28 de novembro de 2012

Ao que uma pessoa chega

Hoje, em discussão com o meu coleguinha querido, que não percebe nada do que eu faço, mas questiona tudo o que eu faço e digo no assunto que domino, e recusando-se a fazer uma experiência até ser convencido por mim ou pelos chefes de que o que eu estou a dizer sobre as micropartículas é verdade, dei por mim a traduzir, literalmente, por miúdos, e a ter que explicar a diferença entre distribuição numérica e volumétrica de micropartículas com se fossem bolachas, como se ele tivesse 10 anos:

"Imagine you have a cookie jar, and at the bottom of the jar you'll have a layer of cookie crumbles. The number of cookie crumbles will probably be much higher than the number of cookies in the jar, but if you put these crumbles all together, they're not going to make even one cookie, and they'll correspond to less than 1% of the total cookie volume and mass, though they may be more numerous."

Isto seria aceitável se estivesse a lidar com alunos de primeiro ano - aliás, quando estou a ensinar o conceito de emulsão a alunos de bacharelato, uso sempre o exemplo maionese - mas não quando é alguém com quem trabalhamos há 4 anos a nível de doutoramento, e que precisa de bolachas para entender um conceito com o qual trabalha para aceitar fazer uma experiência programada e decidida em reunião conjunta há meses.

E nem assim o convenci, e mesmo depois disto mandou-me perguntar aos chefes...

Adenda: já desesperada, decidi mandar email SOS ao chefe que está na austrália, explicando a situação, para que suportasse os meus argumentos. Por piada disse-lhe que, em desespero de causa, para explicar o fenómeno científico, até tinha usado esta analogia das bolachas. Depois de ter mandado email geral a confirmar a minha visão e a apoiar a continuação das experiências, mandou-me depois mail privado só para dizer que tinha gostado muito da minha analogia das bolachas. 

8 comentários:

  1. Tu não agradeças a essa pessoa quando escreveres os agradecimentos do doutoramento. A sério, não merece.

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  2. E a experiência de lhe partir a tromba?
    É que até a mim o gajo irrita!

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  3. Opá, tive de mandar um SOS mail para o meu chefe que está na austrália, a pedir que interviesse caso visse o mail, e felizmente lá respondeu a dizer que eu tenho razão. Espero que finalmente o convença...

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  4. eu que não entendo nada de horta também gostei da analogia das bolachas.
    podes sempre ameaçá-lo (ao coleguinha), da próxima vez, que se ele continuar a duvidar de ti... podes chamar o monstro das bolachas (para mentalidades de 5 anos, tem de ser um "boneco" que ele reconheça) e garantes que não será tão simpático como o da rua sesámo... é só uma ideia.

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  5. Que idiota. E ainda te manda falar com os chefes?!!...ele q vá falar com os chefes, ler livros, etc. Tens paciência demais com ele...
    Com pessoal burro e mal-criado não tenho paciência, se não percebem vão-se informar...grrrrrr

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  6. O da maionese não sei, mas o exemplo das bolachas está bom, pelo menos para mim que não percebo nada disso. És uma boa pedagoga, Luna :)

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  7. Também gostei da analogia da bolachas :)
    Será que o coleguinha ficou com fome depois de ouvir falar em bolachas?

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  8. Encontra-se cada asno... Até post-docs, que é o que mais me choca porque se fica a pensar como raio conseguiram doutorar-se. Houve uma post-doc que, sabendo pouco mais que fazer contas de merceeiro, recorria a analogias com peixinhos em aquários para não se perder no cálculo de diluições. Fiquei catatónica.

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