"Talvez dito por um homem dê para levar mais a sério" ou "Velhinho, mas actual"
Reparem, eu não disse que "só as mulheres é que recebem piropos", ou que "todas as mulheres se sentem agredidas por todos os piropos", nem que “os homens não se sentem agredidos, nunca, por piropos". O que eu disse foi que faz parte dos privilégios da esmagadora maioria dos homens, na esmagadora maioria das situações, não ter de ser confrontado com: 1. comentários sobre o seu corpo, vestimenta ou desejabilidade sexual, 2. sem ter verdadeiro direito de resposta, 3. e sentindo com isso uma potencial ameaça à sua integridade (física ou psicológica).
Mais ainda: faz parte dos privilégios da esmagadora maioria dos homens, na esmagadora maioria das situações, não necessitar de enquadrar essa e outras experiências num clima – social, cultural e pessoal – de constante agressão e de violência de género.
Posto de outra forma: eu não faço a mais pequena ideia, nem sequer por aproximação, o que é ser uma mulher constantemente assediada, só por sair à rua, esteja vestida como estiver, tenha a forma corporal que tiver, tenha o comportamento que tiver. Conclusão básica a retirar: se eu quero saber o que é essa experiência, calo-me e aprendo com quem sabe.
A sério. É mesmo assim tão simples. Queres combater o privilégio (não só o masculino, mas também o de classe média, branca, ocidental)? Pára de falar do que não sabes e aprende com quem sabe. Tens uma noção intelectual, teórica e dicionarista do que é "piropo" e "assédio" e das suas supostas diferenças? Porreiro, mas antes talvez queiras acrescentar à lista as noções intelectuais, teóricas e dicionaristas de "falogocentrismo" e "catacrese". E depois, talvez queiras ouvir quem tem uma noção directa, psicológica e emocional desse mesmo assunto.
Porque de entre a gigante lista de coisas que faltam na discussão política (em Portugal, pelo menos) uma das maiores lacunas, e também uma das menos mencionadas, é a capacidade de empatia.
Muito bem escrito.
ResponderEliminarE se no início estava a pensar em comentar sobre a minha experiência com os piropos, fiquei reduzida à minha real insignificância porque o importante será ser capaz de sentir essa empatia.
Eu nunca fui especial vítima, pelo menos comparando com algumas amigas, mas lá está, a capacidade de empatia é essencial.
EliminarDê-se as voltas que se dê, voltamos a esse conceito chave de "privilégio", que aqui há tempos tanto se debateu a outro propósito. Ele há coisas do demo.
ResponderEliminarVai sempre dar tudo ao mesmo.
EliminarMas claro, uma mulher que diga essas coisas todas é uma feminazi mal-fodida e histérica.
ResponderEliminarCompo o Rui Sinel de Cordes muito bem disse na sua página, após desatar a bloquear todas as pessoas que o contrariassem (e apregoa ele a liberdade de expressão!).
http://lemaodoce.blogspot.pt/
sobre esse senhor debatemos aqui:
Eliminarhttp://horas-perdidas.blogspot.pt/2015/12/podia-dizer-que-ontem-foi-um-dia-feliz.html#comment-form
Tenho-me abstido de comentar este tema do 'piropo' porque sendo mulher considero-me tão privilegiada como este senhor.
ResponderEliminarSorte?
EliminarÉ possível, se calhar a minha parvónia é pacata demais mas também vivi no Porto durante 10 anos.
EliminarA sério?
EliminarOu vive num ambiente muito civilizado, ou é horrível que nem um ordinário trolha que presta vassalagem, rsss! Duvido que seja a última, pelo que será a primeira?
A propósito:
ResponderEliminarhttp://gritaportugal.blogspot.pt/2016/01/o-dilema-dos-bombeiros-com-lei.html