gostares de entusiasmos colectivos. Normalmente também não gosto embora ache que este livro mereça que entre na onda. No entanto o que a Ana de Amsterdam diz no seu post desagrada-me por completo.
"Quero os livros que leio para mim. É uma coisa um bocado parva e elitista mas que assumo. Não faço questão de os partilhar, aos meus livros, com ninguém".
Se não fosse a questão da partilha seriamos garantidamente um país menos informado. Acho fulcral que haja partilha cultural para a evolução de um país.
Quando a Ana disse "Nunca mais lerei um livro na vida" - isto em função do seu livro preferido e do que Bárbara Guimarães pode dizer sobre o mesmo - Mal de quem gosta de ler se tivesse de andar preocupado com o que uma famosa pode dizer sobre o mesmo em vez do que o mesmo pode provocar em nós e nos outros. Sim porque viver em sociedade é exactamente isso. Saber que há o "nós" e os "outros". Realmente se calhar o melhor é como a própria diz "nunca mais ler" porque de facto não compreende o que é a Literatura. E espero que alunos meus não tenham este tipo de opinião porque aí garantidamente que estarei a passar mal a mensagem.
E para terminar quero dizer que embora esteja contra um post não estou contra o blogue.
Cara Ana: há uma razão para a minha transcrição terminar em ordinário.
Falo da minha opinião relativamente ao livro e ao circo que se tornou o seu lançamento. O seguimento é demasiado pessoal para que tivesse a lata de tomar como meu ou afirmar partilhar do sentimento.
De modo que, quanto ao desagrado relativamente ao conteúdo do resto post, aconselho que o dirijas à sua autora.
A Ana de Amsterdam não se pronunciou no contexto de uma sala de aula, mas no seu diário virtual. Falou da forma como um livro a perturbou, ao ponto de não o querer partilhar, muito menos com pessoas que despreza. A Ana de Amsterdam tem todo o direito de se sentir egoísta e elitista relativamente aos livros que lhe arrebataram a alma. Porque a literatura quando é boa toca-nos no âmago e traz ao de cima o que temos de melhor e de pior. Há coisas dos livros e da arte que não se ensinam nas aulas. Descobrimo-las sozinhos, somos assaltados por elas, como os pensamentos sombrios tão pouco didácticos. Ouvir literatura da boca das Soraias e das Bárbaras é um horror. A literatura não tem de ser didáctica nem tem de ser vendida e partilhada. Só tem de nos perturbar e fazer pensar. E isso nem sempre se partilha, nem sempre se vende, nem sempre se ensina. A febre do didactismo e da prostituição literária dão-me vómitos.
p.s. levar tudo o que a Ana de Amsterdam escreve à letra é não estar disponível para ler e acreditar que ela vai mesmo espetar um estilete. É não estar disponível para o subliminar, para o irónico, para o ambíguo, para o subjectivo. Mais facilmente a Ana de Amsterdam espeta um estilete na Bárbara Guimarães do que deixa de ler. Só um palpite. Ainda bem que ela não tem comentários no blog dela, senão deixava rapidamente de escrever. E eu espero que não deixe, porque no outro dia apanhei um cagaço e andei com a música do Fausto na cabeça duas semanas.
quando eu era adolescente, não queria que ninguém ouvisse a minha música ou tivesse as minhas referências. a minha cultura, a minha arte, eram minhas porque eu era um resistente em relação ao mainstream. ouvir o que ouvia, ler o que lia era um acto de não conformidade, era existir apesar da mediocridade que prosperava à minha volta.
mas depois cresci.
Salvador Dali, Shakespeare e Coltrane foram bem sucedidos. Ganharam fama e dinheiro enquanto vivos.
Basquiat, Kafka e Berio, não.
E eu quero lá saber se uma coisa está na moda ou não. E sinceramente, respeito quem tem a lucidez de dizer que acha ser um grande turn off o sucesso de um autor. Mas se a pessoa, a partir daí, partir para a assunção de que nem vale a pena espreitar porque já há muitos que conhecem e não se quer ser mais um... O que dizer? É no mínimo uma atitude parva.
Vinha exactamente aqui escrever o que o Nuno referiu.
Durante os anos de teenager, pautei-me por essa atitude, principalmente a nível musical. Agora não.
