23 de outubro de 2012

"DISPARITION"


Retrato do progressivo desaparecimento no escuro e cada vez maior invisibilidade da mulher na sociedade devido à repressão fundamentalista e o uso obrigatório do niqab, pela fotógrafa iemenita Bouchra Almutawakel.

E aviso já que mando para o caralho quem me vier com a conversa de que é tudo de livre e espontânea vontade e não sei mais o quê como de costume. É que já nem me vou dar ao trabalho de argumentar.

58 comentários:

  1. Dá direito a um nó na garganta. E nó na garganta é também o que merecem esses fundamentalistas selvagens.

    ResponderEliminar
  2. Uau, tão bom. [as imagens, entenda-se]

    ResponderEliminar
  3. está-me a fazer falta uma primeira fotografia em que a mulher não tenha a cabeça coberta.

    ResponderEliminar
  4. Dado que é um retrato do médio oriente, creio que nunca houve cabeça descoberta para começar. :(

    ResponderEliminar
  5. A evolução do sorriso está brutal.

    ResponderEliminar
  6. É triste que assim seja mas é verdade! Aqui em Inglaterra vejo imensas miudinhas com véu na cabeca! Tipo 5 ou 6 anos (um horror)! Concordo contigo quando dizes que nao tem nada a ver com liberdade e livre e espontanea vontade! Cada x acredito menos que seja uma escolha, senao porque raio é que 3 geracoes nascidas em Inglaterra e ainda usam o raio do véu? E ainda o véu nao é o pior! A cena é que se ve pessoas na rua com a indumentaria completa (luvas e tudo)! Uma tristeza!

    ResponderEliminar
  7. Brutal!

    Faz-me muita impressão, ainda mais a criança e a bebé. Que horror.

    (e mandas muito bem, já não há saco)

    ResponderEliminar
  8. A coisa mais engraçado que eu vejo aqui é a tua "paixão" pela defesa dos direitos não só da mulher, mas humanos.
    Tu bates-te com alma e coração nesta questão como em nenhuma outra.
    Gosto disso.

    ResponderEliminar
  9. Ana 100 sentidos

    é um assunto que me tira do sério, e todos os dias há notícias de abusos. Seja a míuda de 14 anos baleada porque defendia o direito à educação, ou o corte do cabelo a raparigas que escolheram nao usar o véu.

    E obrigada por elogiares esta minha pequena "obsessão". Acho que a maioria dos leitores me acha apenas chata, irritante e reperitiva neste assunto.

    ResponderEliminar
  10. Sabes o que me custa? Ter uma prima que anda embeiçada por um anormal e às custa disso já mudou de religião! Idiotas!

    ResponderEliminar
  11. É coisa para mexer bastante comigo também. Tenho uma amiga que trabalhou alguns meses no Médio Oriente e teve que se tapar completamente. Ainda por cima, trabalhava em engenharia, era a única melhor na plataforma e diz que ninguém ouvia a opinião técnica dela! Não podia usar a mesma entrada dos homens, nem apanhar o mesmo autocarro (havia um shuttle só para ela)... foi uma descrição que me impressionou imenso.

    ResponderEliminar
  12. Luna, podia falar-te, por exemplo, no Egipto, onde depois de vários anos a descoberto elas decidiram voluntariamente regressar ao véu. Mas não quero que me mandes para parte nenhuma . :)

    ResponderEliminar
  13. Cuca,
    voluntariamente, claro. Esqueçamos a notícia que publiquei aqui há uns posts atrás onde uma professora egípcia cortou o cabelo às alunas que resolveram não usar o véu voluntariamente. Assim só naquela de avisar...

    ResponderEliminar
  14. p.s. a liberdade individual é muito encorajada. desde que perfeitamente consciente das consequências...

    ResponderEliminar
  15. Voluntariamente, sim, Luna.
    Não foi essa professora que provocou a alteração (aos nossos olhos retrocesso) de hábitos culturais que houve há uns anos. Numa altura em que tive que escrever sobre as mulheres do islão, percebi que o assunto não é tão linear como parece quando visto sob os nossos olhos.

    ResponderEliminar
  16. Claro.
    E a voluntariedade que esta professora deixou bem clara é que toda a voluntaridade é aceite, desde que consista em usar o véu.
    de facto, nada linear, dá imensa margem a interpretação (e a liberdade de acção).

