7 de novembro de 2011

Não sei o quê da fotossíntese

Durante o meu curso houve algumas cadeiras que foram um verdadeiro pesadelo para passar, a saber: química orgânica e bioquímica, ambas por requererem muita memorização, além de capacidade de visualização de reacções a nível molecular, coisas que nunca foram o meu forte. Ironia do destino, desde que comecei o doutoramento que já tive de fazer síntese química, e descobrir como conseguir certas reacções, e agora, para mal dos meus pecados, devido a reestruturação de departamentos e obrigações para com a universidade, tenho de ser assistente em aulas laboratoriais de bioquímica, coisa em que não pego aí há dez anos. Tenho um protocolo para estudar até quarta, para ao menos conseguir fingir que percebo alguma coisa do que estou ali a fazer.

13 comentários:

  1. Não sei se alguma vez chegaste a cruzar-te com a maravilha que é a "fisiologia vegetal".

    Acho que não me lembro sequer duma única coisa que tenha aprendido nessa cadeira. Tipo, penso nisso e só me lembro das aulas do secundário, de um gajo a abrir milho.

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  2. Ska: não, eu sou engenheira. tive uma única cadeira de bioquímica, que passei à terceira (primeira vez decidi nao ir ao exame, segunda chumbei com 9.2 por me ter enganado nas setas num passo do ciclo de krebs - um ou dois sentidos - e não me lembrar da estrutura da molécula do NADH, até ter resolvido marrar e empinar aquilo tudinho.
    Agora tenho de "ensinar" a isolar, purificar e caracterizar o centro de reacção de fotossíntese de "purple bacteria" que vivem em pântanos com pouca recepção de luz. e estou às escuras. (e por acaso, todas as experiências têm mesmo de ser feitas às escuras, o que é especialmente prático).

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  3. No ano passado apanhei uma assistente de laboratório que não percebia nada daquilo e ainda perguntava-nos (aos alunos) as coisas, no final do semestre disse que não pegava naquilo à oito anos, pelos vistos à muitos mais casos como o teu.

    Orgânica é aquela cadeira que me dá quilos de dores de cabeça :S

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  4. p.s. tive uma cadeira de fisiologia microbiana, de que também gostei muito, e que consistia em decorar as propriedades de diferentes bactérias consoante os seus ramos.

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  5. Éme:

    então ficas a saber que muitas vezes pegam em pessoas de áreas completamente diferentes, e lhes dizem "olha, agora tens de ir ensinar isto". E pensas que dão tempo à pessoa para estudar e perceber bem o que vai ensinar? Nada disso. Eu recebi o protocolo na sexta, para ir ver onde estão os materiais e equipamentos no laboratório e saber o horário na segunda, e começar o curso na quarta...

    Costumo dar um curso por ano na minha área, em que sei o protocolo de cor (que eu criei), os possíveis problemas, as dúvidas, etc, de trás para a frente de olhos fechados, mas neste caso é mesmo fora da minha área.

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  6. Para melhorar os laboratórios sao numa parte do edifício super velha, e rapa-se um frio do caraças. Ao fim da manhã de hoje já estava gelada e farta de espirrar. Estou a ver que tenho de ir dar aulas de kispo.

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  7. eeehhhh... bioquímica e tudo o que seja relacionado com isso para mim é um sofrimento.!! Boa sorte com o relatório. You can do it ;)

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  8. Não é bem a mesma coisa, mas anda lá perto: eu estive 9 anos sem lecionar Português (desde que acabei o curso) e tumba, no 1.º ano em que o voltei a fazer "alambei" logo com 4 turmas...
    Longe de ter sido a pior coisa da minha vida, tenho a dizer que houve muitos momentos de desespero à mistura e muitas dúvidas cabeludas pelo caminho. E como se não bastasse, o programa da disciplina mudou entretanto... É bom demais para ser verdade.

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  9. Formiguita: o pior é que quem vai ensinar, e se o quer fazer bem, sente que deve estar bem preparada, e quando de repente lhe é dada essa responsabilidade sem tempo suficiente para preparação, sente o chão a fugir dos pés.
    Sinto-me muito confiante quando estou a ensinar algo escrito por mim, estudado por mim, onde conheço todos os passos, as partes difíceis, porque é algo que domino. Mas neste caso, não estou à vontade, e sinto que devia estar mais preparada.

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  10. Nem mais. Muitas das fragilidades que senti deveram-se ao facto de eu não possuir um conhecimento prático das matérias: havia conteúdos que sentia nunca ter aprendido verdadeiramente (alguns dos quais aprendidos nos chamados cadeirões, cuja utilidade só muito mais tarde vim a perceber) e lá tive que arranjar maneira de cimentar os meus conhecimentos para os transmitir com a máxima credibilidade e segurança possíveis.

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  11. Quimica e Bioquimica.. o terror!! como te compreendo!

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  12. Been there, but luckily haven't had to do that:) Onde eu fiz o PhD, os assistentes de laboratório eram requisitados a nível de voluntariado e como eu andava sempre a voar de um lado para o outro porque fazia parte de uma Marie Curie Network, nunca tive tempo para isso. Mas de certeza que também entraria em parafuso, especialmente com Orgânica! E também tive que fazer sínteses. Painful, too painful!

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  13. Eu percebo tão bem.
    Quimíca Orgânica x/ ainda não consegui fazer o raio da cadeira.
    Bioquímica I e II já está thank god!

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