11 de setembro de 2011

9/11

"Há dias em que não se pode não dizer nada mas não se acha nada que se possa dizer. Como no dia em que morre o pai de um amigo. Ou hoje. Não há nada que se possa dizer que sirva de alguma coisa ou que não tenha já sido dito." 


Miguel Esteves Cardoso, no Público

7 comentários:

  1. Bem dizido. Vou postar no meu FB, con su permiso :)

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  2. Por acaso acho que há muita coisa por dizer, e já é altura de nos deixarmos de merdas e as dizer. Mas isto sou eu, que sou uma pessoa muito desagradável.

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  3. Alguém tem o texto por inteiro?

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  4. Há dias em que não se pode não dizer nada mas não se acha nada que se possa dizer. Como no dia em que morre o pai de um amigo. Ou hoje. Não há nada que se possa dizer que sirva de alguma coisa ou que não tenha já sido dito.

    Mas não se pode falar noutra coisa. Nem que seja através do silêncio. Não está certo, pelo menos hoje, usar o décimo aniversário do 11 de Setembro para apresentar argumentos, lembrar lições, puxar a brasa à nossa sardinha, deste ou daquele lado deste oceano de mar ou de areia.

    Hoje, aceitam-se as politizações, os fingimentos, os oportunismos, as simplificações, as demagogias, os esquecimentos - até as indiferenças. Hoje não conseguimos deixar de julgar e de fazer juízos (somos humanos), mas, ao contrário do que fazemos em todos os outros dias, podemos não exprimi-los e deixarmo-nos ficar calados (somos civilizados), por compaixão por todos aqueles que morreram, sem serem tidos nem achados, neste dia.

    É difícil não dizer nada. Sobretudo será difícil não reagir a tudo o que hoje vai ser dito. Mesmo escolhendo, como escolhemos sempre, os canais pelos quais ouviremos falar deste dia. Falarão noutros mortos. Falarão em vidas que não se teriam perdido se não fossem as reacções ao 11 de Setembro. Até nas vidas que, por causa destas, se pouparam.

    Hoje deixemos dizer tudo. Poderemos talvez prestar um bocadinho menos de atenção, ou dar um maior desconto, ou desconfiar menos do que nos apetece.

    Mas não digamos nada.

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  5. Mas não podemos esquecer. Já tive uma pega muito triste no Facebook com o marido de uma amiga. Ela meteu-se ao barulho e cheira-me que adeus amizade.

    Ele:
    "Não acredito!
    A RTP interrompeu o Sporting para dar imagens do 11 de Setembro!!!!!!
    Mas que merd@ é esta??????
    Tou a borrifar-me no 11 de Setembro! Morreram 3.000 pessoas... sim? Tenho pena! Quanto milhões é que os americas já mataram no globo???
    É o povo mais belicoso do mundo, estão metidos em tudo quanto é guerra por interesses comerciais! Só têm é que se aguentar à bronca, quem vai à guerra dá e leva!
    Não admito que interrompam o Sporting para mostrar um a avião a cair há 10 anos!"

    Eu:
    "E eu não acredito que li isto."

    Ele:
    "Teresa...
    Não tenho direito a ter a minha opinião?
    Tenho de entrar na manada e ser igual a todos?
    Não não sou! Não leio a TV Guia, A Gente, a Hola, e nenhuma dessas revistas que se alimentam da fome do voyerismo dos pobres à volta dos ricos.
    Tenho cabeça, e sou penso pela minha, não por aquilo que os telejornais me querem impingir. Não sou americano.
    E é uma tristeza que os telejornais não dêm esta enfase a algumas datas bem portuguesas, e onde morreram muitos portuguese!"

    Eu:
    "Nem vou discutir. Claro que onze caramelos de camisolas às riscas verdes e brancas são muito mais importantes do que 3000 vítimas inocentes há dez anos."

    E a coisa foi por aí fora.

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  6. Exceptuando o facto assinalavel de a nossa televisao publica ter feito o telejornal do almoço e o da noite em directo dos EUA (com todos os custos desnecessarios que isso implicou), tambem concordo: nada mais ha a dizer.

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  7. http://www.boreme.com/posting.php?id=30699

    Viewer discretion: atenção que é um video bastante perturbador (não a nível gráfico). Nem sei se será errado divulgá-lo, mas creio que de tão poderoso que é, merece ser visto e merece o nosso silêncio e meditação. É este o mundo em que vivemos. Um mundo em que as pessoas vivem de rancores, de cisões, de ódios profundos, de guerras, de interesses, de cobardias, de invejas, de desrespeito pela vida humana.

    Estas pessoas foram vítimas do ódio e da intolerância.

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