Ora ponham lá o José Castelo Branco a fazer a apresentação do futuro disco dos Massive Attack a ver se me ralo com isso...
Relembra-me também o famoso caso do Big Brother, fazendo a ponte para termos televisivos. Todos chicoteavam o programa, mas todos sabiam o que lá se passava.
E as conversas começavam sempre com: "Por acaso estava a fazer zapping e vi isso..."
Vanda: acho que não percebeu o que quis dizer, ou talvez não me tenha explicado da melhor maneira. Se a literatura ou qualquer forma de arte não fosse partilhada como é que qualquer um de nós teria acesso ás mesmas?! Somente por auto-produção.
E acho que o escrevi para finalizar o meu comentário disse tudo. Leio e sigo o blogue dela porque gosto do que ela escreve e como escreve. Somente não concordei com esse post e daí ter colocado aqui a minha opinião porque estavamos a falar do post em causa. Da mesma forma que não sigo modas também não concordo com todos os comentários e daí ter dito o que pensava em relação ao mesmo porque não temos todas de gostar. Não houve nenhum tipo de ofensa por isso não leve tão a peito o que é escrito por terceiros, leve-os da mesma forma que leva os post´s que ela escreve. Siga o seu próprio conselho (e já agora aproveito para dizer que não estou a provocar ou a ironizar com isto porque já aqui disse que sigo os blogues porque gosto deles).
peço desculpa, mas partilho da opinião da Vanda, e mais, acho que a única pessoa que não percebeu nada do que foi escrito foste tu.
É que não se trata de concordar ou discordar de uma opinião. Em lado algum a autora diz aquilo que entendes que disse. Ela não quer saber se a arte/literatura deve ser partilhada ou não. Ela não está a falar do mundo em geral.
Ela fala dos seus sentimentos em relação às suas obras preferidas, e não há tal coisa de concordar ou discordar de sentimentos. Fala do seu egoísmo e sentimento de posse relativamente aos seus livros, aqueles que mais a tocaram, e que ao tocá-la no seu íntimo se tornaram apenas seus, tâo especiais, não querendo partilhá-los com quem despreza. Mas nada disto é para ser interpretado no sentido literal como fizeste, pois fazê-lo é não entender nada. E não ser capaz de ver a beleza dos seus textos.
"Vivo na ilusão de que o Vergílio Ferreira o escreveu para mim. Gosto de acreditar que, apesar de muitos o terem lido, só eu me deixei envolver por aquela teia de palavras, só eu fui capaz de lhe ir ao âmago porque só eu sei o que é viver dentro de um corpo morto."
Pequena Luna, não acabes com citações de gente que gosta de Vergílio Ferreira. É um autor de merda que tem a atenção que outros maiores mereciam.
E quem gosta é porque gosta de merda, mas há gostos para tudo. Gostos que eu TOLERO, mas que não respeito, porque há limites para tudo e há coisas que não me merecem respeito. Como ler Vergílio Ferreira.
Já decidiste deixar de lado o NABOkov e passar logo para o Bulgakov?
Não, até porque não o comecei ainda. Mas de qualquer forma, esperarei pela minha própria opinião antes de o pôr de lado. Até porque gostei muito d'A Aparição.
Minha querida, tu apenas vai ler porque és «do contra». Se eu criasse uma onda pró-NABOkov tu punha-lo logo de lado.
Há muita gente que diz que gostou d'A Aparição. Do meu ponto de vista é algo impossível, e já o tentei ler muitas vezes antes de o mandar para uma prateleira onde, espero, seja esquecido para sempre. E é só porque aqui em casa não me deixam mandar livros para reciclar.
É uma coisa intragável e que, aposto eu, mesmo sem ter dados científicos que o comprovem, provoca mais danos cerebrais que os telemóveis.
Meu caro, eu não escolho as minhas leituras para agradar aos demais. Vou lê-lo, se me agradar, primeiramente porque o trouxe comigo, coisa que, por limitações de bagagem, não posso fazer a muitos livros, pelo que seria um desperdício não ler os que trago.
