15 de setembro de 2015

Luna explica

Ser Charlie não é concordar, gostar, rir, achar de bom gosto ou bater palmas a tudo o que os outros dizem. É achar que não devem levar um tiro nos cornos por causa disso.

De nada.

20 comentários:

  1. A melhor definição que já ouvi :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Acho que as pessoas andam um pouco confusas.

      Eliminar
    2. Anda o pessoal do tribunal Europeu a gastar tinta, a explicar isso da liberdade de expressão, e vens tu e pumba.

      (É um bocadinho mais que isto, é não ter de responder criminalmente pelo que se exprime ao abrigo dessa liberdade, nem ser perseguido, calado, detido. Mas agora, e puxando a brasa aqui ao meu carapau, que sardinhas já era, convém saber em que casos se considera existir essa liberdade de expressão, é preciso tratar se de uma opinião e não um juízo de valor. Dizer que a minha vizinha de cima veste mal é uma opinião; dizer que se veste como uma profissional do sexo é pisar a linha; dizer que se veste assim para conseguir singrar na carreira de profissional do sexo ou pura galdéria que é, é ultrapassar a linha.)

      Já agora, para quem se preocupa tanto com o tema, a amnistia internacional anda a lutar pela libertação de uns angolanos que foram presos pela ousadia de dar notícias e a sua opinião sobre o regime. Era divulgar e assinar a petiçãozinha, isso é que era de valor. E fazer se associado da AI. Só uma ideia.

      Eliminar
    3. Izzie, tenho de me meter (assunto Angola). Infelizmente não me posso pronunciar muito, mas há ali rapazes que foram presos que nem foi por darem uma notícia, foi apenas por serem amigos ou estarem no sitio errado no momento errado. Não digo que os outros que são jornalistas têm mais razoes de estar presos (ou menos), apenas que não há grande discernimento quando se deve prender alguém aqui em Angola. E sei do que falo em primeiro grau.

      E infelizmente, a Amnesty International nunca fez nem nunca fará medo algum a quem de direito aqui em Angola. Assinem e adirem ao que quiserem (eu sou aderente ha anos, mas estava em outra realidade), mas mesmo que venha o Obama ou o Hollande interceder, infelizmente a decisão será 100% angolana.

      é o país que temos. Quem quiser lutar, já sabe o que lhe acontecerá e já disse demais que eu mostro a cara em público. Beijinhos Luna e Izzie. *

      Eliminar
    4. Claro que é mais que isto, mas dado o que tenho vindo a ler por estes dias, há uma grande confusão entre achar algo de mau gosto e não se concordar com o que é dito ou como é dito, e a tal da liberdade de se poder dizê-lo.

      Eliminar
    5. O gosto não é tido nem achado, nesta questão... e se alguns têm a liberdade de exprimir a sua opinião, com bom ou mau gosto, eu tenho a liberdade de opinar que se trata de algo repreensível.

      AElitis, confesso que segui atentamente o "caso" Rafael Marques e, quando este teve o seu desenlace (aliás muito pouco satisfatório, porque ainda pende uma acusação), desliguei um bocado. Recebo as notificações da AI, e quando soube da prisão destes activistas, opinadores, pessoas que são contrárias ao governo, fiquei com aquela sensação de "oh não, outra vez, não".
      Na prática a AI já teve muitas vitórias, mas tem zero poder, é verdade. Mas pressiona, divulga, e isso é útil. eu sei que o governo angolano, e também o português, se estão nas tintas, querem é saber de dinheirinho. Mas, ao mesmo tempo, acho bom que todos os que se encontram presos por delito de opinião tenham o conforto de saber que há quem se preocupe e lute pelos seus direitos. Angola é um país de imensa riqueza natural, e é uma pena que apenas uma minoria usufrua dela, e se viva sob um regime quase autocrático. Espero, sinceramente, que um dia seja terra de liberdade.
      Beijinhos

      Eliminar
  2. É mesmo. Infelizmente começo a achar que nem vale a pena tentar explicar isso - não é falta de capacidade para perceber, é mesmo vontade de não perceber.

    ResponderEliminar
  3. Anda tudo tão baralhado e a usar o argumento em vão...

