13 de abril de 2012

No news is good news, ok?

Quem me conhece bem sabe que se há coisa que odeio fazer é falar ao telefone, e começo a bufar e revirar os olhos quando se alongam muito, despachando as pessoas com grande pinta. Para mim o telefone é para dar recados, comunicar coisas importantes, e pouco mais, pelo que não tenho pachorra para conversas longas nem para trocar 400 mensagens só por que sim. Daí que também não lhe ligue muito, não raras vezes me esquecendo dele em casa, ou no silêncio, ou me esqueça até de o ligar. Ora, e aqui começa o drama da sociedade actual: a pessoa que não atende o telemóvel. E drama porquê? Porque ao não atender o telemóvel, mesmo recebendo 40 chamadas seguidas, como se isso a fosse fazer atender mais, suscita uma enorme preocupação em quem liga, que imediatamente começa a imaginar as seguintes possibilidades, por esta ordem:

1 - morreu
2 - está em coma
3 - desmaiou e está deitada numa valeta
4 - foi atropelada
5 - está no hospital
6 - teve uma trombose e não consegue premir o botão
7 - caiu na banheira e partiu os dois braços e as duas pernas
8 - afogou-se na banheira
9 - foi electrocutada por um relâmpago
10 - caiu o avião (apesar de não estar a dar nas notícias) - desta já conto duas
...
...
...
...
...
491 - está no laboratório a trabalhar
492 - está num sítio com barulho e não ouve
493 - está sem rede
494 - está a dormir
495 - não pode/não lhe apetece atender (cinema, teatro, banho, fazer o amor, etc)
496 - ficou sem bateria
497 - esqueceu-se do telefone em casa/no trabalho
498 - esqueceu-se do telefone no silêncio
499 - esqueceu-se de ligar o telefone (depois de sair do avião)
500 - ainda está no avião!

Por isso pessoas em geral, paizinho em particular: a probabilidade de uma desgraça acontecer é tão grande nos dias em que ligam como nos dias em que não, e a probabilidade de ter acontecido uma fatalidade é bastante menor que qualquer uma das últimas hipóteses mencionadas, por isso esperem um pouco antes de entrarem em pânico e começarem a ligar para os hospitais e todos os contactos possíveis e imaginários. A pessoa eventualmente há-de reparar e ligar-vos de volta.

22 comentários:

  1. Haja alguém que, como eu, não aprecia o tlm! Smart phone? iPhone? Muito inteligente phone? Não, obrigada. Uso-o para mandar msg a quem merece, uma ou outra chamada para dizer o necessário e mais nada. Punkt.

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  2. Eu em relação aos telemóveis sou igualzinho...
    O meu telemóvel está sempre em silencio, e não raras vezes fica em casa, ou no carro...
    Ora sou casado com uma mulher que é super, hiper, mega preocupada... Ela era feliz se eu saisse para ir beber café a 50metros de casa e ligasse quando chegasse (acho que herdou esta panca da mãe...), mas eu detesto ter que chegar onde quer que seja e ligar a avisar... Isto já gerou (e vai continuar a gerar) um sem número de discussões entre nós.
    Já tentei por várias vezes explicar que se eu estivesse em coma lhe ligaria um policia, ou os bombeiros, portanto se não digo nada é porque estou bem...
    Mas ainda não caiu a ficha, por isso ainda não a consegui fazer compreender isso...
    Enfim...

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  3. poça, como te compreendo. acontece precisamente o mesmo comigo. não detesto falar ao telefone, como tu, mas não ligo muito. esqueço-me dele na carteira, em modo vibração, e depois montes de chamadas e mensagens. como não estou fora do país, as pessoas não julgam que aconteceu alguma coisa má, mandam só sms a recriminar-me por não atender, como se eu devesse ir a tribunal ser julgada pelo meu crime. as pessoas que não ligam aos telemóveis nos dias de hoje são ostracizadas da sociedade :)

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  4. Concordo tanto. Foi mais uma escravidão que arranjámos para nós próprios. Quando só havia telefone a fixo, a pessoa ou estava em casa e atendia ou não estava e paciência. Com sorte, alguém estava lá em casa e até ficava com o recado. A pessoa, em chegando, recebia o recado... E devolvia a chamada quando quizesse e pudesse. Tudo isto sem a merda da pergunta do outro lado : onde estás? Era uma paz.

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  5. Sou igual. E não gosto mesmo de falar ao telefone, nem acho piada a mandar 1500 sms por dia a quem quer que seja.
    Agora, por causa da minha filha pequenita que está na creche, tento ter a atenção de o trazer sempre comigo e verificar se alguém ligou. Mas é só agora...

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  6. Ahahahah tenho tido esta conversa recentemente com a minha mãe. O meu tlm perde rede só porque sim e eu não me apercebo. Ora eu tenho de explicar à minha mãe, que lá porque ela liga e o telefone dá sinal de morto....não quer dizer que eu tenha morrido com ele. Nós só morremos juntos se por acaso ambos cairmos ao mar e nos afogarmos. Fora isso a morte de um não implica a morte do outro. Eu posso estar bem de saude e o telefone morto, como eu posso estar debaixo de um camião e o tlm tocar alegremente e ela ficar a achar que eu só estou ocupada no trabalho.

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  7. Só para dizer que hoje pelas 8h da manhã levei com dois raspanetes porque ontem tive todo o dia o telemóvel no silêncio..um da mãe e outro do marido...!! Não tenho pachorra, para telefones...acho que ás vezes até sou um bocadinho mal educada...quando a conversa se está a esticar, dou por mim a responder..."então vá"...a e tal..."então vá"....assim como quem diz..."então vá já chega, o importante está dito, siga...então vá..."

