1 de fevereiro de 2012

O que eu considero notícias principais e de destaque

- um tremor de terra que causou milhares de mortos e grande destruição - sim
- um trabalhador da construção civil levou com um tijolo na cabeça por acidente e morreu - não

- uma epidemia de e-coli afectando uma ou várias regiões - sim
- o senhor José Manuel comeu um ovo com salmonella e teve uma intoxicação alimentar - não

- cai uma ponte, fazendo várias vítimas - sim
- alguém se atira de uma ponte - não

- um acidente envolvendo um pesado seguido de um choque em cadeia na A1 causando várias vítimas e corte da estrada durante várias horas - sim
- um acidente de viação - não

- um ministro é apanhado a conduzir com 1.4 de alcoolemia - sim
- o Felisberto foi apanhado a conduzir bêbedo - não

- mau tempo causa derrocadas e várias casas são destruídas - sim
- mau tempo causa inundação na casa da senhora Efigénia - não

- estatística sobre diminuição ou aumento por cancro/acidentes cardiovasculares - sim
- o senhor António teve um ataque cardíaco - não

- um incêndio em lar de idosos mata 30 velhinhos - sim
- encontrou-se um velhinho morto em casa - não

Ou seja, não sei se deu para ilustrar bem, mas o que eu espero ao subscrever as notícias principais de um jornal não é ser avisada de cada acidente ou óbito que se dá em Portugal.

(não que não devam ser notícias, mas eu não subscrevo a totalidade das notícias, subscrevo apenas e propositadamente as principais, esperando receber apenas as realmente relevantes para me ir mantendo a par do que acontece no país. em vez disso sou bombardeada com todo o acontecimento local, tendo constantemente de marcar como lidas às 50 notícias de cada vez, que acabo por não ler)

17 comentários:

  1. Infelizmente, quando nada acontece qualquer coisa é notícia.

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  2. A forma como se fazem notícias em qualquer país do mundo é influenciada pelas próprias notícias. Ou seja, a agenda mediática sofre influência dos acontecimentos e hás-de reparar que sempre que cai um avião, durante uns tempos noticia-se cada avião que cai; quando houve assaltos a gasolineiras, durante uns tempos noticiava-se cada assalto; assaltos de caixas de multibanco foram notícia também durante um tempo... E etc.
    Ora, nos últimos tempos a morte de idosos isolados tem sido uma constante. E coloca questões sociais mais profundas que ser apenas uma morte, faz com que se pense na forma como se está a envelhecer e a (não) fazer solidariedade nem a dar importância aos velhotes. Acaba por ser um flagelo como é uma epidemia. Portanto, neste caso dá-se uma dupla circunstância: morrem idosos e noticia-se; morrem idosos isolados e é preciso pensar em formas de diminuir este flagelo. Neste caso, portanto, compreendo-te mas não concordo contigo.

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  3. Desculpa Ana, mas não.

    Eu não disse que não se dessem essas notícias, que elas não passassem, que não constassem no site ou na versão em papel. Acontece que eu não faço subscrição da totalidade das notícias, e se quiser ter acesso a todas basta-me abrir o site do público e lê-las.
    Eu fiz propositadamente subscrição das notícias PRINCIPAIS, e cada óbito de idoso em casa não é uma notícia principal, por mais voltas que se dê. Tal como não são os assaltos a bombas de gasolina. Ao contrário a uma queda de um avião.

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  4. Tudo bem, é a tua opinião, que vês a coisa por "número de mortos"; eu vejo a coisa contextualizada na sociedade onde vivo. Concordemos em discordar.

    E faço uma correcção: quando disse "qualquer país do mundo", quero apenas ressalvar com "democrático".

