24 de março de 2005
Donos da Verdade
in Público
O caso de Terri Schiavo impressiona-me, como me impressiona a prepotência daqueles que se consideram responsáveis pela instuituição da verdade, da moral, do que é certo ou errado. Que pensam ter o direito de decidir sobre a vida de outros, que nem conhecem, que nunca amaram, que não tiveram de ver definhar ao longo de anos a fio. Num país onde a pena de morte é ainda uma instituição, onde a morte assistida de gente VIVA é uma realidade aceitável, não deixa de ser irónico observar tanta revolta contra a morte de alguem em estado VEGETATIVO.
Porquê? Talvez 15 anos seja pouco, e ela deva viver mais alguns, de acordo com a lei de Deus, para expiar todos os pecados, que é no sacrifício que se encontra a vida eterna. Só que de acordo com a lei de Deus, ela não viveria, pois a sonda de alimentação é obra humana, e sem ela a vida retoma o seu curso natural, o de terminar um dia. Engraçado como a interpretação religiosa varia consoante os casos, no caso da contracepção o uso de métodos anti-natura é proíbido, porque não no prolongamento de vidas em sofrimento?
Terri Schiavo, uma mulher a quem a vida foi negada e agora também a morte. O seu nome - schiavo significa escravo em italiano - ironicamente traduz-lhe os últimos 15 anos, escrava da vontade de outros, das potencialidades médicas, dos média, dos presidentes da república da nação mais poderosa do mundo... de gente que ainda não se pôs no seu lugar...
Eu ponho, e já disse a quem devia, aos meus pais, e agora a quem me ouvir: se por uma triste infelicidade me vir jogada numa cama em estado vegetativo, não esperem 15 anos, e de preferência nem me coloquem a sonda, porque tirá-la pode vir a mostrar-se uma decisão demasiado penosa.
Porque eu tenho a certeza que não quero viver assim.
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ResponderEliminarAbsolutamente de acordo. Aproveito também a ocasião para fazer um pedido: se o FC Porto continuar a jogar tão mal e eu insistir em ver os jogos, e a atribuir sempre as culpas aos árbitros, desliguem-me das máquinas.
ResponderEliminarParabéns pelo blogue. Gostei muito e vou voltar.
101% de acordo ct(...)e esses críticos depois, na volta, aceitam o aborto como algo de natural...
ResponderEliminarUi... Roque... não entres por aí, que dá pano para mangas... Infelizmente estes donos da verdade são também aqueles que se manisfestam contra o aborto à porta de clínicas e tribunais, mas depois condenam em tribunal crianças que roubam para comer. Se a preocupação com as crianças que estão cá fora fosse tão grande como com as que ainda estão lá dentro...
ResponderEliminare eu é que estou a dar pano pa mangas??? lol
ResponderEliminarPS: gostei daquele aparte da "sonda ser obra humana", porque dessa parte, os que protestam "contra curso-natural-da-vida" não se lembram... nem eu nunca me tinha lembrado...
Eu sou da opinião que quando é comprovado o sofrimento humano sem remediação possível o melhor é acabar logo com ele. Ao concordarmos com o estado vegetativo de uma pessoa, que já nem pessoa é ao fim e ao cabo, deixamos de ser bonzinhos para passarmos a ser sádicos.
ResponderEliminarE em relação à eutanásia, sempre que o indivíduo tiver capacidade para falar com lucidez e desejar a sua morte, deve ser-lhe feita a vontade. Ninguém manda mais na minha vida do que eu mesmo!
Mas não tenham dúvida que a religião é a grande responsável por muito do mal que se praticou, pratica e continuará a praticar no mundo!
ResponderEliminarParece que ao menos, num ponto, estamos plenamente de acordo!
ResponderEliminarAcabamos por lá chegar!
ResponderEliminarO grande problema que se coloca é: a quem pertence a vida humana?
ResponderEliminara) a Deus;
b) à sociedade;
c) ao próprio.
Já sabemos o que pensam aqueles que julgam que a resposta certa é a primeira. Sabemos o que pensam da eutanásia e do aborto.
O segundo grupo, que julga que a vida pertence à sociedade, defende, entre outras coisas, a pena de morte. Podem dar-se a esse «luxo».
O terceiro grupo, no qual eu me incluo, tem uma posição simples: a vida humana é pessoal e intransmissível.
Eu também me incluo no terceiro grupo. Mas quem tem pode decidir quando o próprio não tem a capacidade de expressar a sua vontade? Infelizmente a sociedade...
ResponderEliminarmas há coisa mais obvia??
ResponderEliminara vida de alguém pertence ao próprio e só ao próprio!! é triste ver pessoas q a rejeitam, q a atribuem a outros...
eu acho que ninguém deve ter mais poder sobre a sua vida do q o prórpio, é triste q a sociedade n pense assim, e não o permita!
qq decisao q uma pessoa toma, q implique unica e directamente a sua vida n devia ser impedida!!!
Pois é... Se ninguém é de ninguém, muito menos a nossa vida ou morte é decidida por alguém...
ResponderEliminarComo disse e muito bem o Vampire XII: "...a vida humana é pessoal e intransmissível."
É sempre uma honra ser linkado. Hoje dediquei o dia a ver quem me linka....e ainda por cima uma Aquariana. Como eu.
ResponderEliminarAmiga, boa Pásco.
Felicidades, muitos ovos e coelhos dançarinos.
Bom texto "Luna"... Desmontas, com destreza, a hipocrisia reinante nalgumas "esferas" da sociedade.
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