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  8. Eu sou anti-nomophoba (do original no-mobile-phone-phobia). Para quem não conhece ainda o termo e o conceito, aqui fica:
    http://en.wikipedia.org/wiki/Nomophobia

    Esperamos uma melhor tradução para o português (sem telemóvel)

    Nada me dá mais prazer que "esquecer-me" do telemóvel em casa e sim, só atendo quando me apetece! Fica a liberdade de escolha :D

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  9. Olha, afinal eu pensava que havia poucas pessoas assim...
    Acho que se devia pensar em criar uma associação tipo os anti-nomophobicos anónimos, ou qualquer coisa assim...

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  10. e nem imaginam o que me irrita estar com amigos, e nao pararem de olhar para o telemóvel.

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  11. Caneco, sim a tudo. Sou desligadérrima da chatice do telelé. E não entendo pessoal que passa a vida a mexericar e olhar, que chatos.

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  12. nem mais! Além disso... este titulo também é válido para os artigos em processo de revisão...

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  13. Conheces a minha mãe?? Descreveste-a na perfeição. E a verdade é que agora quando lhe ligo e ela não me atende, começo a fazer os mesmos filmes. Isto pega-se!!

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  14. eu tb não ligo muito ao telemóvel, mas confesso que se ligo para o meu namorado ou para os meus pais e não me atendem começo logo a pensar se terá acontecido alguma coisa lol

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  15. Xiii, Luna! Vou ter de roubar isto, imprimir e colar no frigorífico de todos os meus amigos e familiares que acham que sou maluca, mal-educada e MÁ!

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  16. confesso que sou um pouco dependente do telemóvel, mas também já fui mais - vá, não comecem já a apedrejar-me - e que adorei o teu post.
    é que como sou mto distraída e não amiúde, deixo o telemóvel no silêncio ou noutro lado qualquer, também sofro, na pele o que reportas.
    Lindooo!
    (já te tinha dito que adoro os teus posts?)

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  17. Putz, nem mais, o telefone é pra dar recados :D e essa ditadura da disponibilidade 24h/dia, 7 dias/semana é coisa de gente louca e carente. óbvio que nao falo do teu pai, porque isso é preocupação, mas esse povo que não aguenta que o outro nao existe só pra o servir começa a deixar-me doente. mentalidade de criança de 3 anos, eu sou o centro do universo. olha, Luna, deus nos defenda...

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  18. Eu já expliquei milhares de vezes que rejeito as chamadas dela para lhe ligar a seguir, porque eu não pago a chamada. Mas cada vez que lhe rejeito as chamadas, ela desata a ligar-me furiosamente, não me dando tempo de lhe ligar eu... e faz questão de gastar dinheiro, deixando mensagem... moral da história: agora deixo-a gastar dinheiro, mas ganhei em paz de espírito!

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  19. Ahahah, a minha mãe é tal e qual. E depois liga-me imensas vezes seguidas, como se meio segundo fosse fazer a diferença! Mas vá, eu confesso aqui que o telemóvel é um acessório importante para mim. E quando alguém vai viajar ou fazer qualquer coisa a horas mais "duvidosas" e não me atende o telemóvel eu também penso primeiro em todas as desgraças possíveis, até falar comigo mesma e pensar "Agnes Maria, não sejas totó", em geral resulta um bocadinho!

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  20. Acho que foi muito saudável colocares este "post", Luna. Estou com a Isa, aqui. A minha mãe era assim e tive de ser mao, isto é, mau e educá-la dando-lhe um enorme "chega-para-lá" já há uns anos largos atrás. Não há paciência para stalking familiar, mesmo que travestido de "amor". Não é amor, é doença.

    Se as pessoas têm um vazio nas próprias vidas que o preencham ou se deitem no divã do psicanalista mas não queiram sugar a vida dos filhos e/ou companheiros. São carências como a Isa diz. E pega-se mesmo, cria uma necessidade, como diz a Kiss me e a Stantans.

    Claro que no fundo o pequeno Édipo ou Electra que mora no fundo de nós sente-se bem com tanta atenção desmedida e em continuar a ser o centro do mundo do papá e/ou da mamã ou companheiro/a namorada/o mas não é saudável, é uma dependência, algo está errado no Outro.

    E claro, papás e mamãs, há uma diferença entre os vossos filhos terem 3 ou 30 anos. No entanto Kity, penso ser normal um companheiro/companheira perguntar-se porque é que o telemóvel esteve 24 horas em silêncio... Sei lá, a Kity podia ter-lhe dado um tok para saber se estava tudo bem com ele, digo eu... 1 tok da mulher/namorada (ou do marido/namorado) é diferente de dezenas de chamadas compulsivas da mamã ou do papá quando já somos grandinhos. :)

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  21. Detesto os telemóveis. Detesto. E muito o registo das chamadas não atendidas que me obrigam a retornar. Isso e a caixa de mensagens, mas essa já acabei com ela há anos.

    Para algumas pessoas o telemóvel é como um comando remoto (e a aquela pergunta boa do "onde estás?") . Irrita-me. Não nestes casos, quando são os pais, ou família próxima, que ficam preocupados, mas quando dão azo a gente sem noção. Então os que ligam fora de horas, só porque sim e que jamais o fariam para o fixo, chateiam-me.

    O mais engraçado é que há uns anos as pessoas viviam perfeitamente, comunicavam perfeitamente e sem telemóveis, mas nem vou por aí. Enfim, um mal necessário, ou coisa parecida.

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  22. se eu não respondo o telefone a minha mae acha logo que é uma combinação de 1 e 3, morri numa valeta... saudades de quando no havia telemoveis...

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