27 de fevereiro de 2010

Foragida


Estava para chegar o dia em que me tornasse oficialmente uma fora-da-lei. Demorou trinta anos, mas chegou. Esse dia, ou melhor, noite, foi ontem, quando fugi à polícia de bicicleta. Voltava para casa com uma amiga, que me veio visitar, depois de uma noite de copos, quando um carro da polícia abranda ao meu lado e me perguntam pelas luzes. Digo que se partiu o encaixe - o que é verdade -, enquanto faço contas de cabeça à multa, e eles dizem-me para os seguir, virando à direita uns metros à frente. E foi numa fracção de segundos que decidi virar foragida, ao vê-los parados à direita aí a uns cinquenta metros. Disse à minha amiga para seguir em frente e pedalar mais depressa, metemo-nos pela rua onde nasceu Rembrandt, fechada ao trânsito automóvel, estatelámo-nos ambas com intervalo de dois segundos na ponte levadiça que obriga a mais balanço do que tínhamos dado, levantámo-nos à pressa, atalhámos pelo parque do moinho e em menos de nada estávamos em casa a rir feitas parvas.
Agora, aqui para nós, só mesmo nestes países é que os polícias acham mesmo que as pessoas os irão seguir alegremente para ser multadas, dando-lhes a hipótese de não o fazer. Que totós.

Adenda: Às pessoas que acham isto terrível e abominável, como se tivesse sido um hit and run ou coisa do género, passo a esclarecer: no fundo eles deixaram-nos ir. Foi isso que aconteceu, fecharam os olhos. Se quisessem mesmo apanhar-nos tê-lo iam feito, ok? Era só parar o carro ali mesmo. E não tinham seguido. Só que assim a história não tinha metade da piada que na altura a ilusão da fuga teve. Obrigada por terem conseguido retirar qualquer graça à coisa e conseguirem fazer disto um "crime" gravíssimo contra a autoridade. I should've known I could count with you for that.

52 comentários:

  1. Luna, sua safada :O a fugir a polícia, onde é que isto já se viu? LOL
    mas também não cabe na cabeça de ninguém seguir a polícia de livre vontade para se ser multado :p ahah

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  2. a estas horas eles já sabem que só podia ser uma portuguesa... :)

    nenhum "nórdico" se atrevia a fazer tal coisa...

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  3. Delicioso, Luna! Hats off to you!!

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  4. Hilariante! Nao consigo de parar de rir com a imagem mental da situacao hahahah :)

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  5. Estás lixada na mesma. Pensas que eles não tiraram a matrícula da bici? :P

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  6. E desde quando é que as bicis têm matrícula na holanda?

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  7. Olha! Outro ingénuo como eu, a perguntar pela matrícula!!!
    Tens uma bonita música só para ti no FB ;)

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  8. LOOOOOOOOOL

    E agora uma curiosidade: também passam multas por excesso de velocidade e álcool aos "biciclistas"? XD

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  9. Excesso de velocidade acho que não - how fast can you gi by bike? - mas de álcool sim.

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  10. veja lé se não fixaram a sua cara e, por azar, dão consigo e a levam presa :-)

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  11. Ahahahah! Adorei! Tão bom como os posts anteriores. Valeu a pena o "inocente" delito só para termos este relato fabuloso.

    Claro que agora, quando saires à rua e vires um policia, baixarás sempre os olhos e passarás encolhidinha, com um "culpada" na testa.

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  12. Não resisto a transcrever o comentário da minha amiga Diabba no Facebook:

    «Agora vai começar a ver o retrato robot dela, espalhado pelos caules das tulipas! hihihihihi»

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  13. Se fosses uma nórdica cumpridora de regras terias seguido a polícia... estes latinos, francamente :)

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  14. Acho que o mais assustador são mesmo esses nórdicos e a sua obcessão pelas leis e pelas regras! para um latino, deve ser difícil resistir à tentação de desenrascar-se!
    Hilariante! ;-))

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  15. LOL muito bom mesmo!!! Sim, a esta hora já sabem que era um portuguesa :P
    Se fosse cá ainda te mandava a multinha para casa eheheh :-)

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  16. Não têm matrícula?! Lá está, era o álcool, esse malvado... :P

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  17. Pinta a bicicleta, muda de ares, muda de rua...eles vão andar atrás de ti :-)

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  18. Eu confesso que gosto muito destes países de totós onde os polícias acham que podem confiar nas pessoas e gostava que pudessem continuar a acreditar.

