Esteve a olhar para mim da estante mais de quatro anos. O meu pai leu-o da primeira visita à Holanda, outros visitantes tinham-no lido, mas eu, ali imersa, sem escape, fui sempre adiando, talvez por querer fazer a minha própia opinião sem influência, talvez por estar tão farta deles que não queria ler mais, apesar de ler o seu autor todos os dias religiosamente, não sei. A verdade é que não me apeteceu lê-lo na Holanda.
De volta a Portugal, e depois de ter andado às voltas ao trambolhão num capotanço de carrinha com o resto das minhas coisas na viagem de volta, lá acabou estacionado na minha estante e de novo a olhar para mim. E lá lhe peguei, finalmente, depois de quatro anos e meio na Holanda, depois de um mês de volta a Portugal. E dou por mim a ler e a rir, a rir a sério, feita parva, a pensar como é incrível que com um intervalo de 50 anos ainda seja tão actual, e que eu possivelmente tenha sido considerada plagiadora ao emitir opiniões tão iguais, mesmo sem ter lido antes. Ler este livro, tendo em conta a diferença geracional, é como finalmente falar com um amigo mais velho que nos compreende, desde há anos, e que nos passa a mão pela cabeça e nos dá aquela palmadinha nas costas quando precisamos por nos defrontarmos com características que não conseguimos compreender, e de cujo aconchego tanto precisamos. Bem haja.
Resta dizer que o autor aprendeu a amá-los. Eu, infelizmente, não.
Sinceramente, depois de ter lido o livro, não fiquei a amá-los, não senhora. Mas percebo que para um português habituado a este circo e feira de vaidades, aquela sociedade tenha algumas mais-valias.
ResponderEliminarEu então, com o circo que anda o término do meu doutoramento, ando-lhes com um pó que nem te conto.
ResponderEliminarOlá, Luna,
ResponderEliminarNa próxima semana estou aí com eles. Se quiser, e o doutoramento deixar, venha a Amsterdam tomar um café. Farei de meu melhor para ajudar a que lhes compreenda as bizarrias. Prometo palmadinha nas costas.
Abraço.
JRC
Caríssimo JRC
ResponderEliminarneste momento já estou de volta (definitivamente?) a Portugal, mas quem sabe numa próxima visita? Seria uma honra.
Abraço
Ana
Olá, Ana,
ResponderEliminarÉ pena, mas a partir de Setembro ando por cá, e então combinamos. Prometo.
Abraço.
JRC
Ah ah, tb só li o livro quando regressei a Portugal, mas curiosamente durante uma viagem a Amsterdam (pq é qdo tenho mais tempo para ler).
ResponderEliminarNão os amo, mas também não tenho relação - sempre vivi e trabalhei em ambientes internacionais.
Também pensei muitas vezes ao longo do livro "eh pá, é mesmo isto!"
Já to tinha recomendado inúmeras vezes. Tal como tu, dou os meus Parabéns ao Senhor JRC por, há 50 anos atrás, ter escrito algo em que ainda hoje me revejo todos os dias.
ResponderEliminarNão aprendi a amá-los tão pouco, mas aprendi a respeitá-los. Acima de tudo a compreendê-los. Fico contente que finalmente lhe tenhas pegado, quem mo recomendou foi o Pedro Lomba, grande apreciador do Rentes de Carvalho.
Beijinhos