    ResponderEliminar
  17. e claro, nao foi a professora quem provocou coisa nenhuma. a culpa foi das cadelas vadias que resolveram restringir a norma. culpa delas. deviam era ter sido também chicoteadas.

    ResponderEliminar
  18. Luna, eu também sou uma leitora que te dá os parabéns pela tua luta e defesa constante da liberdade relativamente a este assunto. E concordo plenamente contigo quanto à voluntariedade! Não me gozem...

    ResponderEliminar
  19. Cuca, tende paciência. O facto de as mulheres terem regressado "voluntariamente" ao véu não teve nada que ver com o facto de um partido islâmico ter ganho as eleições? Ou com, desde sempre, assim correrem menos riscos de serem insultadas, ou violadas?
    Caramba, já se esqueceram do que aconteceu a uma jornalista americana na bela "revolução" egípcia? E como foi salva só graças a um grupo de mulheres, que a resgatou, quando estava a ser gang raped por um bando de cães com cio?
    Tenha paciência, o Egipto vende-se como um baluarte da modernidade e tolerância, mas é a pátria da al quaeda e a capital do califado (google it)

    ResponderEliminar
  20. E não foi só uma. Além da Lara Logan, também foram atacadas Mona Eltahawy e a britânica Natasha Smith (, que conta tudo em detalhe na primeira pessoa aqui:

    http://natashajsmith.wordpress.com/2012/06/26/please-god-please-make-it-stop/

    e a notícia aqui:

    http://edition.cnn.com/2012/06/27/world/meast/egypt-journalist-assaulted/index.html

    ResponderEliminar
  21. Mas porquê o massacre de negros, judeus e mulheres em geral? Em quase todos os períodos da história as mulheres foram massacradas e tratadas como um ser inferior que apenas serve para satisfazer as necessidades dos homens. Sempre houve "minorias" mal tratadas e as "maiorias" voltavam a cara (talvez com medo que lhes acontecesse o mesmo).

    ResponderEliminar
  22. Não Izzie, não teve.
    Mas ainda que tivesse, tratar-se-ia de ganhar eleições, certo? Em países democráticos, certo?

    Fica aqui um link para quem tiver algum interesse em perceber um bocadinho mais sobre o assunto dos véus no islão:

    http://www.bocc.ubi.pt/pag/schouten-johanna-mulheres-islamicas.html

    ResponderEliminar
  23. Não sei se sabes, Luna, mas também já existiram várias mulheres "atacadas" por quererem livremente usar os seus véus e isso perturbar algumas consciências ocidentais. No link que postei, há alguns exemplos (e olha que o texto não é propriamente pro-veu, mas serve para se ter uma ideia da complexidade que envolve esta matéria).
    Não se confundam as coisas. É evidente que há alguns países do Islão que tratam as mulheres de uma forma inaceitável e é também evidente que há práticas que são violadoras dos direitos humanos.
    Esta matéria da "vestimenta" é uma questão menor.

    ResponderEliminar
  24. Não me parece que a questão da vestimenta seja menor, porque é a manifestação exterior de um status quo. Como se conclui no estudo citado:

    "No entanto, frequentemente o uso do véu é imposto. Também no caso em que quando uma mulher se veste desse modo para se sentir mais à vontade fora do seu círculo de familiares, ela está a obedecer a regras estabelecidas por homens. Só criando (pela sua roupa) uma área bem delimitada para ela, pode ter um lugar no espaço público, dominado por homens. Assim, o uso do véu é inerente a um regime patriarcal. O Islão sublinha a diferença intrínseca dos homens e mulheres (que deve ser acentuada pela forma de vestir), e o desejo de uma certa separação entre os dois géneros. Segundo muitos Islamitas, a diferença não será em termos de superioridade e inferioridade. No entanto, os homens encontram-se numa posição de poder porque o espaço público é o terreno atribuído a eles."

