Tenho uma amiga, a quem vamos apelidar carinhosamente de Samantha, que tem uma visão um quanto avant-garde relativamente a estas coisas das relações. Depois de umas quantas más experiências, dizia-me ela que já não queria cá cafezinhos, nem jantares, nem idas ao cinema, nem essas coisas todas em que geralmente consiste a corte. Não, não. Primeiro vai-se para a cama, e depois se correr bem logo se vê se se vai tomar café, ou ao cinema, ou ao que quer que seja, mas estava farta de perder imenso tempo com aqueles rituais, de começar a criar uma relação com o tipo, envolver-se emocionalmente, para muitas vezes chegar à hora da verdade e correr muito mal, e depois ter de andar a arranjar imensas desculpas e explicações piedosas, e pensar na melhor maneira para acabar com ele, sem lhe estraçalhar o ego, só para não lhe dizer que, na verdade, tinha uma pila pequena.
Embora tenha uma visão um pouco menos pragmática e redutora da questão, percebo o ponto de vista. O que ela queria dizer com isto, também, é que a desilusão é muito maior depois das expectativas criadas. Expectativas essas que só se criam porque não se foi confrontado com a realidade, e que crescem exponencialmente com o adiar do encontro. Ora, numa época de facebooks, blogs, chats, e afins, existe uma enorme probabilidade de que, mesmo que involuntariamente, por uma razão ou por outra, se acabe a falar com pessoas que não se conhece, que nunca se viu, com quem se cria uma ligação. E muitas vezes esse desconhecimento, e curiosidade, dão azo a um certo entusiasmo, criando-se expectativas, quase sempre goradas, quando finalmente se dá o encontro ao vivo. E a pessoa sente-se defraudada, e desiludida, e finalmente irritada, primeiro consigo mesma, e depois com o outro, coitado, que nem tem culpa nenhuma de não corresponder às expectativas criadas, mas que parvoíce, podia lá ser, como é que sequer me passou pela cabeça, então não se estava mesmo a ver, etc.. E isto tudo para dizer que, nestas coisas de se conhecer pessoalmente, quanto mais depressa se despachar o assunto, melhor. Evitar-se-iam muitas perdas de tempo.
eu cá curto mulheres avant-garde. só ainda não vi nenhuma, são ficções acho.
ResponderEliminarEsta, garanto-te, existe, mas está fora do mercado.
ResponderEliminarQuem sabe, sabe... No entanto, há sempre as pessoas como eu, os clichés ambulantes que gostam do romance e do floreado todo... Mas é uma perspectiva a considerar.
ResponderEliminarE a tua amiga parece que se esquece de algo importante: metade (se não muito mais) de uma relação sexual fantástica (aka pelo menos um bom orgasmo) advém da psicologia da coisa; se estás envolvida corre bem melhor.
ResponderEliminarPrefiro o risco de me envolver emocionalmente. Traz vantagens e desvantagens. Mas eu sou uma romãntica. Que quer a prenda, um bonito embrulho e ainda um bónus =)
Eu acho que o contacto virtual é altamente excitante... depois é seguir com a excitaria ao vivo e a cores!
ResponderEliminarNão concordo nada, resumir uma pessoa e uma relação a pila pequena ou pila grande, é por demais redutor. Depois da teoria mulher-objecto, agora também a de homem-objecto.
ResponderEliminarComeço lentamente a pensar assim.
ResponderEliminarEu estou com a tua amiga =)
ResponderEliminarCurioso, eu cá acho que chamar "avant-garde" a esse tipo de mulheres é um gritante eufemismo, mas ao menos sempre esconde um adjectivo menos simpático e usado mais vulgarmente no calão urbano. É uma simples palavra que resume as características debitadas nesse texto, cada vez mais presentes nas mulheres de hoje.
ResponderEliminarPor isso não se queixem se um gajo acabar com vocês só porque, sei lá, têm as mamas pequenas (já que entramos por aí). É um homem avant-garde.
