Quantos livros sobre a história do islão já leste? Que jornais lês que se debrucem sobre a questão islâmica (versões online de jornais portugueses não contam, peço desculpa)? Com quantos muçulmanos te dás (descontando pessoas com quem apenas trabalhas, esses também não contam)? Quantos países muçulmanos já visitaste ou em quantos já viveste? É muito fácil criarmos uma opinião baseada em em recortes de revistas, mas terá significado?
Estes casos relembram-me a crueldade da Metamorfose de Kafka, quando a família vira costas ao desgraçado que acorda mosca, com medo do que os outros pudessem pensar. Onde foi o amor destes pais pela filha, quando lhe fazem uma coisa destas?
não creio que nenhuma dessas questões sejam minimamente relevantes quando se trata de repudiar um crime comum e não negligenciável - quase mil mulheres num ano não é coisa insignificante.
" The Aurat Foundation documented 8,539 cases of violence against women, including 1,575 murders, 827 rapes, 610 incidents of domestic violence, 705 honour killings and 44 acid attacks. In December, Pakistan’s parliament sought to address this problem by passing the Acid Control and Acid Crime Prevention Bill 2010 and the Prevention of Anti-Women Practices (Criminal Law Amendment) Bill 2008, aimed at empowering and protecting women and increasing penalties for perpetrators of gender-based violence. This was the first time that acid attacks and practices like forced marriages were criminalized in Pakistan. "
Mais um caso para a brigada do sari cor de rosa...bem que as paquistanesas podiam começar a zelar pelos seus interesses à semelhança das suas vizinhas. Mas não, parece que só a Themina Durrani bate o pé. é uma vergonha!
O André tem imensa razão. Eu, por exemplo, fui educada por uma senhora muito nervosa que acha que homens como o André devem levar uma corrida em osso. É uma espécie de tradição familiar, e ninguém me pode condenar se lhe der uma sova de pau.
E andré fofinho, com minúscula: um homicídio é um homicídio. Morre uma pessoa, alguém a matou e, neste caso, usando um meio particularmente horrível.Qual é a necessidade de backround cultural para fazer a interpretação deste caso?
Tudo bem Luna, mas eu acho que, sem responderes às questões todas do André, não podes abrir a portinha de compreensão do lado dos pais. Afinal, forma despeitados e humilhados em público, o último recurso para lavar a honra foi, naturalmente, mergulhar a pecadora em ácido (aquela substância que se tem na despensa para dissolver problemas. Ou filhos.)
Exacto, Pusinko. É uma questão de ignorância e preconceito. Vou ponderar melhor e tentar compreender o relativismo cultural. E trazer uma garrafa de ácido clorídrico do laboratório para ter sempre à mão quando sentir que a minha honra foi desrespeitada.
2 questões para o André. - Que respostas dá ao próprio inquérito? - Que tipo de ácido (há tantos) verteria sobre a sua filha, acaso desse com ela no recreio a trocar cromos de futebol com rapazes?
(Obrigado pai e mãe por me terem deixado completar as cadernetas de 94/95 sem eu ser alimentada por uma sonda até hoje).
Nada a fazer, há-de vir sempre algum tolerantezinho com a chazada do costume, ou é porque o ocidente desconhece aquela bendita religião, ou é porque elas gostam de ser espancadas e castradas. Eu só tenho pena de não poder enfiar essa gente toda num barquinho, ou num aviaozinho vá... sempre seria mais rápido e depositá-los a todos nas montanhas do Iemén.
Pois é pah, tenho a certeza que se lesse mais sobre a história do Islão acharia totalmente normal e ético crianças serem castigadas através de ácido...
Luna, permite-me uma intromissão tão grande. Não resisto a trazer um excerto texto de James Rachels, sobre o relativismo cultural:
«A tolerância é, sem dúvida, uma virtude – uma pessoa tolerante está disposta a viver em cooperação pacífica com quem encara as coisas de forma diferente. Mas nada na natureza da tolerância exige que consideremos todas as crenças, todas as religiões e todas as práticas sociais igualmente admiráveis. Pelo contrário, se não considerássemos algumas melhores do que as outras, não haveria nada para tolerar. Por último, as pessoas podem sentir-se relutantes em ajuizar porque não querem mostrar desprezo pela sociedade criticada. Mas, uma vez mais, trata-se de um erro: condenar uma prática em particular não é dizer que uma cultura é no seu todo desprezível ou inferior a qualquer outra cultura, incluindo a nossa. Pode mesmo ter aspetos admiráveis. Na verdade, podemos considerar que isto é verdade no que respeita à maioria das sociedades humanas – são misturas de boas e más práticas. Acontece apenas que a excisão é uma das más.»
Este texto é sobre a análise da excisão feminina. Agora substitua-se pela prática dos chamados crimes de honra.