    Ou seja, e não tive tempo para ler tudo, o véu simboliza a inferioridade feminina e sujeição, ou submissão, a um regime fortemente patriarcal, e no qual a mulher pouca importância tem, para além de parideira.
    Acrescento que o resguardo da virtude feminina, seja em que cultura - católica, islâmica - tem um único fim, servir e manter o poder masculino, garantindo que os filhos são do patriarca e é o seu adn que é preservado e continuado. deunoslivre das mulheres livres, que escolhem o pai dos seus filhos. Que, aliás, é a regra da natureza.

    ResponderEliminar
  25. Izzie, o interesse de se olhar para o estudo, que encontrei por acaso, não são as conclusões. Conclusões, cada um tira as que quer. É perceber que o assunto não é linear e que, se calhar, se juntares todas as mulheres do islão (e lembra-te que nem todos os países do islão são iguais) e lhes perguntarem se querem o véu, elas vão-te dizer que sim, que querem.
    E não vale vir para aqui menorizar vontades e dizer que não sabem o que querem ou que não têm vontade livre.

    ResponderEliminar
  26. Cuca, não me diga o que vale e o que não vale. Não é a Cuca que define como se discute determinado assunto. E as conclusões, dado que se trata de um 'paper', têm mais importância que parece - ou já vale dizer que o sumário do que se expôs não vale?

    Primeiro definamos o que é liberdade, depois analise-se se a vontade de usar véu é livremente determinada. Se eu decidir usar véu, ou burka, ou louboutins, ou saia plissada, ou fazer nudismo, pode crer que é uma vontade livremente determinada. Ninguém me constrange para um lado ou para o outro. Sou dona da minha vida, fui criada e instruída em liberdade, e ganho o suficiente para não depender de ninguém. E vivo num país onde posso usar ou não véu, saia plissada, salto alto ou raso ou fazer nudismo. E votar. E pensar. E aprender a ler. E escrever.Vejo muito pouca gente a dar valor a estas pequenas coisinhas.
    Só quero uma coisa: deem às mulheres islâmicas o mesmo starting point (instrução, autonomia, poder sobre a sua vida), e se ainda assim elas quiserem usar véu, por mim tudo bem. Respeito a decisão de qualquer pessoa livre, como respeito quem se tatua ou faz um piercieng, embora eu não o fizesse. Mas neste momento estão como os pobrezinhos: não escolhem comer pão duro, é só o que têm para comer.

    ResponderEliminar
  27. Lembrei-me agora de uma reportagem que a São João publicou no seu febre dos fenos. A reportagem é feita em Bruxelas e mostra a forma como as mulheres são tratadas no dia-à-dia (como verdadeiros nacos de carne). Viste?
    E isto é na Europa!

    ResponderEliminar
  28. Eu não defino coisa nenhuma. Limitei-me a dar minha opinião que é apenas no sentido de que a questão do uso do véu não é linear e que também deve ser entendida à luz da cultura e da história do islão.
    É apenas a minha opinião.
    Não posso, no entanto, deixar de referir esse curioso paradoxo da nossa sociedade livre, pensante e democrática, que é o facto de por eu deixar aqui um comentário levemente discordante, começar imediatamente a receber hate mails, coisa que nunca me aconteceu em vários anos como blogger.
    Com as devidas as desculpas à Luna, que, naturalmente, não tem nenhuma culpa nisso.

    ResponderEliminar
  29. À luz da cultura católica/protestante ocidental eu estava em casa a lavar panelas e a levar do marido, mas felizmente a idade média já lá vai.

    E espero que essa dos hate mails não seja uma insinuação para o meu lado - o meu mail está no perfil e de lá não saiu nadinha.

    ResponderEliminar
  30. Cuca

    creio que aqui nesta caixa a discussão tem sido civilizada, e fico deveras chocada por receber hate mails por causa disso.

    ResponderEliminar
  31. Luna, também eu sou completamente solidária com os seus posts. É um tema tão actual, e a verdade é que é algo que nos pode calhar daqui a uma ou duas décadas.
    Só para recordar que o ritmo de crescimento de muçulmanos em Oslo é tão elevado que se prevê que 2040 serão em número suficiente para elegerem o presidente da câmara.
    Medo...

    ResponderEliminar
  32. " E vivo num país onde posso usar ou não véu, saia plissada, salto alto ou raso ou fazer nudismo"

    Se vives em Portugal, fazer nudismo não podes.