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  19. Rita Maria: eu não matei ninguém, nem atropelei alguém e fugi: tinha a luz partida. Relativemos, sim?

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  20. Eu relativizava, mas acho que isso é o princípio do problema. De qualquer forma, a minha opinião é irrelevante e dou de barato que nao terá vindo nenhum mal ao mundo por tu teres fugido à polícia.

    O que me incomoda é o teu "totós", como se fosse perfeitamente imbecil da parte deles acreditar que alguém fará o que eles acreditam ser o seu dever. Se calhar só porque gosto muito deste sistema anconrado na confiança.

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  21. Rita
    também gosto de um sistema em que me sinto segura, e em que os cidadãos são cumpridores. Mas não conheço ninguém que não tentasse escapar-se de uma multa se pudesse.
    Passa bem, e tenta ser menos judgemental. É chato.

    (Quanto ao totós, fazia parte da graça. Mas cada vez mais vejo que o sentido de humor não abunda por estes lados.)

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  22. Sabes, existe sempre a possibilidade de percebermos que há uma diferença entre pessoas que não se riem das nossas piadas e pessoas que não têm sentido de humor. Será que somos tão engraçados como pensávamos?

    Mas vejo que essa hipótese não te passa pela cabeça, e já me vou embora mais a minha moral chata e o hábito aborrecido de ter opiniões que vão para além do efeito claque, que suponho que seja o que pretendes de uma caixa de comentários.

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  23. Eu achei a aventura divertida. Eu também não seguiria os polícias, o que faz de mim uma imperdoável conivente, até dos «tótós». Podemos reconhecer o erro, podemos tentar fugir às consequências e tornar-nos responsáveis e rir à conta disso.
    Não me pareceu necessária explicação em letra miudinha até ver os comentários.
    Ok, compra já uma data de cruzes e pregos porque digas o que disseres estás sempre a ser crucificada.

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  24. Rita

    volto a explicar: eu não fugi depois de um assalto à mão armada, roubando um veículo de caminho e atropelando umas pessoas entretanto. Eu desobedeci a um pedido da polícia - que nem percebi bem, para dizer a verdade. Foi uma tropelia, uma travessura.
    Não prejudiquei ninguém, não magoei ninguém. Tanto a bicicleta em que eu seguia como a da minha amiga eram minhas. Decidi dar a que tinha luz à minha amiga e levar eu a que tinha o encaixe partido. Estávamos numa zona perfeitamente iluminada, pelo que a minha falta de luz não punha ninguém em perigo.
    E estou convencida que no fundo eles quiseram deixar-nos seguir. Mas pensar que tinha sido uma fuga, especialmente na altura, teve graça. Não espero que alguma vez possas compreender isso.
    Enfim, se não consegues compreender tal coisa, estás no teu direito. Não preciso de claque, mas também não preciso que me venham chagar com falsos moralismos. E não ver o caricato da coisa é sem dúvida falta de sentido de humor. E incapacidade de avaliar a sua dimensão.

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  25. Conheço muitas pessoas que não tentam escapar de multa nenhuma, mesmo que possam, e muito menos se vangloriam das ilegalidades que cometem. Não vale dizer que somos todos iguais, porque alguns fazem uma grande diferença.
    O problema de uma estrangeira que abusa da confiança da Polícia é muito grave, porque agrava as desconfianças em relação a outras culturas. Depois queixem-se que os holandeses são xenófobos...
    Como a Rita, quero que a Polícia continue a acreditar nas pessoas. Que me trate com delicadeza, porque sabe que eu não vou fugir.
    E esse argumento da falta de humor é, esse sim, muito totó.
    Uma ilegalidade não deixa de ser uma ilegalidade só porque a gente a conta a rir.
    Não sei como é a Holanda. Sei que na Alemanha correria um grande risco de alguém a ir denunciar. Porque é no interesse de todos que o sistema continue a funcionar assim, e não se compactua com pessoas que se aproveitam dele.
    E, sinceramente, acho bem.