O que safa algumas é que nem têm oportunidade de passar para a fase do contacto físico, pois há quem ainda "tome decisões" mediante a sua personalidade (factores como arrogância, condescendência, mania ou falta de sentido de humor serão, ou não, determinantes). Serão esses considerados "retro"?
Resumindo, a tua amiga acha que mais vale conhecer (e gostar) primeiro do corpo e só depois dar oportunidade ao resto (e correr o risco do gajo ser um retardado de primeira, ergo, ficar desiludida), do que conhecer uma pessoa pela sua personalidade (e gostar) e ficar desiludida porque ele tem um tomate ligeiramente mais descaído.
Nuno, tal como outras pessoas, interpretaste mal, e não chegaste sequer ao ponto a que pretendi chegar com a história, através de um exemplo concreto.
ResponderEliminarO que acontece é que muitas vezes há que "pagar para ver", e muitas vezes as coisas simplesmente não resultam, seja a nível sexual, seja a nível empático. Não tem a ver com literalmente ter pila pequena (ou mamas pequenas) whatever, mas com simplesmente não resultar, e por mais que se fantasie, quando a certo nível não resulta, não resultará a mais nenhum. E às vezes mais vale saber isso quanto antes.
(mas pronto, no dia em que toda a gente perceber o que quero dizer, reformo-me)
P.S. não direi interpretar mal, mas interpretar demasiado literalmente. há que saber ler as entrelinhas.
ResponderEliminarEu entendi as entrelinhas. Já o fiz e não correu bem, mas já fiz o contrário e idem. Cada um usa a pauta que lhe serve, não é? E quem tem que ver com isso?
ResponderEliminarEla tem uma certa razão. Também não temos de lhe chamar outras coisas só por isso...
ResponderEliminarEu insisto: acho que estão a subestimar o poder da sugestão!
ResponderEliminarCapitu: nada disso, o poder da sugestão é enorme, no doubt about it. Mas muitas vezes não passa disso, e a realidade acaba por ser um big flop.
ResponderEliminarAinda acho encantador essas coisas de ir ao cinema, conversar no msn, trocar telefones... Se falarem bastante, nem sempre as coisas acabam de forma tragica, podem ate não dar certo, mas faz com que possamos sentir multiplas emoçoes o que so nos faz bem.
ResponderEliminarBoa Noiite
E quantas quecas dá ela antes de perguntar o nome ao examinando?
ResponderEliminarE porque será que me lembrei imediatamente daqueles dois broncos que ouvi num espectáculo de balett? Os que, ao verem as bailarinas numa dança de sedução, comentaram: "olha-me práquelas, estão com o cio!"
É impressionante, Helena, como adivinhei logo tratar-se de si, pelo tom desagradável do comentário.
ResponderEliminarNeste momento esta minha amiga tem uma relação estável, e feliz, felizmente. Julgue menos, fica-lhe tão mal.
p.s. e não sei porque insiste em vir cá, já que nunca iremos concordar em nada na vida, e estes tons só servem para aborrecer. eu vou lá aborrecê-la? não, pois não? tenha um bom dia.
ResponderEliminarO que tem o ballet a ver com quecas? Há com cada intelectualóide...
ResponderEliminarNaaa, ainda sou old fashion..não vejo as coisas dessa forma.
ResponderEliminarPorque depois há o reverso da medalha..
A "Samantha" tem uma certa razão, poupava-se tempo...
ResponderEliminarBeijos
Segundo percebi, neste post fala-se de sedução e de realidade.
ResponderEliminarA sedução que pode implicar a manipulação das palavras, os objectos (o que é a moda, afinal?...), a construção de um discurso cativante que possibilita o encontro de imaginários. E isso acontece tanto com a Samantha "antes de ser pragmática" como com alguém que sonha a partir de palavras e imagens projectadas num ecran, já que o fascínio nasce de um brilho "oblíquo".
A realidade é outra coisa, claro. E percebo o ponto de vista da Samantha. Porque há características reais que, simplesmente, não têm nada a ver connosco, com as nossas referências. E insistir na encenação da fantasia é, muitas vezes, uma perda de tempo.