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  5. Cara Ana

    acho que não está a saber contextualizar o que estou a dizer aqui. e não, nem sequer se prende com número de mortos, mas relevância a nível nacional (catástrofes naturais, saúde pública, acidentes de grandes dimensões, política, etc).
    na menção ao grande choque em cadeia, tinha inicialmente talvez, mas mudei porque de facto, sendo a autoestrada com mais circulação, será relevante para quem nela viaja ou irá viajar, saber se está ou não interrompida, e por quantas horas, por exemplo.

    Não estando em Portugal, não vendo os telejornais, nem tendo acesso aos jornais em papel, subscrevo algumas publicações de forma a manter-me a par do que se vai passando no meu país, procurando receber essa informação de forma resumida e sucinta.

    Ora, uma reportagem sobre o flagelo da morte dos velhotes em casa, sem que se descubra até muito tempo depois será uma notícia principal, tal como será sobre uma epidemia de e-coli ou salmonella.

    Cada caso isolado não é.

    E isto é tanto válido para os velhinhos, como para cada nova pessoa internada com diarreia.

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  6. Há um episódio num livro do Eça em que alguém lê o jornal e vai relatando alto as notícias. Grande terramoto na China mata milhares, seguido de ah e oh, até que chegam à notícia de que a Luisinha desmanchou um pé e há alto coro de comiseração.
    Não mudou grande coisa, pois não?

    Quanto aos velhotes, fiquei estarrecida com uma reportagem num telejornal, em que um vizinho de um par de velhotas encontradas mortas em casa se queixava de não haver apoios e tal. Sublinho: UM VIZINHO. O pessoal não se toca. Se tivesse no meu prédio uma D. Gumercinda nonagenária e não a visse ou ouvisse há dias, era capaz de lhe ir bater à porta, digo eu.

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  7. Muito, muito, muito bom.

    Os senhores da comunicação social, deviam ler isto... é por isso que em Portugal (ao contrário do que acontece nos outros países), o jornal da noite dura pelo menos hora e meia.

    Como diz o senhor meu pai, só dão notícias de encher chouriços...

    Beijoca

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  8. Pena por aí não haver notícias positivas...
    dia feliz*

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  9. Adorei este post. Ridicularizar as notícias de hoje em dia, muito bom! :)

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  10. A única coisa que vejo aqui é que a cada notícia de mais um idoso encontrado morto em casa mais se acentua o facto de não se estar a fazer o suficiente pelo envelhecimento. Mas percebo quando dizes que uma reportagem sobre a situação sim, seria notícia principal, mas cada novo caso não.
    Quanto ao resto não podia estar mais de acordo.
    E gostei da referência da Izzie ao Eça.

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  11. Epá...sim, concordo absolutamente contigo. Quando a notícia de abertura de um telejornal nacional é um acidente de viação na estrada nacional 527 ou a vaga de frio que matou 3 pessoas na rússia, está tudo dito.

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  12. Eu que também já não moro em Portugal, quando procuro notícias portuguesas quero saber coisas de relevância a nível nacional. Não quero saber se houve um assalto numa bomba de gasolina na moita e como é que aconteceu, quero saber se é uma situação recorrente no país. Não quero saber situação particular.

    Não quero saber se morreu mais um velhinho em casa sozinho quero saber se morrem pessoas nos hospitais por falta de cuidados.

    É a diferença entre o geral e o particular.

    Se eu quiser o particular assino a versão online do jornal local e não subscrevo as notícias de Principais de um jornal que há partida já não devia relatar notícias locais como é o caso do Público, que é um jornal Nacional

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  13. ahahahahahhaahah
    perfeito!
    a do ovo é linda :D

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  14. Humm... tanto criticismo!

    Eu acho que tudo tem curiosidade jornalística, dependendo das circunstâncias sim, quero saber porquê um indivíduo saltou de uma ponte...

    Mas sei o que queres dizer! Concordo até.

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  15. Vê lá se reavalias aquela situação de assumirmos uma relação, ok?

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  16. só se o facto de eu nao enviar fotos à scarlett johansson nao for deal breaker.

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  17. Acho que os termos são aceitáveis.

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