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  26. Capitu

    não foi só nos comentários, foi fora também. O assunto para mim está esgotado, e já estou quase arrependida de ter escrito a merda do post, que estive quase para não publicar, mas confiei na capacidade de relativizar das pessoas. I was wrong.

    Se quiserem fazer uma denúncia à polícia de Leiden, terei o maior gosto em deixar a minha morada e nome completo. De certeza que os 20 euros da multa farão imensa diferença e pagarão o ordenado ao polícia que desrespeitei de forma tão desprezível.

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  27. Helena

    se quiser, posso dar-lhe a minha morada.

    Passar bem.

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  28. Relativizar, por favor! Relativizar!

    Não conheço todas as comentadoras acima, alguns nomes são-me familiares, um é-me especialmente querido e é de pessoa por quem tenho uma consideração imensa (ela sabe quem é).

    Por favor! Girls will be girls!, isto foi uma travessura, uma infantilidade, e aposto que a Polícia fechou deliberadamente os olhos e até achou graça. A princípio, quando soube (antes da publicação do post) até me preocupei. Ah, e a matrícula da bicicleta? Ah, e depois, isso é uma cidade pequena, apanham-te!
    A Luna não fez um assalto à mão armada. Não prejudicou ninguém. E o que eu começo a achar é que alguns destes comentários começam a fazer-lhe dano. E um dano superior à gravidade da infracção dela.
    Em Direito o princípio da legítima defesa baseia-se no conceito da proporcionalidade (é legítimo ripostar em termos proporcionais, mas não mais do que isso). Acho que aqui a proporcionalidade já está a ser ultrapassada.

    Estamos a falar de uma pessoa íntegra, bem formada, com sólidos valores morais. Ora bolas!!!!

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  29. E só mais uma coisa: nós somos dotados de um cérebro exactamente para saber relativizar, distinguir a gravidade das situações, e decidir quando cumprir ou não as regras e leis. Foram pessoas incapazes de cometer ilegalidades que denunciaram a família de Anne Frank às autoridades. Convencidos que faziam a coisa certa, certamente.
    Mais do que as leis, tento ver a sua justiça e necessidade. E neste caso, não prejudiquei ninguém - desobedeci, apenas. Não acho que daí venha mal ao mundo.

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  30. Tenho estado a assistir a isto de bancada mas, sinceramente, quanto exagero.

    Não digo que seja correcto praticar actos ilícitos, desobedecer à lei mas tenhamos bom senso. Nem me refiro à gravidade do acto mas ao objectivo do post, que seria ter alguma piada (e tem, bastante). Certamente, os senhores agentes ainda se riram com a situação. Levam uma piada para contar em casa, ao jantar.

    Tanto drama mas, claro, nunca ninguém aqui fugiu a uma multa de estacionamento, estacionou sem pôr moeda no parquímetro ou em zona proíbida (refiro-me àquelas sem sinal de proíbição mas que obrigam a distâncias mínimas - passadeiras, sinais luminosos, curvas, etc), furtou uma pastilha ou mastigou uns frutos secos, no supermercado, sem pagar (em criança conta, tá?), por aí adiante.

    Tanta pedra e tanto telhado de vidro...

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  31. Não me consta que a Polícia holandesa de momento esteja ao serviço de um regime totalitário.
    Podem relativizar à vontade, mas isso não altera os factos: desobediência à Polícia é um crime.
    E não compete ao infractor decidir se a insignificância da infracção o autoriza a desobedecer à Polícia.

    Finalmente, e desculpem repetir: estrangeiros que fazem estas gracinhas estão a prestar um péssimo serviço aos outros estrangeiros.

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  32. Helena,
    Apesar do muito que gosto de ti, do respeito que tenho pela tua rectidão, tenho de discordar.
    Acho que isto está a ser largamente exagerado e, repito, neste momento já está a fazer dano à Luna.