Luna, depois de reler os teus posts e comentários e o post da Ana de Amsterdam, lembrei-me de algo que aconteceu comigo (e que talvez seja próximo do que ela escreveu sobre a possibilidade assustadora de Bárbara Guimarães vir a confessar ter como livro de cabeceira um livro tão importante e vivido de forma tão pessoal).
http://www.last.fm/user/troblogdita/charts?rangetype=week&subtype=artists A Last.fm grava todas as músicas que escuto. E tenho um orgulho infantil e assumido em ter um gosto (confirmado pelas estatítsticas) bastante eclético. Isso faz com que a Last.fm me apresente como "vizinhos" utilizadores que partilham uma parte do meu gosto, mas não todo. Segundo o Last.fm, o meu gosto é muito compatível com pessoas que não são compatíveis entre si. E isso enche-me de satisfação. (agora lembrei-me de um texto antigo da Rititi, sobre os nossos amigos serem melhores que os amigos dos outros). Acho sempre que os meus "vizinhos" são os utilizadores mais fantásticos e com gosto mais refinado do mundo. E, mais ou menos inconscientemente, extrapolo o qualidade do gosto musical para a personalidade. Os meus vizinhos, assumo, são pessoas interessantes, cosmopolitas, de mentalidade arejada e caracter benigno.
Ora, recentemente, o Last.fm tem-me apresentado como meu "vizinho", de alta compatibilidade com os meus gostos musicais, um utilizador que usa um avatar racista horroroso. Fui agora mesmo confirmar e o raio do vizinho subiu, é agora a pessoa mais compatível comigo, no universo Last.fm http://www.last.fm/user/theEquivoid
Isto dá-me náuseas. É como se o mais profundo e essencial da minha sensibilidade artística fosse atirado ao lixo. Acho que compreendo o tal sentimento de posse e de singularidade associado às coisas que que mexem mais connosco, que nos estruturam ou nos abalam. Há pessoas que eu não quero que alguma vez digam ter "A Casa do Incesto" como o seu livro preferido ou o álbum "Hemophiliac" como a sua principal referência. Não quero que saibam que a Yoshimi P-We tem um álbum genial com a Yuka. Não quero que chorem, em êxtase de reconciliação emotiva, com "Origami", da Ani DiFranco nem que vejam num certo quadro do Turner a sua relação com um avô querido. Não quero que conheçam a música da Jesca Hoop porque a viram num concerto com menos de 20 pessoas nem que tenham visto o "LP", do Rui Horta, tremendo de assombro e catárse. Acho que, finalmente, compreendi o que te levou a citar aquele texto. Há coisas que são demasiado íntimas e estruturantes para que as deixemos ser de todos. São nossas, porque a nossa relação com elas é única.
(Por acaso, não vi o LP, mas só por acaso, que tenho visto muita coisa do Rui Horta, pelo menos até ter saído do país. Um dos meus melhores amigos compõe para ele, e estando em Pt, não falho uma.)
Além do LP, só vi o Scope. E o espectáculo dos Microaudiowaves que ele concebeu, o Zoetrope. Gostei de tudo, muito. Mas o LP foi uma verdadeira tareia emocional, uma revelação. Não fazia ideia que a dança podia ter um efeito tão devastador e tão bom, tão directo ao coração e às entranhas - fenómeno que só me tinha acontecido com alguns concertos, alguma poesia (e com prosa, muito esporadicamente) e com um espectáculo de teatro específico, do Teatro de Marionetas do Porto, chamado "Paisagem Azul com Automóveis".
Eu continuo a achar que o mundo é enorme e há espaço para Quim Barreiros e para livros como o Código Da Vinci. A escolha de uma pessoa ouvir e ler certas coisas é pessoal.
E mais! Até fico contente! É sempre bom ver as pessoas a lerem livros sem bonecos eirem um pouco mais além d'a Maria e d'a Ana mais atrevida. :p
Os outros livros estarão sempre lá, à espera de quem os saiba verdadeiramente apreciar.
Bjokas
P.S.- eu devo andar muito fora destas histerias, porque até ler o teu blog nem sabia que tal livro existia! :p
Ter a Soraia Chaves a ler o que quer que seja não me traz grande confiança.
ResponderEliminarLuna percebo o que queres dizer com não gostares de entusiasmos colectivos. Normalmente também não gosto embora ache que este livro mereça que entre na onda. No entanto o que a Ana de Amsterdam diz no seu post desagrada-me por completo.