RACHELS, James (2004). Elementos da Filosofia Moral. Lisboa: Gradiva, p. 51
Camandro, acabo de me lembrar que tenho ácido muriático em casa. E que esta manhã vi a minha filha mais velha falar com o Pablo. ESPERA LÁ e vi a mais nova a dar um beijinho ao Juan!
Devo ser tolerante e não as desfigurar ou devo mesmo, mesmo, mesmo marcar a minha posição que na minha família não há cá putedos e verter o garrafão do ácido naquelas cabecinhas aputéfiadas? Afinal de contas uma já tem 3 e outra 10, bolas (o ácido muriático faz muito fzzzzzzz no chão, queima a pele também? Será suficiente?).
André, nunca pus os pés em países de maioria muçulmana mas conheço várias pessoas que lá viveram ou ainda vivem (e não estou a falar do Dubai que isso é muito à frente). Como se conta cá fora é apenas um cheirinho do que se passa lá dentro. Seja como for, matar alguém é matar alguém, no Nepal, em Cuba, no Algarve, na Patagónia ou em Wellington.
Tens toda a razão. É a pimenta a chegar-me ao nariz rapidamente. E em boa verdade a minha escrita estava a ser contraditória ao fundamental que defendia - não violência. São os nervos, que este é um assunto que me toca bastante. Desculpa eu. Em boa verdade o que dizia é que não percebo de que forma algum tipo de cultura, religião ou política podem justificar tamanho ato de violência seja contra quem for, filha, mulher, que fosse pai ou irmão.
vi esta notícia, horrível, e lembrei-me de ti ou deste blog e o quanto abordas o tema e com bastante razão no que dizes. É incrível como estas coisas ainda se passam neste século e cada vez mais e de formas mais rebuscadas.
Quantos livros sobre a história do islão já leste? Que jornais lês que se debrucem sobre a questão islâmica (versões online de jornais portugueses não contam, peço desculpa)? Com quantos muçulmanos te dás (descontando pessoas com quem apenas trabalhas, esses também não contam)? Quantos países muçulmanos já visitaste ou em quantos já viveste? É muito fácil criarmos uma opinião baseada em em recortes de revistas, mas terá significado?
ResponderEliminarEstes casos relembram-me a crueldade da Metamorfose de Kafka, quando a família vira costas ao desgraçado que acorda mosca, com medo do que os outros pudessem pensar. Onde foi o amor destes pais pela filha, quando lhe fazem uma coisa destas?
ResponderEliminarAndré
ResponderEliminarnão creio que nenhuma dessas questões sejam minimamente relevantes quando se trata de repudiar um crime comum e não negligenciável - quase mil mulheres num ano não é coisa insignificante.
Passar bem
" The Aurat Foundation documented 8,539 cases of violence against women, including 1,575 murders, 827 rapes, 610 incidents of domestic violence, 705 honour killings and 44 acid attacks. In December, Pakistan’s parliament sought to address this problem by passing the Acid Control and Acid Crime Prevention Bill 2010 and the Prevention of Anti-Women Practices (Criminal Law Amendment) Bill 2008, aimed at empowering and protecting women and increasing penalties for perpetrators of gender-based violence. This was the first time that acid attacks and practices like forced marriages were criminalized in Pakistan. "
ResponderEliminardo site da Amnistia Internacional
Mais um caso para a brigada do sari cor de rosa...bem que as paquistanesas podiam começar a zelar pelos seus interesses à semelhança das suas vizinhas. Mas não, parece que só a Themina Durrani bate o pé. é uma vergonha!
ResponderEliminarO André tem imensa razão. Eu, por exemplo, fui educada por uma senhora muito nervosa que acha que homens como o André devem levar uma corrida em osso. É uma espécie de tradição familiar, e ninguém me pode condenar se lhe der uma sova de pau.
ResponderEliminarE andré fofinho, com minúscula: um homicídio é um homicídio. Morre uma pessoa, alguém a matou e, neste caso, usando um meio particularmente horrível.Qual é a necessidade de backround cultural para fazer a interpretação deste caso?
ResponderEliminarEu não sou a favor da pena de morte, nem do "olho por olho, dente por dente". Mas depois leio coisas destas e vacilo.
ResponderEliminarÉ horrível.
Pessoas como o andre acabam por explicar muita coisa..
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ResponderEliminarTudo bem Luna, mas eu acho que, sem responderes às questões todas do André, não podes abrir a portinha de compreensão do lado dos pais. Afinal, forma despeitados e humilhados em público, o último recurso para lavar a honra foi, naturalmente, mergulhar a pecadora em ácido (aquela substância que se tem na despensa para dissolver problemas. Ou filhos.)
Exacto, Pusinko. É uma questão de ignorância e preconceito. Vou ponderar melhor e tentar compreender o relativismo cultural. E trazer uma garrafa de ácido clorídrico do laboratório para ter sempre à mão quando sentir que a minha honra foi desrespeitada.