    Minha querida Helena: não estarás a ser um bocadinho intransigente?

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  33. Luna pelamordedeus nao deixes nunca de escrever estes posts maravilhosos (lembrou-me TANTO o meu erasmus) por causa de tres ou quatro parvinhos que simplesmente nao percebem!

    adorei!

    Catarina-q-tb-tem-uns-Jimmy-e-nunca-os-calçou-fora-de-casa

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  34. É engraçado ler estes últimos comentários (não resisti, depois da adenda) e constatar que concordo com a Rita Maria, com a Luna, com a Helena e com a Teresa.


    Porquê?
    ...

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  35. Luna,

    Sigo-te regularmente com muito gosto, maneiras que me sinto a modos que "no direito" de te dar - mesmo que não peças / não queiras - a minha opinião.

    És uma pessoa divertida, inteligente, com um sentido de humor cáustico, que fazes muitas vezes reverter contra ti. E eu aprecio as pessoas que sabem rir de si próprias.

    Por isso, gostaria de dizer-te que a forma como sistematicamente sentes necessidade de te "explicares" perante pessoas que não estão no mesmo registo, não "moram na mesma rua" (nem passaram lá perto) não é grande ideia.

    Que diabo, um blog é um blog! Serve para as pessoas lá escreverem o que lhes apetece, mesmo que seja uma coisa absolutamente totó! So what?

    Um dia destes dás contigo, antes de escrever sobre o que te der na real gana, a auto-censurar-te de lápis azul em punho, sobre o que pode ou não pode melindrar eventuais leitores? Plizzzz...

    Escreve, "melher", escreve... sobre polícias holandeses totós, sobre o sistema respiratório dos caracóis, sobre os prazeres do sexo com ovelhas... o que te apetecer, mas com a graça e a irreverência que te caracterizam. O resto são peanuts.

    Beijufas. Maria.

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  36. Maria

    o problema é que eu já me autocensuro muitíssimo, e estive mesmo para não escrever este post. Mas achei que as pessoas seriam capazes de olhar a coisa pelo caricato que ela tem. Não são. Não importa que não tenha feito mal a ninguém, mas ter "infringido a lei", mesmo que com a conivência da polícia. E a partir do momento em que a palavra denúncia é escrita, então penso mesmo que está tudo louco. Tanto nesta caixa de comentários como fora dela.
    Enfim, estou cansada. Mais, estou desiludida. E hoje tive vontade de acabar com a merda do blog de vez.

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  37. Acabar? Big, BIG NÃO. Porque o farias? A que propósito?

    Esse desgaste que sentes é porque desperdiças muita da tua energia em questões laterais e absolutamente irrelevantes.

    "Mas achei que as pessoas seriam capazes de olhar a coisa pelo caricato que ela tem. Não são."

    São, são. Eu fui. Tanta gente foi.

    Ok, às vezes as pessoas não vêem a coisa como nós a pensámos... não estão no mesmo comprimento de onda. Acontece, tudo bem. Não é o fim do mundo. Não pode, sobretudo, ser o fim do teu mundo.

    E depois, há tanta gente que não aprecia o que a Lady escreve... que não percebe pevas do Maradona... que não gosta da Sofia Vieira... sei lá... de tantos outros fabulosos bloggers ...

    Temos pena... Tu tens de escrever o que queres, quando queres. Quem não gostar, azarucho. Mainada.

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  38. Não quero deitar mais achas para esta fogueira.
    Acho que, muito lá em cima nos comentários, a Alexandra definiu muito bem este episódio: um inocente delito.

    Em relação ao resto, ao teu desalento, minha querida Luna, acho que o comentário da Maria é definitivo. Está tudo dito. E eu meto-me num avião e vou a Leiden encher-te a cara de estalos se pensares em acabar com o blogue.E respeitinho, que tenho idade para ser tua mãe! Humpf!

    No mais, na questão de fundo, quem somos nós agora para nos instituirmos juízs de uma criancice que até teve muita graça e não fez mal a ninguém?
    Talvez eu seja uma pessoamenos recta do que julgava,mas continuo a ver este episódio numa perspectiva Monty Python.

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  39. Olá Luna...