ResponderEliminar"Quero os livros que leio para mim. É uma coisa um bocado parva e elitista mas que assumo. Não faço questão de os partilhar, aos meus livros, com ninguém".
Se não fosse a questão da partilha seriamos garantidamente um país menos informado. Acho fulcral que haja partilha cultural para a evolução de um país.
Quando a Ana disse
"Nunca mais lerei um livro na vida" - isto em função do seu livro preferido e do que Bárbara Guimarães pode dizer sobre o mesmo - Mal de quem gosta de ler se tivesse de andar preocupado com o que uma famosa pode dizer sobre o mesmo em vez do que o mesmo pode provocar em nós e nos outros. Sim porque viver em sociedade é exactamente isso. Saber que há o "nós" e os "outros".
Realmente se calhar o melhor é como a própria diz "nunca mais ler" porque de facto não compreende o que é a Literatura.
E espero que alunos meus não tenham este tipo de opinião porque aí garantidamente que estarei a passar mal a mensagem.
E para terminar quero dizer que embora esteja contra um post não estou contra o blogue.
Cara Ana: há uma razão para a minha transcrição terminar em ordinário.
ResponderEliminarFalo da minha opinião relativamente ao livro e ao circo que se tornou o seu lançamento. O seguimento é demasiado pessoal para que tivesse a lata de tomar como meu ou afirmar partilhar do sentimento.
De modo que, quanto ao desagrado relativamente ao conteúdo do resto post, aconselho que o dirijas à sua autora.
A Ana de Amsterdam não se pronunciou no contexto de uma sala de aula, mas no seu diário virtual. Falou da forma como um livro a perturbou, ao ponto de não o querer partilhar, muito menos com pessoas que despreza. A Ana de Amsterdam tem todo o direito de se sentir egoísta e elitista relativamente aos livros que lhe arrebataram a alma. Porque a literatura quando é boa toca-nos no âmago e traz ao de cima o que temos de melhor e de pior. Há coisas dos livros e da arte que não se ensinam nas aulas. Descobrimo-las sozinhos, somos assaltados por elas, como os pensamentos sombrios tão pouco didácticos. Ouvir literatura da boca das Soraias e das Bárbaras é um horror. A literatura não tem de ser didáctica nem tem de ser vendida e partilhada. Só tem de nos perturbar e fazer pensar. E isso nem sempre se partilha, nem sempre se vende, nem sempre se ensina. A febre do didactismo e da prostituição literária dão-me vómitos.
ResponderEliminarp.s. levar tudo o que a Ana de Amsterdam escreve à letra é não estar disponível para ler e acreditar que ela vai mesmo espetar um estilete. É não estar disponível para o subliminar, para o irónico, para o ambíguo, para o subjectivo. Mais facilmente a Ana de Amsterdam espeta um estilete na Bárbara Guimarães do que deixa de ler. Só um palpite. Ainda bem que ela não tem comentários no blog dela, senão deixava rapidamente de escrever. E eu espero que não deixe, porque no outro dia apanhei um cagaço e andei com a música do Fausto na cabeça duas semanas.
Vanda: obrigada. Disseste aquilo que eu pensei, mas não tive paciência para explicar. Clap clap clap, comentário do ano.
ResponderEliminarquando eu era adolescente, não queria que ninguém ouvisse a minha música ou tivesse as minhas referências. a minha cultura, a minha arte, eram minhas porque eu era um resistente em relação ao mainstream. ouvir o que ouvia, ler o que lia era um acto de não conformidade, era existir apesar da mediocridade que prosperava à minha volta.
ResponderEliminarmas depois cresci.
Salvador Dali, Shakespeare e Coltrane foram bem sucedidos. Ganharam fama e dinheiro enquanto vivos.
Basquiat, Kafka e Berio, não.
E eu quero lá saber se uma coisa está na moda ou não. E sinceramente, respeito quem tem a lucidez de dizer que acha ser um grande turn off o sucesso de um autor. Mas se a pessoa, a partir daí, partir para a assunção de que nem vale a pena espreitar porque já há muitos que conhecem e não se quer ser mais um... O que dizer? É no mínimo uma atitude parva.
Vinha exactamente aqui escrever o que o Nuno referiu.
ResponderEliminarDurante os anos de teenager, pautei-me por essa atitude, principalmente a nível musical. Agora não.