    "Não posso, no entanto, deixar de referir esse curioso paradoxo da nossa sociedade livre, pensante e democrática, "

    Se fores ver outras conversas do género aqui no blogue, vais ver várias pessoas a virem sempre com esse argumento e que isto é uma afronta à liberdade das mulheres, e depois com a maior naturalidade do mundo logo a seguir dizerem que as mulheres deviam ser proibidas de usar véu (pode-se resumir como «podem fazer tudo, desde que seja o que eu acho bem elas fazerem»).


    "e fico deveras chocada por receber hate mails por causa disso. "

    Aconteceu-me o mesmo a mim da última vez que andamos a discutir isto aqui no blogue.
    Mas nem foi preciso ser hate mail, na própria caixa de comentários desejaram-me que alguém me devia castigar fisicamente por eu achar que as mulheres devem ter a liberdade de usar ou não o véu (e não serem obrigadas a não usar como essa pessoa defendia).

    ResponderEliminar
  33. asmelhoresfrancesinhas:

    não fazia ideia, e como é óbvio, não tenho nada a ver com o assunto.

    ResponderEliminar
  34. Acho que a Cuca mistura: origem do véu e uso nas sociedades tradicionais; uso e não uso do véu nas sociedades islâmicas a partir do século XX; poder de imposição do uso do véu.
    - a origem do véu já não se discute, assim como não se discute a visão católica da mulher que a Izzie retratou. São factos tão regiliosos, quanto históricos. É sempre bom conhecer mas a discussão é estéril;
    - o uso do véu durante o século XX sofreu interrupções; por vezes serviu de instrumento de afirmação da identidade cultural islâmica contra os "sugadores" de petróleo estrangeiros. Pense-se no Ayatollah Khomeini contra os britânicos e americanos. Buscou exílio em França como muitos portugueses o fizeram antes do 25 de Abril. Outras vezes, foi a proibição do véu que trouxe "ventos de liberdade", tipo, Argélia.
    -já o poder de imposição do uso do véu, esse é inegável. A própria expressão "elas decidiram voluntariamente regressar ao véu": que mulheres? quantas mulheres? todas as egípcias? as só residentes também? ou, mais importante: incluem-se forçosamente as que o não querem fazer? que sanções se prevêm para quem não use véu? que sansões se prevêm para quem moleste uma mulher que opte por não usar véu? Basta isso estar em aberto, que existe uma imposição. O equilíbrio é difícil ou impossível de obter mas, quanto a saber se há ou não, imposição do véu, os factos são claríssimos.

    ResponderEliminar
  35. "não fazia ideia, e como é óbvio, não tenho nada a ver com o assunto."

    Nem eu quis insinuar tal coisa!

    ResponderEliminar
  36. asmelhoresfrancesinhas, acho que o nudismo é permitido no nosso país, desde que seja em praias próprias. Há por exemplo uma em Porto Côvo que é de nudistas. Penso que não é permitido fazer é nas praias no geral, apenas nas assinaladas :)

    ResponderEliminar
  37. Gosto muito quando se junta liberdade com religião! Também deve ser de livre vontade que crianças de 9 e 10 anos se casam com homem de 40! Ah pera, lá está, é a religião e a tradição e o caraças que serve para justificar tudo! Estou sempre distraida...

    ResponderEliminar
  38. "asmelhoresfrancesinhas, acho que o nudismo é permitido no nosso país, desde que seja em praias próprias. "

    Exato, é permitido em praias próprias (por acaso em praias "normais" não sei muito bem como funcionam as coisas). E em vários outros sítios, inclusive até na rua desde que ninguém se queixe (se levarmos a lei à letra, na prática não é bem assim); já noutros sítios (como escolas) é proibido.
    Mas não é permitido em todo o lado, por isso a liberdade de fazer nudismo não é absoluta.

    ResponderEliminar
  39. Um amigo foi ao Afeganistão (ou lá o que era) fazer a cobertura da guerra, e trouxe-me de lá uma burqka, daquelas azuis, que na abertura dos olhos tem uma renda e que cai até aos pés.