    ResponderEliminar
  4. Achei a definição excelente, Luna.
    Izzie, embora perceba o que queres dizer com «(...) é não ter de responder criminalmente pelo que se exprime ao abrigo dessa liberdade», as pessoas podem responder criminalmente pelo que dizem (injúria, abuso de liberdade de imprensa, atentado ao bom nome, etc). Percebo o que queres dizer, mas quando aconteceu o atentado ao Charlie Hebdo, uma das razões pelas quais me senti em choque foi precisamente por pensar que, quando nos sentimos ofendidos/as com o que o/a outro/a diz não o/a matamos, no máximo, processamo-lo/a. Julgo é que estamos a falar de coisas diferentes (quando falamos de países como Angola, que vive sob um regime oligárquico não democrático, onde não há liberdade de expressão e as pessoas são ilegalmente detidas, julgadas e condenadas por questões políticas), ou p.e., o facto de alguém se sentir ofendido com algo que outrem disse (na rádio ou noutro meio público) e iniciar procedimento criminal com base nisso.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A expressão chave é "ao abrigo dessa liberdade." A liberdade de expressão tem limites, penais e cíveis. Ou seja, se o facto de o João Miguel Tavares ter escrito uma crónica onde apelidava o Sócrates da Cicciolina da política portuguesa não foi considerado injúria/difamação, se dissesse o mesmo sobre a vizinha do primeiro frente outro galo cantaria. O direito à opinião é elástico, conforme o contexto, esteja em causa uma figura pública ou se comente assunto de interesse público - e a vida sexual da vizinha, presumida ou factual, não é tida nem achada para o público.
      Outro exemplo, agora de uma situação que, envolvendo figuras públicas, se excedeu a liberdade de expressão e informação: o Ricardo Araújo Pereira processou uma publicação cor de rosa por ter publicado fotografias suas junto de sua casa, i.e., revelando onde vivia. Apesar de ser uma figura pública, não tem qualquer interesse público a revelação de tais factos, logo, existe devassa ilícita, logo, pode-se limitar a liberdade da publicação em divulgar tais dados.
      Donde: a livre expressão e divulgação de factos não acarreta responsabilidade civil ou penal se esta for lícita, i.e., se contiver dentro das balizas do que é a liberdade de expressão, no conceito actualmente acolhido pelo TJUE. Depois de "cortada" neste molde, lixam-se as arestas, e pronto. A chatice é que muitos não se informam nem estudam e depois... não é o caso dos angolanos e também um moçambicano presos por delito de opinião.

      A questão de saber onde estão os limites está constantemente na berlinda, e o Tribunal de Justiça da União Europeia já decidiu muito sobre isso. O TJUE tem jurisprudência muito moderna, democrática, e avançada. Vale a pena dar uma olhadela.

      Eliminar
  5. Luna, como sempre, concisa e "au point"
    (obrigada!)
    Bjs

    P.S.: e o ozzy? tem feito mais das dele?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Se por das dele incluir roer-me uma manta, uma toalha e um casaco, e sei lá como livrar-se da coleira caríssima anti-bichesa, então sim, continua imparável. Felizmente não se tem danificado a ele próprio, o que já é um avanço. :P

      Eliminar
    2. p.s. encontra-se neste momento ao meu lado a lamber o chão. don't ask.

      Eliminar
    3. :D :D :D :D
      o importante é que esteja feliz!

      Eliminar
    4. Sempre, até quando estou a ralhar com ele está de rabinho a dar a dar. :P

      Eliminar
  6. Luna, acho que devias inaugurar a rubrica "a Luna explica", que isto depois tudo compilado dava um óptimo "life 101". Esta definição está brutal!
    Gostem ou não do que é dito, acho lamentável que alguém diga "a liberdade de expressão foi longe de mais" (porque, lá está, a mim soa-me sempre a uma certa censura e se entrarmos por aí então eventualmente não se vai poder dizer seja o que for - já o bom gosto é outra coisa) ou, a minha preferida, "depois queixem-se" (porque obviamente que levar com um tiro é coisa que se mereça por cause de um cartoon).

    ResponderEliminar
  7. "Nunca discuta com pessoas burras, elas vão arrastar-te ao nível delas e ganhar por terem mais experiência em serem ignorantes." Mark Twain

    Vale para nunca gastares argumentos inteligentes com gente burra: nunca perceberão!

    (Mas continua a rubrica "Luna explica" que as pessoas inteligentes adoram o teu poder de síntese!)

    ResponderEliminar