Ora ponham lá o José Castelo Branco a fazer a apresentação do futuro disco dos Massive Attack a ver se me ralo com isso...
Relembra-me também o famoso caso do Big Brother, fazendo a ponte para termos televisivos. Todos chicoteavam o programa, mas todos sabiam o que lá se passava.
E as conversas começavam sempre com: "Por acaso estava a fazer zapping e vi isso..."
Vanda: acho que não percebeu o que quis dizer, ou talvez não me tenha explicado da melhor maneira. Se a literatura ou qualquer forma de arte não fosse partilhada como é que qualquer um de nós teria acesso ás mesmas?! Somente por auto-produção.
ResponderEliminarE acho que o escrevi para finalizar o meu comentário disse tudo. Leio e sigo o blogue dela porque gosto do que ela escreve e como escreve. Somente não concordei com esse post e daí ter colocado aqui a minha opinião porque estavamos a falar do post em causa. Da mesma forma que não sigo modas também não concordo com todos os comentários e daí ter dito o que pensava em relação ao mesmo porque não temos todas de gostar. Não houve nenhum tipo de ofensa por isso não leve tão a peito o que é escrito por terceiros, leve-os da mesma forma que leva os post´s que ela escreve. Siga o seu próprio conselho (e já agora aproveito para dizer que não estou a provocar ou a ironizar com isto porque já aqui disse que sigo os blogues porque gosto deles).
Ana
ResponderEliminarpeço desculpa, mas partilho da opinião da Vanda, e mais, acho que a única pessoa que não percebeu nada do que foi escrito foste tu.
É que não se trata de concordar ou discordar de uma opinião. Em lado algum a autora diz aquilo que entendes que disse. Ela não quer saber se a arte/literatura deve ser partilhada ou não. Ela não está a falar do mundo em geral.
Ela fala dos seus sentimentos em relação às suas obras preferidas, e não há tal coisa de concordar ou discordar de sentimentos. Fala do seu egoísmo e sentimento de posse relativamente aos seus livros, aqueles que mais a tocaram, e que ao tocá-la no seu íntimo se tornaram apenas seus, tâo especiais, não querendo partilhá-los com quem despreza.
Mas nada disto é para ser interpretado no sentido literal como fizeste, pois fazê-lo é não entender nada. E não ser capaz de ver a beleza dos seus textos.
"Vivo na ilusão de que o Vergílio Ferreira o escreveu para mim. Gosto de acreditar que, apesar de muitos o terem lido, só eu me deixei envolver por aquela teia de palavras, só eu fui capaz de lhe ir ao âmago porque só eu sei o que é viver dentro de um corpo morto."
Pequena Luna, não acabes com citações de gente que gosta de Vergílio Ferreira. É um autor de merda que tem a atenção que outros maiores mereciam.
ResponderEliminarE quem gosta é porque gosta de merda, mas há gostos para tudo. Gostos que eu TOLERO, mas que não respeito, porque há limites para tudo e há coisas que não me merecem respeito. Como ler Vergílio Ferreira.
Já decidiste deixar de lado o NABOkov e passar logo para o Bulgakov?
Não, até porque não o comecei ainda. Mas de qualquer forma, esperarei pela minha própria opinião antes de o pôr de lado. Até porque gostei muito d'A Aparição.
ResponderEliminarMinha querida, tu apenas vai ler porque és «do contra». Se eu criasse uma onda pró-NABOkov tu punha-lo logo de lado.
ResponderEliminarHá muita gente que diz que gostou d'A Aparição. Do meu ponto de vista é algo impossível, e já o tentei ler muitas vezes antes de o mandar para uma prateleira onde, espero, seja esquecido para sempre. E é só porque aqui em casa não me deixam mandar livros para reciclar.
É uma coisa intragável e que, aposto eu, mesmo sem ter dados científicos que o comprovem, provoca mais danos cerebrais que os telemóveis.
Meu caro, eu não escolho as minhas leituras para agradar aos demais. Vou lê-lo, se me agradar, primeiramente porque o trouxe comigo, coisa que, por limitações de bagagem, não posso fazer a muitos livros, pelo que seria um desperdício não ler os que trago.
