7 de janeiro de 2010

Caim

Pude finalmente ler Caim, que já me esperava em casa, durante as férias. Caim é um livro menor de Saramago, que para mim fica aquém das expectativas. Tendo lido o Evangelho recentemente, para mim uma das suas obras primas, achei Caim claramente inferior, algo superficial, sem aquele aprofundar da mente e natureza humanas a que Saramago nos habituou, dando-me a sensação de que à introdução onde se descreve o episódio e conclusão onde se demonstra que deus é cruel falta todo o desenvolvimento, como se de repente o autor se tivesse tornado preguiçoso. De qualquer forma é um livro que se lê bem, bem escrito, obviamente, e bastante divertido, algo incomum em Saramago. Não consigo é perceber tanta polémica em seu torno, já que me parece bastante inofensivo, sendo que os episódios descritos são-nos conhecidos desde a catequese, e contados mais ou menos assim, com o exacto intuito de nos provocar um medo do caraças do castigo divino, embora as freiras de facto não acabassem a concluir que deus era mau, mas apenas justo porque o pecado deve ser devidamente punido, mesmo que não seja nosso.

8 comentários:

  1. Já comecei e até agora acho que se lê mas também não me vai ficar na memória. Mas continuo com esperanças que me surpreenda e possa dizer o contrário quando o acabar de ler.

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  2. Gostei da expressão de opinião, belo texto, very Crónicas das Horas Perdidas.
    Também eu adorei o Evangelho, foi o primeiro livro que li do Saramago, no longínquo ano de 1991, e foi esse o que me levou a descobrir os outros livros anteriores. Li os livros anteriores, mas não li mais nada depois do Ensaio sobre a Cegueira, porque o Ensaio sobre a Cegueira aborreceu-me como nunca pensei que um livro de Saramago pudesse aborrecer-me. Considero que o melhor de Saramago se encontra nos livros antes do Evangelho e que Saramago culminou com o Evangelho. Recomendo, se ainda não leste, O Ano da Morte de Ricardo Reis, História do Cerco de Lisboa e Memorial do Convento. Im-perdíveis. Na minha humilde opinião. Entretanto, várias vozes me têm instigado a ler Todos os Nomes. Leste? (e se sim) que opinas?

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  3. Curiosamente o meu preferido é o Ensaio sobre a cegueira. N'O ano da morte de Ricardo Reis peguei, mas não sei bem porquê acabei por pôr de parte por não me estar a entusiasmar, talvez volte a pegar nele um dia mais tarde. Não li nem a História do cerco de Lisboa nem o Todos os nomes, de modo que não sei.

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  4. Olá
    Do Saramago li apenas O Evangelho e "o ensaio sobre a cegueira". Depois disso desisti. Não consigo gostar do tipo de escrita. Mas acho que vou ter que ler este Caim. A minha mãe (fã de Saramago e católica) ri-se às gargalhadas e também não percebe como pode haver tanta polémica.
    boas leituras

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  5. O primeiro livro que li de Saramago foi o Envagelho e gostei muito. Desde aí tentei ler o Memorial,as Intermitências da Morte e a Viagem do Elefante, mas fiquei sempre a meio porque fui perdendo o interesse.
    Acho que sou mais pessoa de Lobo Antunes do que Saramago:P

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  6. a polémica não foi com o livro, Luna, foi com as palavras que Saramago arranjou para justificar o livro... aliás, acabou por ser ele a desviar a atenção daquilo que devia ser o objecto de debate: a obra, e não as boutades do autor... isto faz muita diferença.

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  7. Este teu pequeno texto espelha a hipocrisia do povo português. Começaste por dizer que não está à altura do prémio nobel... mas como é dele..."De qualquer forma é um livro que se lê bem, bem escrito, obviamente, e bastante divertido, algo incomum em Saramago."

    Há que dar valor quando tem e este livro para mim é simplesmente um livro de anedotas!

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  8. O facto de eu não achar o livro uma obra prima do autor, não quer dizer que não seja melhor do que a maioria do que se publica, e que tomara a muita gente escrever assim nos seus melhores dias. É um livro que não se equipara a um memorial ou um evangelho, mas não é um mau livro.

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