    Já tinha ficado chocada com a novela que provocaram aqui nos textos anteriores... mas.... quase fiquei sem palavras quando me deparei novamente com gente "esquisita" !

    Talvez esteja a fazer uma avaliação muito superficial mas, o que me parece é que pessoas frustradas e pouco inteligentes não suportam que sejas uma Mulher bonita, inteligente e com um sentido de humor bem acima da média!

    Não deixes que isto te afecte de forma séria. Não deixes de ser quem és nem que influenciem a forma com vives e escreves a tua vida...

    beijinhos
    Tânia Reis (moimeme)

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  40. Este comentário foi removido pelo autor.

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  41. Bem pois eu tenho a dizer que seria uma totó e acabaria por seguir a polícia, mas isso sou eu que sou mesmo uma totó... porque ficou claro, mesmo antes de ler a adenda que a polícia não te quis multar, porque se quisesse tinha-o feito de imediato. e acho que o tu fizeste não foi nada de grave. Quanto muito prejudicar-te-ia a ti própria.
    Quanto aos outros comentários cheira-me tanto a falso moralismo! Apostava que em certas situações agiriam muito pior.

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  42. Ffiffas

    umas das coisas que torna o episódio engraçado é que eu também. Sim, eu costumo ser uma totó neste tipo de coisas, tanto que comecei por dizer que pela primeira vez na vida, em 30 anos, desobedeci à autoridade. Não teria graça se fosse o pão nosso de cada dia, mas especialmente para quem me conhece e sabe que sempre fui a menina bem comportada da família, a situação é caricata. Sinceramente, nem sei porque o fiz, foi tudo muito rápido, não foi propriamente uma decisão ponderada e pensada longamente. Enfim, o assunto está esgotado. E continuo a achar que haver pessoas para quem a denúncia seria uma atitude normal diz muito mais delas do que de mim. E não digo no bom sentido.

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  43. Eu realmente acho o episódio engraçado e inconsequente e não vejo porque tanta crítica...até porque não acredito em pessoas perfeitas, nem em santos e acho sinceramente que todo o moralismo é falso, se calhar há quem já tenha feito coisas piores e mesmo assim crítique é tipico!

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  44. O problema do poste para mim está naquele tótós. É essa a parte desagradável. Que se pense que pela polícia confiar nos seus concidadãos é tótó.

    De resto é uma travessura.

    Vejam o ponto de vista de portugueses que vivem no estrangeiro e gostam do clima de confiança numa sociedade que se vê junta num mesmo caminho. Nós não queremos reviver a mentalidade do chico-esperto, muito obrigada.

    Concordo com o bom senso e que não temos necessariamente de obedecer a regras, porque são regras. Mas tem de haver uma razão para não abedecer a regras e isso seria toda uma discussão que é um exagero trazer para a defesa de uma travessura.

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  45. Luna,
    Já a visito há muito tempo e devo dizer que não há blog com humor mais cáustico e subtil que o seu. Sobretudo, delicio-me com as suas respostas às provocações dos comentadores. É, sem dúvida, uma mulher da ciência, com tanta capacidade de síntese e precisão de vocabulário. Este episódio está uma delícia - consigo imaginar o vosso stress na fuga e consequente queda (o que me ri com esse pormenor!), tal como estão certos comentários falso-moralistas e as suas deliciosas respostas. É impossível não vir visitá-la todos os dias e não ficar aborrecida quando não há post novo... Por favor, não páre de partilhar esse tão peculiar sentido de humor ou terei de pensar que só há gente burra neste mundo!