    É absolutamente impressionante o efeito que aquela merda tem, assim que é colocada. Pode ser tudo psicológico, e é, mas a verdade é que eu visto aquela porcaria e sinto-me, imediatamente diminuída e altamente desconfortável. Nem a tenho em casa. Está no trabalho. Sempre que me vêm com as tretas da "tradição", "usam porque querem", eu enfio-lhes aquela porra pela cabeça abaixo. Sejam homens ou mulheres. É remédio santo.

    ResponderEliminar
  40. Jonas: nunca vesti nenhuma e espero nunca o fazer, mas imagino que seja essa a sensação.

    ResponderEliminar
  41. Luna, em relação a um comentário que escreveste lá mais em cima, o de "não haver uma cabeça destapada para começar": desde há uns meses que tenho pesquisado sobre a situação destas mulheres a partir dos anos 60 e 70 até agora e tenho reparado que havia, curiosamente, muitas cabeças destapadas há 50 anos! Muitas mais, infelizmente do que agora. Em países como o Irão as mulheres tinham direito de voto, era-lhes permitido exercer cargos políticos, trabalhar em quase todos os mesmos empregos que os homens e até podiam usar mini-saias! (http://www.flavorwire.com/165011/photo-gallery-iran-before-the-chador a foto foi tirada no Irão). Agora estão barradas de quase todas as profissões, são obrigadas a usar a burqka e (vi na wikipédia): representam apenas 30% da força laboral do país quando há 1.22 mulheres para casa 1 homem!

    Se não fosse a Revolução Iraniana nos finais dos anos 70, e a subida ao poder dos Ayatolas, que vieram foder tudo, elas hoje em dia poderiam estar em pé de igualdade com as mulheres ditas ocidentais. E o pior é que até agora, ainda conseguiam ter a vantagem em algumas coisas, especialmente no acesso ao ensino superior, mas neste ano (2012!) um grande número de universidades decretou que a maioria dos cursos só serão abertos a homens.

    Eu falo no Irão porque é o caso que mais me despertou à atenção, mas há mais casos do género (acredito mesmo que o Irão não seja o pior de todos), esses países estavam num óptimo caminho para a igualdade entre os géneros quando por exemplo em Portugal uma mulher não tinha sequer direito a abrir a sua correspondência.

    E acho ridículo que achem que o uso da burqka seja opção, o pessoal devia informar-se mais antes de dizer essas coisas.

    ResponderEliminar
  42. dumb I sound: não me referia ao Irão, mas aos países árabes, como o Iémen ou a Arábia Saudita, etc, de onde vem a autora.

    ResponderEliminar
  43. "Eu falo no Irão porque é o caso que mais me despertou à atenção, mas há mais casos do género (acredito mesmo que o Irão não seja o pior de todos),"

    No Iraque (desde que o Saddam chegou ao poder) e no Líbano nos anos 60/70 também havia liberdade qb para as mulheres (principalmente nas zonas mais urbanas, nas zonas rurais isso seria uma miragem). Principalmente o Iraque dava lições de liberdade às mulheres que deixava quase todos os países ocidentais da altura a um canto (depois o Ocidente meteu o bedelho onde não era chamado, a Arábia Saudita idem e assistiu-se a um retrocesso de décadas). Até no Afeganistão as mulheres estavam a conseguir algumas conquistas até à invasão soviética e o patrocínio americano aos taliban (basta ver aquela foto famosa da National Geographic, em que nos anos 80 aquela miúda foi fotografada só de lenço e com cabelo à vista e não havia grandes problemas nisso, e nos anos 2000, já depois da queda dos taliban, ela tinha que andar de burka no dia-a-dia).
    Infelizmente muitas mulheres que agora felizmente usufruem de liberdade quase idêntica à dos homens (havemos de chegar lá), esquecem-se que para as suas mães e avós a situação não era essa - basta ver a quantidade de pessoas nestes tópicos da Luna que falam na «Idade Média», como se na Europa de há 30/40 anos as mulheres não tivessem os seus direitos seriamente limitados em relação à atualidade.

    ResponderEliminar
  44. "Infelizmente muitas mulheres que agora felizmente usufruem de liberdade quase idêntica à dos homens (havemos de chegar lá), esquecem-se que para as suas mães e avós a situação não era essa - basta ver a quantidade de pessoas nestes tópicos da Luna que falam na «Idade Média», como se na Europa de há 30/40 anos as mulheres não tivessem os seus direitos seriamente limitados em relação à atualidade."