ResponderEliminar2 questões para o André.
ResponderEliminar- Que respostas dá ao próprio inquérito?
- Que tipo de ácido (há tantos) verteria sobre a sua filha, acaso desse com ela no recreio a trocar cromos de futebol com rapazes?
(Obrigado pai e mãe por me terem deixado completar as cadernetas de 94/95 sem eu ser alimentada por uma sonda até hoje).
Nada a fazer, há-de vir sempre algum tolerantezinho com a chazada do costume, ou é porque o ocidente desconhece aquela bendita religião, ou é porque elas gostam de ser espancadas e castradas. Eu só tenho pena de não poder enfiar essa gente toda num barquinho, ou num aviaozinho vá... sempre seria mais rápido e depositá-los a todos nas montanhas do Iemén.
ResponderEliminarMais uma vez, muito bem Luna. Recomendo a leitura do post "Multiculturalismo, bilhete só de ida" do blog Der Terrorist.
ResponderEliminarNunca hei-de perceber a cultura islâmica, acho que cruel consegue ser uma palavra muito boa para
ResponderEliminarPois é pah, tenho a certeza que se lesse mais sobre a história do Islão acharia totalmente normal e ético crianças serem castigadas através de ácido...
ResponderEliminarLuna, permite-me uma intromissão tão grande.
ResponderEliminarNão resisto a trazer um excerto texto de James Rachels, sobre o relativismo cultural:
«A tolerância é, sem dúvida, uma virtude – uma pessoa tolerante está disposta a viver em cooperação pacífica com quem encara as coisas de forma diferente. Mas nada na natureza da tolerância exige que consideremos todas as crenças, todas as religiões e todas as práticas sociais igualmente admiráveis. Pelo contrário, se não considerássemos algumas melhores do que as outras, não haveria nada para tolerar.
Por último, as pessoas podem sentir-se relutantes em ajuizar porque não querem mostrar desprezo pela sociedade criticada. Mas, uma vez mais, trata-se de um erro: condenar uma prática em particular não é dizer que uma cultura é no seu todo desprezível ou inferior a qualquer outra cultura, incluindo a nossa. Pode mesmo ter aspetos admiráveis. Na verdade, podemos considerar que isto é verdade no que respeita à maioria das sociedades humanas – são misturas de boas e más práticas. Acontece apenas que a excisão é uma das más.»
Este texto é sobre a análise da excisão feminina. Agora substitua-se pela prática dos chamados crimes de honra.
RACHELS, James (2004). Elementos da Filosofia Moral. Lisboa: Gradiva, p. 51
O que mais me impressiona é o facto desta gente ter sempre ácido à mão.
ResponderEliminarCamandro, acabo de me lembrar que tenho ácido muriático em casa. E que esta manhã vi a minha filha mais velha falar com o Pablo. ESPERA LÁ e vi a mais nova a dar um beijinho ao Juan!
ResponderEliminarDevo ser tolerante e não as desfigurar ou devo mesmo, mesmo, mesmo marcar a minha posição que na minha família não há cá putedos e verter o garrafão do ácido naquelas cabecinhas aputéfiadas? Afinal de contas uma já tem 3 e outra 10, bolas (o ácido muriático faz muito fzzzzzzz no chão, queima a pele também? Será suficiente?).
André, nunca pus os pés em países de maioria muçulmana mas conheço várias pessoas que lá viveram ou ainda vivem (e não estou a falar do Dubai que isso é muito à frente). Como se conta cá fora é apenas um cheirinho do que se passa lá dentro. Seja como for, matar alguém é matar alguém, no Nepal, em Cuba, no Algarve, na Patagónia ou em Wellington.
Juanna
ResponderEliminarácido muriático é ácido clorídrico de pureza menos elevada.
Pintas, peço desculpa mas tento evitar publicar comentários insultuosos contra outros leitores. Se quiser refrasear está à vontade.
ResponderEliminarTens toda a razão. É a pimenta a chegar-me ao nariz rapidamente. E em boa verdade a minha escrita estava a ser contraditória ao fundamental que defendia - não violência. São os nervos, que este é um assunto que me toca bastante. Desculpa eu.
ResponderEliminarEm boa verdade o que dizia é que não percebo de que forma algum tipo de cultura, religião ou política podem justificar tamanho ato de violência seja contra quem for, filha, mulher, que fosse pai ou irmão.
este será a minha última mensagem sobre este assunto. expliquei o sentido da minha mensagem no post seguinte.
ResponderEliminarvi esta notícia, horrível, e lembrei-me de ti ou deste blog e o quanto abordas o tema e com bastante razão no que dizes. É incrível como estas coisas ainda se passam neste século e cada vez mais e de formas mais rebuscadas.
ResponderEliminarhttp://visao.sapo.pt/arabia-saudita-a-sua-mulher-acaba-de-sair-do-pais=f698717