31 de maio de 2011

Esqueletos no armário

Toda a gente tem um ou dois esqueletos no armário, faz parte de ser humano. A grande diferença é que embora uns tenham mais esqueletos, outros os têm mais dentro do armário. E se todos já fizemos merda, coisas de que não nos orgulhamos, que preferíamos não ter feito, é a forma como lidamos com elas que nos distingue. Eu, desde que me lembro, sempre assumi os meus erros, e mesmo em pequena, quando confrontada com a asneira, sempre admiti imediatamente, independentemente do possível castigo: sim, fui eu. Não saber mentir convincentemente e pouca capacidade de viver em ansiedade ajudam. Manter um segredo dá trabalho, e, admitamos, sou preguiçosa. Depois, como o que custa mais é admitir borradas a pessoas de quem gostamos, sendo isso que realmente nos amedronta e nos leva a esconder, uma vez contando-lhes, vemo-nos livres do peso da culpa. É um alívio. E por isso, aquelas piscadelas de olho, entre o cúmplice e o ameaçador, ao género sei o que fizeste no verão passado, como que a lembrar um rabo preso, raramente funcionam em mim, pois quem interessa também sabe. Afinal, há que tempos que já sacudi os esqueletos todos à janela. 

17 comentários:

  1. Pessoalmente, nem é o não saber mentir. Na verdade, nunca aprendi a mentir melhor, precisamente pelo outro motivo que falas: ansiedade. Mentir dá trabalho e eu prefiro viver tranquila.

    ResponderEliminar
  2. Exacto, é um stress. Tivesse eu que viver com segredos, e já tinha uma úlcera nervosa. Nada paga a tranquilidade e a paz de consciencia.

    ResponderEliminar
  3. Há razões pelas quais as pessoas são amigas umas das outras. E se mantêm como amigas durante muito, muito tempo. A dignidade, a transparência, o ser genuíno e ético são virtudes que não têm preço. E a lealdade aos nossos princípios e valores deve falar mais alto do que tudo. Porque nos deitamos todos os dias com a cabecinha em cima da almofada.
    Gosto (mesmo) de ti, miúda.

    ResponderEliminar
  4. Oh, minha ursosa preferida! :)

    ResponderEliminar
  5. Pois... realmente viver de consciência tranquila é algo a que dou muito valor...


    oi...sou tb novata por aqui...

    ResponderEliminar
  6. Mentir, alem do trabalho que dá, enfraquece laços, magoa muito mais, desnecessarimente e durante mais tempo.
    Quantas vezes apanhamos uma mentira e ficamos horas a remoer e a questionar todo o passado, todas as acções e todas as palavras, pondo em causa não só a mentira mas tudo o veio depois dela?

    A verdade pelo menos só doi uma vez, já vale por isso.

    ResponderEliminar
  7. Só um apontamento sobre a parte final: a cumplicidade não se exibe. Se existe, é silenciosa.

    ResponderEliminar
  8. Atribuo a minha falta de jeito e motivação para mentir ao olhar faiscante de mamãe. Nunca resultava, com ela, e o stress de ter sequer algo a esconder era mais do que conseguia suportar. Ficou-me para a vida, olha a cadelinha de Pavlov ;)

    Mas só tem que saber quem tem que saber. E se quem interessa sabe, o que os outros julgam que sabem pouco interessa.

    ResponderEliminar
  9. E eu, I., e eu. Aliás, eu nem cheguei jamais a tentar, era ela olhar para mim e eu desbroncar-me toda.

    ResponderEliminar
  10. Ui, o que há mais é cemitérios inteiros de esqueletos em armários... Sim, é bom sacudi-los e espanejá-los.

    ResponderEliminar
  11. Aaaah as mães de antigamente...Também tenho uma dessas (boas!) que ainda hoje, caramba!, me apanha logo pelo olhar.
    Quando se soltam alguns esqueletos, de armários próximos, fico de boca aberta com o alcance dos ossos soltos!

    ResponderEliminar
  12. Era mais omitir que mentir. Isso porque esperava sempre pelas perguntas simples e directas. Ainda espero.

    ResponderEliminar
  13. Isso de mentir dá muito trabalho: ter de pensar em algo devidamente convincente (e muitas vezes de forma instântanea), manter a versão até ao dia da morte e ainda ter que se lembrar de todos os pormenores e de todas as possibilidades relativas a essa mesma mentira. Naaa, não sei como é que há pessoas que conseguem.

    ResponderEliminar
  14. Ó Teresa, parece que por uma vez estou de acordo consigo. só umazinha!

    ResponderEliminar
  15. Podia dizer-lhe que fico muito feliz. Na verdade, é-me perfeitamente indiferente.
    Eu nem sei quem a menina é, e também, pela abordagem simpática, não me vou ao trabalho de saber.

    ResponderEliminar
  16. ótimo texto!
    Saber conviver com os esqueletos, faz toda a diferença!

    ResponderEliminar