Sempre pensei que era o conhecimento profundo de um artista e sua obra que levava alguém a ter a ideia de lhe prestar homenagem. E não que era a ideia de lhe prestar homenagem que levava alguém a ir então conhecer o artista e sua obra. $erá $ó a mim que i$to parece um bocadinho e$tranho?
Não, não é. E bem podiam disfarçar esse desconhecimento, não só em entrevistas, como em concerto. Eu, que não conhecia nada do projecto, assisti ao concerto no Coliseu, porque me convidaram e porque os bilhetes tinham sido oferecidos num concurso qualquer, porque de outra forma não teria ido. Fizeram duas novas versões: Soledad e Rasga o passado. O primeiro só conheciam dos ensaios com o Alain Oulman (via youtube), quando na verdade a senhora já tinha cantado isso em 79, em Milão e em 87, no Coliseu. O segundo, de que diziam que tinha sido cantado em concerto, na Roménia, quando há gravações em estúdio muito mais antigas.
ResponderEliminarMais do que a Gaivota, choca-me sobretudo o Abandono (que nem é um fado que gosto especialmente), - pelo menos a versão ao vivo - em que a mensagem é completamente deturpada. As únicas versões que eventualmente acrescentam alguma coisa é o Medo e o Fado Português. Mas como dizes, no bom não se mexe e aquilo que já é perfeito, não se mexe. Porque se para outro fadista cantar o que a Amália cantou é uma grande responsabilidade (e acabamos sempre por preferir a versão dela), quanto mais quando deixa de ser fado.
eu até entendo em parte o que ela quiz dizer. principalmente para as gerações mais novas, conhecer todo o património que a Amáli nos deixou é mais difícil. Com um projecto mais actual, ainda que ligeiramente diferente, há a possibilidade de originar nos jovens vontade de conhecer o que está por trás do projecto. E nem todos somos obrigados a conhecer a fundo uma coisa para a fazer. Claro, convém. Mas nem sempre é possível.
ResponderEliminarLigeiramente diferente é um grande eufemismo: a única coisa em comum com Amália é a letra dos fados, onde apenas um (que me lembre) - o Grito, é da sua autoria.
ResponderEliminarSe as razões que estivessem por detrás do projecto fossem exclusicamente a homenagem, tenho a certeza que conheceriam a fundo o legado de Amália.
Não, não é só a ti. A mim também me parece €$tranhí$$imo.
ResponderEliminarhomenagem
n.f.
1. HISTÓRIA
(...)
2. prova de veneração, admiração ou reconhecimento;
(Diciopédia)
Acho que neste caso não há qualquer veneração, admiração ou reconhecimento. Há reconhecimento é do que se pode lucrar com tal projecto, isso sim.
Acho um espectaculo que ela tenha a lata de dizer que nem gosta particularmente de fado.
ResponderEliminarFico sempre espantado com a antipatia que levanta qualquer projecto que envolva membros dos Gift.
ResponderEliminarVendo bem, a Sónia Tavares foi super humilde. Caso se armasse em expert, estaria muito certamente a ser criticada também por isso e que soava a falso ou algo similar...
Para mim, uma banda que teve que subir a pulso e distribuir o "Vynil" pelas próprias mãos, terá sempre imenso valor. E sempre que forem arrogantes, até os entendo.
Mas não o são, pelo menos não sempre, tal como tive a chance de constatar mais uma vez ao revê-los ao vivo há 2 meses atrás...
Pois eu comecei a gostar de fado ao som de Mariza e tenho visto grandes espectáculos desta grande senhora que muita gente critica e diz que só grita. Para mim ela interpreta e de que maneira. Dos Amália Hoje gostei desde a primeira vez que ouvi e achei bastante arrojada a forma como pegaram nos fados de Amália. Estive no Coliseu e amei cada bocadinho do concerto. O CD ouço-o quase todos os dias e pasmem-se aos 38 anos é a primeira vez que sinto que gosto de Amália, porque começo agora a dar mais atenção às interpretações dela. E não foi por desconhecimento de causa, cá em casa sempre se ouviu de tudo e há apreciadores de Amália. Mas, e pasmem-se outra vez, nunca gostei de Amália e não tenho vergonha de o dizer. Assim como os Amália Hoje não têm vergonha de dizer que não conheciam o fado e muito menos o fado interpretado ou escrito por Amália. A honestidade está a sair-lhes cara, acontece. Se tivessem omitido também estavam a ser apedrejados, porque se dizia que se via logo que não percebiam nada de fado, mas queriam fama à custa de louros dos outros. Como se os artistas que fazem parte dos Amália Hoje precisassem deste projecto para dar provas na área musical. Eu acho arrojado o que eles fizeram e estão a fazer e se isso der a conhecer o fado a gerações mais novas e a conhecer ritmos mais modernos às gerações mais antigas então só vejo lucro e ganho. Eles nunca disseram que iam cantar fado, eles disseram que iam dar nova roupagem ao fado e nesse propósito cumpriram e muito bem!!! Tenho dito! :-)
ResponderEliminarMas alguém aqui disse mal dos the gift? Eu até gosto de the gift, e não é nada disso que está em causa.
ResponderEliminarEu acho que o Max Next Door tem toda a razão; a Sónia até foi humilde, ao explicitar que não conhecia muito, que foi conhecendo.
ResponderEliminarE acho muito bonito o que diz de Amália...
Como cantora é/foi brutalissima, mas como pessoa... nunca deve ter feito nada por intere$$e ela, era uma santa...
Se isto é tudo à volta de um problema com a palavra "homenagem" parece-me um bocadinho mesquinho. Já percebemos que a Luna não gosta da nova versão da "Gaivota". Daí a começar a ironizar com uma artista (e a primeira frase que escreves é sem dúvida mordaz) já acho um passo um bocadinho mais à frente. Mas os blogs também serve para este tipo de coisas....
Abri a caixinha para deixar o meu testemunho, mas o Man Next Door já disse quase tudo o que eu tinha para dizer.
ResponderEliminarQuanto à questão que levantas, não acho nada estranho que a Sónia não seja uma profunda conhecedora da obra da Amália. Acho que se tratou simplesmente de aproveitar um nicho no mercado que ainda ninguém tinha explorado daquela forma. E goste-se ou não do que eles fizeram (e eu confesso que gosto muito de 3 ou 4 temas) há que reconhecer que se não fosse este projecto, muito boa gente continuaria sem conhecer o original, por exemplo, da Gaivota.
Exactamente: aproveitar um nicho de mercado. Está tudo dito. Com a diferença que eu tenho dificuldade em admirar artisticamente obras produzidas estritamente com o objectivo de explorar um nicho de mercado, especialmente com um nome que vende.
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ResponderEliminarUps, conta errada :)
ResponderEliminarDe acordo.
E de certo aparecerá mais gente a cantar Amália, caso contrário, acabará esquecida musicalmente. É muito fácil continuar a dizer que ela foi o Fado em Portugal, mas se ninguém a interpretar, de que é que valem as suas memórias?
A geração que conheceu a voz da Amália acabará por desaparecer.
Por isso é que os Hoje não me fazem comichão nenhuma: não pagaria para os ver, mas se não existissem também não tinha tido a curiosidade de pesquisar os originais da senhora.
Mas ela será sempre cantada e lembrada, e acho muito bem. Mas pelo menos que o seja pelos que gostam dela e da sua música.
ResponderEliminarEu gosto da maior parte das músicas do CD mas também não percebi muito bem a ideia da homenagem. Lá está, todos nós gostamos de uns tostões a mais no bolso.
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