    E com isto pretende provar-se ou justificar-se exactamente o quê? Não percebo. A Europa de há 40 anos serve para justificar o retrocesso de direitos nos outros países? O facto das nossas avós serem escravas dos seus maridos há 50 anos é bom e como tal serve para justificar que assim continue a ser? Não percebo o que quer provar aqui...

    ResponderEliminar
  45. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  46. Não creio que ninguém aqui esteja a esquecer nada, apenas não nos parece que sirva para condescender relativamente a certos atentados aos direitos humanos.

    ResponderEliminar
  47. Parece-me bastante óbvio, mas apenas estava a referir o facto de que esquecermo-nos da história é muito perigoso (não é um conceito que tenha sido propriamente inventado por mim).
    Tal como é muito perigoso darmos os nossos direitos por adquiridos e achar que vão ser assim para sempre.

    ResponderEliminar
  48. Já agora, eu sei que só posso (ou só devo) fazer nudismo em praias reservadas para o efeito. Por isso, se virem uma fulana nua no metro, não sou eu. Até porque já não está tempo para isso.

    ResponderEliminar
  49. Ó Izzie, as já agora, qual é a pena para andar nua na rua em Portugal, ou no afeganistão? Agora de repente fiquei curiosa. Aposto que é comparável.

    ResponderEliminar
  50. Ah, não sei, há imenso tempo que não abro o código penal. Antigamente havia uma coisa chamada atentado ao pudor, mas cheira-me que se alguém andasse nu na rua mais depressa o levavam para o Júlio de Matos que para a cadeia. No Afeganistão faziam-lhe uma festa e davam as chaves da cidade, claro.

    E também podemos falar dos direitos dos homens nestes regimes fanáticos. Sei lá, os homens homossexuais, por exemplo. Têm uma vidinha regalada e feliz, não se duvide.

    ResponderEliminar
  51. Só para complicar um bocadinho mais: e que dizer das mulheres europeias que são educadas segundo os valores ocidentais, em algum momento decidem passar para o lado do fundamentalismo islâmico e cobrem o corpo com um imenso orgulho, sentindo-se superiores às outras, "essas lambisgóias sem vergonha que andam por aí todas oferecidas"?
    O que é que se passará dentro daquelas cabecinhas, para fazerem voluntariamente a opção de abdicar daquilo que nos parece uma conquista inalienável da nossa sociedade, mesmo tendo sido socializadas neste contexto cultural? Nem sequer se pode dizer que a culpa é dos aiatolás, ou da sociedade patriarcal em que nasceram. Elas usam o véu como um instrumento de afirmação e de superioridade.
    Gostava de entender esse fenómeno.

    ResponderEliminar
  52. Helena

    é algo que também me ultrapassa, mas pelo menos nesses casos a escolha é realmente livre.

    ResponderEliminar
  53. Helena: o problema não é o que se passa dentro daquelas cabecinhas por decidirem usar o véu. O problema é o poder dessas certas cabecinhas, de impôr o uso do véu.

    ResponderEliminar
  54. Eu concordo, Barcelence. A força dos regimes islâmicos está actualmente a revelar-se tão grande que a sua capacidade de influência também é enorme. Daí que, mesmo nos países ocidentais, se chegue a confundir imposição/forte influência cultural com livre vontade ou reafirmação de identidade.

    Estive há dias na Suíça, e o que mais vi foram mulheres e raparigas Sauditas todas vestidas de negro, com a cara tapada ou não. As que não tapavam, eram jovens e maquilhavam-se muito. Via-se que por baixo do véu tinham acessórios e roupas muito vistosos e de qualidade: ninguém me venha dizer que elas usam aquilo de livre vontade. É simplesmente uma coerção social (e, no país delas em concreto, legal) que elas nem tentam desrespeitar porque paga-se com prisão e, pior que tudo, com forte discriminação social.

    Luna, este tema para mim, nunca será chato ou irrelevante. É um tema muito sério e que está rapidamente a alastrar-se na sociedade ocidental. Merece sempre alguma reflexão.
    Bjs

    ResponderEliminar
  55. Escrevi sobre este assunto no meu blog. Parabéns pela postagem!
    Abraço!

    ResponderEliminar