ResponderEliminarLuna, depois de reler os teus posts e comentários e o post da Ana de Amsterdam, lembrei-me de algo que aconteceu comigo (e que talvez seja próximo do que ela escreveu sobre a possibilidade assustadora de Bárbara Guimarães vir a confessar ter como livro de cabeceira um livro tão importante e vivido de forma tão pessoal).
ResponderEliminarhttp://www.last.fm/user/troblogdita/charts?rangetype=week&subtype=artists
A Last.fm grava todas as músicas que escuto. E tenho um orgulho infantil e assumido em ter um gosto (confirmado pelas estatítsticas) bastante eclético. Isso faz com que a Last.fm me apresente como "vizinhos" utilizadores que partilham uma parte do meu gosto, mas não todo. Segundo o Last.fm, o meu gosto é muito compatível com pessoas que não são compatíveis entre si. E isso enche-me de satisfação. (agora lembrei-me de um texto antigo da Rititi, sobre os nossos amigos serem melhores que os amigos dos outros). Acho sempre que os meus "vizinhos" são os utilizadores mais fantásticos e com gosto mais refinado do mundo. E, mais ou menos inconscientemente, extrapolo o qualidade do gosto musical para a personalidade. Os meus vizinhos, assumo, são pessoas interessantes, cosmopolitas, de mentalidade arejada e caracter benigno.
Ora, recentemente, o Last.fm tem-me apresentado como meu "vizinho", de alta compatibilidade com os meus gostos musicais, um utilizador que usa um avatar racista horroroso. Fui agora mesmo confirmar e o raio do vizinho subiu, é agora a pessoa mais compatível comigo, no universo Last.fm http://www.last.fm/user/theEquivoid
Isto dá-me náuseas. É como se o mais profundo e essencial da minha sensibilidade artística fosse atirado ao lixo. Acho que compreendo o tal sentimento de posse e de singularidade associado às coisas que que mexem mais connosco, que nos estruturam ou nos abalam. Há pessoas que eu não quero que alguma vez digam ter "A Casa do Incesto" como o seu livro preferido ou o álbum "Hemophiliac" como a sua principal referência. Não quero que saibam que a Yoshimi P-We tem um álbum genial com a Yuka. Não quero que chorem, em êxtase de reconciliação emotiva, com "Origami", da Ani DiFranco nem que vejam num certo quadro do Turner a sua relação com um avô querido. Não quero que conheçam a música da Jesca Hoop porque a viram num concerto com menos de 20 pessoas nem que tenham visto o "LP", do Rui Horta, tremendo de assombro e catárse. Acho que, finalmente, compreendi o que te levou a citar aquele texto. Há coisas que são demasiado íntimas e estruturantes para que as deixemos ser de todos. São nossas, porque a nossa relação com elas é única.
abraço.
É isso mesmo.
ResponderEliminar(Por acaso, não vi o LP, mas só por acaso, que tenho visto muita coisa do Rui Horta, pelo menos até ter saído do país. Um dos meus melhores amigos compõe para ele, e estando em Pt, não falho uma.)
Além do LP, só vi o Scope. E o espectáculo dos Microaudiowaves que ele concebeu, o Zoetrope. Gostei de tudo, muito. Mas o LP foi uma verdadeira tareia emocional, uma revelação. Não fazia ideia que a dança podia ter um efeito tão devastador e tão bom, tão directo ao coração e às entranhas - fenómeno que só me tinha acontecido com alguns concertos, alguma poesia (e com prosa, muito esporadicamente) e com um espectáculo de teatro específico, do Teatro de Marionetas do Porto, chamado "Paisagem Azul com Automóveis".
ResponderEliminarO Scope vi no CCB, em vésperas de ir para são francisco, e foi o último que pude ver. Gostei bastante.
ResponderEliminarEu continuo a achar que o mundo é enorme e há espaço para Quim Barreiros e para livros como o Código Da Vinci. A escolha de uma pessoa ouvir e ler certas coisas é pessoal.
ResponderEliminarE mais! Até fico contente! É sempre bom ver as pessoas a lerem livros sem bonecos eirem um pouco mais além d'a Maria e d'a Ana mais atrevida. :p
Os outros livros estarão sempre lá, à espera de quem os saiba verdadeiramente apreciar.
Bjokas
P.S.- eu devo andar muito fora destas histerias, porque até ler o teu blog nem sabia que tal livro existia! :p