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  46. Luna, este post está simplesmente maravilhoso! Quase só superado pelo despautério aqui na caixa de comentários. E eu acho fascinante que, ao fim destes anos todos (estamos velhotas nisto, nós), ainda te dês ao trabalho de responder cordata e explicadamente a imbecilidades. Que cansaço, minha querida! (mas repito: ganda post, fartei-me de rir, muito bom)

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  47. olha pá, eu ja leio o blog ha imenso tempo e nunca tinha comentado, mas achei isto ESPECTACULAR!!!
    :D:D:D:

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  48. como muitos, apesar de acompanhar o blog já há bastante tempo, faço a minha estréia nos comentários para dizer o quanto me estranha a dificuldade que algumas pessoas aparentam ter em compreender que o nosso mundinho é humano, é terreno e é falível e é bom que seja assim.

    mais me espanta do que me causa admiração uma sociedade que não se permite a algumas "peripécias", ainda que contra algumas normas.

    admirável é a cultura amparada na idéia de justiça e não na de legalidade. salvo engano, foi Braudel que relevou o fato de que, para os extremo-orientais, o Direito existe para os bárbaros. vai daí que, na minha modesta opinião, só mesmo uma pessoa que incorporou os valores mais caros de uma sociedade é que, ainda que (ou sobretudo) de uma maneira não totalmente consciente e deliberada, conhece a razão de ser e explora os limites da liberdade - em seu sentido mais estrito.

    noutro lado, dizer que, nessas sociedades, os policiais confiam nos "indivíduos" não me parece apropriado. na verdade, o que me parece é que os policiais confiariam em indivíduos-que-seguem-leis-como-uma-manada-que-segue-o-pasto. quero dizer, pensando na referência de Braudel, que melhor seria se os policiais confiassem em indivíduos que soubessem e respeitassem os valores que permeiam o seu meio, sem se preocuparem com o estrito cumprimento do "dever" legal. não precisariam tê-lo feito, mas se, de fato, os policiais fizeram vistas-grossas, ainda mais rica fica toda essa situação.

    abraço de Minas Gerais, Brasil.

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  49. Luna, apesar deste teu gravíssimo pecadilho, tenho a impressão que vais virar santa: santa paciência!!!!

    Consegui visualizar-vos nessa vossa fuga! ;) Demais!!!

    Beijinhos

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  50. pois eu adorei o post e estava a tentar imaginar a situação deliciosa, desde o tombo às gargalhadas que se seguiram e até à cara dos polícias ao ver as foragidas... :P
    pelamor da santa, quem nunca cometeu nenhuma ilegalidade (muitas bem piores que a que cometeste - supostamente, para mim não há nada de errado) que se revele. acho que o mundo ficava bem silencioso... :)
    não morreu ninguém, o polícia de certeza que não foi penalizado pela multa que não passou, ninguém foi castigado e mais, este episódio ainda proporcionou boas gargalhadas... o que poderia ser melhor que isso? travessura.... :)

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  51. Esta conversa parece a filosofia analítica do dealbar do séc. XX. Mas menos engraçada e mais estúpida. Não posso deixar de contribuir. Vamos relativizar, como disse alguém. Que é como quem diz, vamos lá aplicar a teoria do equilíbrio reflexivo do Rawls a ver se percebemos alguma coisa.

    O problema nem é não cumprir as leis, mas sim as ordens da polícia.
    Imaginem que andam na Escola Primária e estão numa visita de estudo a um qualquer muito degradado monumento português (é difícil imaginar um monumento português muito degradado mas peço-lhes que se esforcem). Porque são muitos, após entrarem no monumento, a professora diz-vos: «Vamo-nos separar em dois grupos. Um vem comigo e outro espera aqui nesta sala até que eu volte. E não saem daqui, está bem?». Passados alguns minutos, dá-se um poderoso tremor de terra (os tremores de terra dão-se?) e o monumento começa a chocalhar por todos os lados. Obedecem à ordem da professora ou fogem porta fora?

    Creio que todos acima fugiriam, excepto a Helena e eventualmente a Teresa, a fim de não fragilizarem a autoridade dos professores e em prol de uma escola melhor. Morreram as duas no fenómeno.

    Moral da historia: nem sempre respeitar a autoridade é o melhor caminho. Agora dizem: mas isto não tem nada a ver. Claro que tem, mas deixo isso para uma eventual resposta.

    E agora a sério.
    Sinceramente, acho que os polícias deviam ter ligado as luzinhasquepiscamnotejadilho e aquelacoisaquefazumbarulhoparecidoatimnónim e ter-te perseguido como nos filmes.

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  52. Loool! :D
    Tens a minha eterna admiração.

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