10 de março de 2014

I have a dream

Um dia, os posts mais reaccionários e machistas a propósito deste dia não serão escritos por mulheres. 

*Dia Internacional da Mulher

16 comentários:

  1. Eu também gostava que o teu sonho se tornasse realidade.

    ResponderEliminar
  2. Luna, todos os anos tenho tido o grato privilégio de a ler a propósito do evento, sempre no mesmo registo. Qual seria a melhor forma de evocar o dia, na sua opinião?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não sei, mas de alguma forma que desse a entender que se percebe a sua razão de ser. Juro que li posts escritos por mulheres que não distam em muito da visão dos talibans sobre o sexo feminino, e isso faz-me muita pena. E numa coisa estamos de acordo (e é algo que eu digo muitas vezes): os maiores machistas são mulheres.

      Eliminar
    2. Mas a sua posição é de que o dia não devia sequer existir (porque só o facto de existir um dia da Mulher é uma afronta, ...), é que se deveria aproveitar a ocasião para mostrar o que ainda há a fazer (e podíamos falar das mulheres sem direitos na Arábia Saudita, das mulheres violentadas em África, ...) ou é falar abertamente das razões que levam a que as mulheres levem mais tempo daquilo que é admissível para ganhar aquilo que merecem é seu por direito?.

      É que, lendo-a, fico sem saber qual é a sua posição sobre o dia, para além de lhe dar uma excelente oportunidade de protestar.

      (sim, o último parágrafo era desnecessário)

      Eliminar
    3. Pensei que fosse claro que a minha posição passa fundamentalmente pela segunda hipótese: o dia servir para lembrar porque é que é necessário existir ainda o dia da mulher, enquanto grupo cujos direitos são sistematicamente violados em tantas partes do mundo, e a quem tantas escolhas são negadas. Lembrar que as mulheres são as maiores vítimas de violência e uma em cada três mulheres será vítima de violência ao longo da sua vida. Lembrar que uma menina de 16 anos foi alvejada por defender o direito à educação. Lembrar que não, ainda não somos iguais aos olhos da sociedade, mesmo a ocidental, e que ainda temos um longo caminho a percorrer, e que passa principalmente pela educação das novas gerações.

      Eliminar
    4. Muito bem. E no mundo ocidental, onde as mulheres estão inquestionavelmente mais além no que a direitos diz respeito (em relação aos casos que referiu, da mutilação genital, por exemplo) não lhe parece que há que responsabilizar também as mulheres por permitirem pequenos abusos que ajudam a perpetuar essa condição de secundarização do papel?

      Por exemplo, uma mulher que não consegue convencer o parceiro da absoluta necessidade de repartir os dias em que cada um fica em casa com o filho doente, não merecerá ganhar menos que o parceiro? Uma mulher que desculpa o parceiro que a agride não está a promover a normalidade da agressão?

      Este ano escolhi o caminho de dizer que quando falamos em "educar as novas gerações" não significa "temos que educar os homens das novas gerações". Foi bem divertido.

      Eliminar
  3. Percebendo o conteúdo, confesso que não aprecio especialmente a forma, que é como sempre a de culpar a vítima. Porque embora tenha razão numa parte - e é por isso que eu digo que me entristece observar que os posts mais machistas vêm de mulheres - a verdade é que toda a envolvência social pressiona a mulher nesse sentido da secundarização e não se trata apenas de uma simples opção pessoal. As mulheres permitem abusos porque foram educadas a permiti-los e a não os considerar abusos, porque enquanto sociedade lhes dizemos que não são, e que faz parte da sua condição de mulher. A mulher vítima de violência é muitas vezes paralisada pelo medo de maiores represálias, como sabemos que acontecem, mesmo no nosso portugal, de tão brandos costumes, onde são mortas cerca de 30 mulheres por ano às mãos dos parceiros.
    Sim, há que educar as mulheres a não se deixarem abusar, mas igualmente os homens a não se sentirem no direito de o fazer. E isso passa por coisas tão simples como não lhes mandarem "piropos" na rua.

    ResponderEliminar
  4. p.s. e já agora, a mulher ganhará menos por não conseguir convencer o parceiro que o seu trabalho é igualmente importante, ou não consegue convencer o parceiro de que o seu trabalho é igualmente importante porque efectivamente ganha menos? (estas questões não são assim tão simples)

    ResponderEliminar
  5. Um dia, há muitos anos, uma mulher decotada com quem discutia já não sei o quê disse-me "a minha cara está aqui em cima". Nunca mais falei com uma mulher sem a olhar nos olhos.

    (É disto que falo quando digo que as mulheres não devem, não podem, pactuar com as pequenas coisas e que essa é uma responsabilidade delas.)

    ResponderEliminar
  6. De facto. Mas também é verdade que sempre uma pessoa tenta não compactuar com essas pequenas coisas, é geralmente apelidada de feminista-frustrada-histérica-mal-fodida (como me vejo frequentemente apelidada em certas caixas de comentários), como aconteceu por exemplo a quando da discussão do "piropo". E a certa altura cansa, cansa muito.

    ResponderEliminar
  7. I (still) have a dream: um dia as pessoas vão ler/escrever reaccionário e perceber que não é bom nem demonstrativo de qualquer tipo de rebeldia.
    É ao contrário, pessoas: ponham os olhos em Luna.
    Obrigada.

    ResponderEliminar
  8. Também concordo!
    Odeio perder com mulheres...

    ResponderEliminar
  9. Também há isto, que pode ser uma realidade muito complexa.
    https://www.youtube.com/watch?v=7c_zppPutQw
    (Too Young To Wed, National Geographic)

    ResponderEliminar
  10. Sim Luna. Tens toda a razão. Já agora, o que dizes a isto:
    Um amigo meu, brasileiro, disse-me que o islamismo está a crescer muito no Brasil. E adivinha só quem são as principais promotoras desta expansão? Pois bem, as mulheres. Mulheres que se submetem a todas as regras e restrições medievalescas dos islão mais retrogado.
    F###-se! Que dizer disto?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não sei, é algo que escapa completamente ao meu entendimento.

      Eliminar