27 de fevereiro de 2011

Oscar para o James Franco, please

Acabei de ver 127 hours. Tinha medo de o ver, confesso. Sabia da história, e sabia que me iria impressionar. Tendo noção de que a versão cinematográfica será mil vezes mais bonita do que a realidade, e de que é de uma história verídica do que se trata. E por isso mesmo andei a adiar. Mas fuck, como diz a Rafaela no facebook. Fuck, fuck, fuck. E porque é que eu acho que mereceria o Oscar? Pela contenção. É daquele tipo de papéis em que muitos se teriam entusiasmado e ido longe de mais, overacting, exagerando na representação daquela situação desesperada. Outros poderiam ter-se deixado levar e não resistido à tentação de puxar à lágrima, de manipular o público. Mas ele consegue manter essa contenção e sobriedade até ao fim, sem descarrilar no retrato, sem se deixar levar numa caricatura, sem nos deixar ter mais pena do que admiração. Sabemos que a maioria de nós teria morrido ali, sem conhecimentos suficientes que nos permitissem sobreviver, e sem coragem para fazer o que ele fez por. Sim, temos instintos de sobrevivência, mas os instintos esgotam-se sem conhecimento e coragem. E resistência à dor. O filme conta uma história verídica, e é por isso que incomoda tanto. Mas ao mesmo tempo, saber que há uma pessoa no mundo que passou por aquilo e sobreviveu, deixa-nos a pensar que somos muito mais fortes do que pensamos. E que há gente extraordinária, mesmo num tempo em que se deixou de acreditar em heróis.

*este sim é filme de Oscars, não a banhada do slumdog millionaire.

11 comentários:

  1. Concordo, concordo e concordo! :)

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  2. ainda não vi esse e se tiver tempo é amanhã. mas tendo em conta o mediatismo atingido pelo "the king's speech" (onde o Colin Firth está muito bem) duvido que o James Franco receba a estatueta.

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  3. Concordo! Também acabei de ver o filme agora. Brilhante inbterpretação, grande actor. Mas de facto e pelo mediatismo do Colin Firth alcançou, não me parece que o James vá ter essa sorte! E é pena.

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  4. 1 - http://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3DSyPBTblkzBI&h=399bd
    2 - Eu também adorei mas não consigo perceber se foi por saber de antemão que a história é verdadeira ou se foi mesmo por ser um excelente filme.
    Acho que o James esteve bem mas não consigo retirar-me da emoção da coisa para o conseguir avaliar convenientemente.

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  5. (O link que queria deixar era este: http://www.youtube.com/watch?v=SyPBTblkzBI)

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  6. eu ainda não superei o medo, especialmente após ter visto o documentário com aquele em quem o filme se baseia. Sinto que não devo. Que não é para ser visto. Não sei explicar. O documentário foi tão forte que duvido que o filme lá chegue. Tentarei ver um dia

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  7. Também achei o filme espectacular. Vamos ver quem leva o Oscar para casa.. não vai ser uma decisão fácil!

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  8. Oh eu gostava da tua versão com "foda-se". Tem tão mais power, não tem? :)

    Gostei muito da tua pequena crítica. Não tenho quase nada a acrescentar.

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  9. Não vi o filme, como não vi ainda nenhum dos nomeados (a seu tempo cá virão parar).

    Pego na tua observação sobre contenção. Mesmo sem ter visto, não posso concordar mais. A tão incensada cena de East of Eden, um James Dean dilacerado e a contorcer-se todo perante o pai a recusar o dinheiro, cena que é incensada, que toda a gente põe nos píncaros, sempre me irritou profundamente. A meu ver, aquele sofrimento deveria ter sido representado de outra maneira. Mas pronto, eram os anos 50, era Strasber, era o método, era o Actors Studio.

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  10. Não vi, vai ser amanhã, mas acredito que seja como dizes, do que tenho visto no trailer ele parece-me estar brilhante, mesmo...
    Mas o Colin é claramente o favorito, e está genial também. Não tenho dúvidas de que vai ganhar.

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  11. Teresa, só para avisar que aqui a je também acha essa cena um exagero e um disparate. Acho que o James Dean estava a goar com o actor que fazia de pai, e ninguém deu conta. Já n'O Gigante ele não resiste a fazer figuraças desnecessárias e estridentes.

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