1 de outubro de 2009

Autocontrolo

Sou normalmente uma pessoa controlada no dia a dia, a ponto dos meus amigos mais próximos me confiarem os seus segredos ou as notícias mais terríveis por contarem com a minha calma e capacidade de não dramatizar nem entrar em pânico, procurando friamente arranjar soluções, e mais, de o guardar para mim por mais pesado que seja. Mas, e aposto que nesta altura já a maioria estará a pensar "controlada, mas ela droga-se?", há sempre um mas, um calcanhar de Aquiles, e esse meu autocontrolo vai todo por água abaixo em confrontos directos sobre assuntos que mexam com as minhas convicções mais fortes ou quando a minha posição sobre qualquer matéria é questionada insistente e exaustivamente. E é então que eu, geralmente tão racional e ponderada, começo a ferver e deixo de conseguir pensar, começando a agir por impulso, e descontroladamente. E é tanto assim ao vivo e a cores, como neste mundo virtual. E daí que venha a propósito mais um pouco de biografia: eu sou a pessoa que, enquanto testemunha de defesa em tribunal, depois de ter respondido umas 20 vezes à mesma pergunta, de repente deu por si com as seguintes palavras a sair-lhe da boca "também não posso garantir que ele nunca matou ninguém, que não passo 24 horas por dia com ele, mas acho que não". Valeu-me a juíza, que já devia estar tão cansada como eu da advogada de acusação, e que em vez de me mandar prender por desrespeito a tribunal, se limitou a pôr fim àquela tortura com um "a testemunha já respondeu que nunca viu ou ouviu dizer que". De modo que não esperem melhor de mim aqui, que não está mesmo ao meu alcance.

1 comentário:

  1. Eu acho que os blogs, os chats e afins são bons testes e uma boa forma de nos conhecermos melhor... confrontam-nos com as nossas próprias reacções e talvez assim possamos reflectir ou até mesmo corrigir determinadas atitudes que até então não tinhamos dado conta que poderiamos ter!

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