Acho que cada pessoa vive relações e sexualidade à sua maneira, e que nestas coisas não há fórmulas certas. Whatever works.
ResponderEliminarAnyway, that wasn't even the point.
Vejo outra vantagem no modus operandis que descreves. Pelo menos assim sabemos logo se o rapaz só nos queria para aquilo ou não e escusamos de estar a investir, sonhar, fantasiar, criar expectativas para depois não dar em nada.
ResponderEliminarEu até gostava de ser mais desligada mas adoro esta coisa do conhecimento, das sms, dos jantares, cinemas, do será que ele me liga ou será que ligo eu, desta treta toda que me fazem mais totó mas que por muito que tente, faz parte de mim.
Esquece Luna, acho que quase ninguém te compreendeu LOL
ResponderEliminarEu percebo a tua amiga porque se calhar vejo as coisas um pouco por ai neste momento. Qual a ideia de fazermos ou deixarmos fazerem-nos toda a corte se no fundo não é esse tipo de relação que queremos? Há mal em estar numa relação carnal apenas por desejo? Por favor, há milhares de pessoas que fazem isso. Não quer dizer que não acabemos por nos ligar à pessoa e depois fazer então todos esses programinhas, e isso aí já independente do ter uma pila pequena ou não (se bem que a meu ver, o tamanho tb interessa ahahah)
Diz a tua amiga que tem o meu apoio, nao que isso lhe sirva de muito, mas pronto =P a vida é feita de aventuras, mas tambem precisamos de outras coisas, por isso se ela agora já está numa relação e está bem isso é que interessa.
Dsc lá a extensão da coisa LOL
O método Samantha tem um quê de verdade.
ResponderEliminarÉ começar pelas miudezas, sendo iscas o prato principal.
Pena é a Samantha não existir para lá do suponhamos.
ResponderEliminarLuna, percebi perfeitamente o que escreveste e tens razão. Olha, tenho uma relação há 34 anos e de facto, o bom entendimento no sexo é (penso) 90% de garantia para os 2 se darem bem. Ele ressona (se morresse, nunca mais o ouvia porque deixava de estar a meu lado). Entendes o que quis dizer? Bjoca.
ResponderEliminarFicou confuso aquilo do ressonar: quando os 2 se dão bem, até o ressonar é música...
ResponderEliminarNão me chateia nada este tipo de "mentalidade" desde que seja dito à priori. Pessoalmente assumo, agora vejo que erradamente, que quando levo uma mulher para a cama, antes dos jantarzinhos, cinemas e afins que a coisa não passará de um one night stand ou no máximo dos máximos terei ali uma fuck buddy, quando pretendem uma relação depois daquilo faz-me confusão, sinceramente. Talvez seja eu que sou antiquado, mas sexo antes de existir um envolvimento emocional não tem a mesma piada.
ResponderEliminarPois eu acho que a tua amiga tem toda a razão. Além do mais, a compatibilidade sexual é um factor muito mais importante do que as tretas que nos possam contar nos primeiros encontros (ainda por cima, cerca de metade será publicidade enganosa).
ResponderEliminarNos encontros que têm por génese o conhecimento virtual passa-se exactamente o mesmo. Quanto mais tempo se demora a conhecer a pessoa, maior a probabilidade de a acharmos totalmente desinteressante.
E isso do envolvimento emocional é tudo muito relativo, como se demonstra pelo facto de não haver envolvimento emocional que resista a má cama.
Grave mesmo é haver homens que dizem que depois de terem sexo com alguém no primeiro encontro não têm uma relação com a pessoa porque lhes faz confusão... Até parece que eles não estavam lá também...
ResponderEliminarOlá.
ResponderEliminarConcordo a 200%.
Ainda assim há quem cometa erros crassos.
Bjinho.
p.s. gostaria de perguntar se posso fazer menção ao seu texto acreca deste assunto no meu blog?
Mto Obrigada.
Concordo em absoluto.
ResponderEliminarAliás, é mais facil dizzer a alguém "pá, detesto a tua personalidade" do que dizer "pá, és uma pessoa altamente, mas o sexo ctg não presta"...
:)