5 de abril de 2005
Gente Feia
O Instituto de Emprego e Formação Profissional onde frequento um cursito que me ocupa os tempos livres de jovem desempregada é uma verdadeira concentração de gente feia. Mas feia em todo o sentido da palavra, da cabeça aos pés, não só por as pessoas não serem especialmente bonitas, mas pelo conjunto completo, desde a falta de dentes, ao ar seboso de banho de esponja ao domingo, à falta de elegância nos gestos, movimentos, linguagem… ainda por cima devem ser todas surdas porque falam extremamente alto, entre erros de gramática, exibindo-se com ar de quem sabe do que fala, sem repararem que não sabem falar de todo.
Nesta altura entram os amigos indignados: “Não deixam de ser pessoas!”
Totalmente de acordo, aliás, eu não disse que eram girafas ou gafanhotos, disse p-e-s-s-o-a-s. Mas os adjectivos existem para serem usados, e por isso não deixam de ser pessoas feias. E até sou bem simpática, porque poderia usar os superlativos analíticos ou sintéticos, como muito feias, feíssimas, feiérrimas ou mesmo horrorosas.
Amigos indignados II: “Coitados, não têm culpa de não terem dentes!”
Bem, aí já tenho as minhas dúvidas. Se podem comprar telemóveis última geração topo de gama com MMS e toques polifónicos também podem comprar uma escovita de dentes, e já agora, de passagem, pasta dentífrica, gel de banho e champô. Hummm, e detergente para a roupa também!
Mas continuando, se por um lado não será o local ideal para encontrar a minha alma gémea, por outro tem a vantagem de exercer uma revigorante massagem ao ego, pois qualquer miúda com ar lavadito e dentes da frente sente-se uma verdadeira princesa. É assim como entrar na torre de electrotécnica do Técnico, ou no 2001: se ao 5º passo ainda não estiverem pelo menos 10 gajos a olhar é porque és homem e alguém se esqueceu de avisar, ou então és uma versão da Odete Santos, mas pior!
E por isso lá vou eu todos os dias, feliz e contente, desfilando como uma Miss, sentindo-me muito mais gira que no resto dos sítios. É que em terra de cegos, quem tem um olho é rei!
* Espero que ninguém do centro leia e me reconheça, porque me arrisco a levar um enxerto de porrada do pessoal da Damaia que nunca mais me levanto. Aliás, eu só sou muito corajosa aqui, que lá não me atrevo a olhar fixamente ninguém fora do meu curso, não vão achar que estou a provocar e que um olho negro me ficaria a matar.
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Luna... a partir de agora vou te chamar a "Princezinha do IEFP". : )
ResponderEliminaré perfeitamente normal essas pessoas terem os telemoveis topo de gama... ou gamaram ou compraram a quem gamou...
e a tua sorte é que mesmo que tenham internet, não creio que percam tempo a ler blogs... : D
dear Luna, então, olha que Deus castiga-te!
ResponderEliminarNão querias ser capa da MaxMen? ora então, já és a Miss IEFP!
pelo menos ao ego...
ResponderEliminarMuito verdade. Portugal é um ninho de gente feia (reparem que utilizei o substantivo «gente» e não «pessoas»).
ResponderEliminarO que não é mau de todo. O divertido que é beber uns copos e entrar num arraial; ou ir à feira. Para não falar em fotografia. Modelos para fotografia-de-rua P&B em todos os cantos.
Deixa cá ver... foi em 2002/2003 (acho) que eu também frequentei um maravilhoso cursinho do Centro de Emprego (como é que se chamava, mesmo? qualquer coisa do género Reabilitação de Pessoas Qualificadas, ou o raio que o parta... enfim licenciados sem emprego - maioritariamente professores na merda).
ResponderEliminarO cursinho (adoro a ironia posta no diminutivo) era em WebDesigner (compreende-se agora porque é que tenho um blog a meias com o Vampiro, eu desenho, ele escreve ou ele escreve e eu desenho... sim, porque sem aquele curso nem um documento do Word eu conseguiria abrir!).
Aproveito também eu para falar de gente feia, mas a outro nível. Adopto assim o termo: beautiful people (M. Manson).
O que eu mais gostava na beautiful people eram os modos galantes de atravessar a sala, as roupas da Zara ou da Mango nas silhuetas finamente recortadas, as argolas e os cabelos com madeixas, os fios, os óculos de sol impenetráveis, os perfumes... enfim, aquele ar altivo de onde podemos tirar as frases: «Pobres!!! Nós temos emprego, vós não! Tomai lá uma esmolinha! 90 c. por mês e não digam que vão daqui!».
O que eu mais gostava na beautiful people era o tratamento: a srª engenheira isto, a srª engenheira aquilo, o srº drº pra cá, pra lá... no meio de "com certezas", "pois não", "que mais poderemos dizer"... tanto sorriso e abraço.
Com tanto engenheiro e doutor, lá nos explicaram que iam fazer uma demonstração em power point e claro, como mongos que nós eramos, aproveitaram também para esclarecer o que é que era isso do power point, como é que funcionava, etc e tal...
A beautiful people começava a apresentação e na carteira de trás alguém começou a rir à gargalhada: no meio de tanto engenheiro e doutor ainda ninguém tinha aprendido a escrever correctamente português. Realmente a apresentação correria bem, não fossem os erros ortográfico em tamanho garrafal!
Mas claro, isto eram as gargalhadas do pobre, invejoso por não ter emprego!
Comentário ao Vampiro:
ResponderEliminarSim, então Viseu até chateia!
Seria um ForDesQ? Formação de desempregados qualificados?
ResponderEliminarPor acaso no meu curso, como somos todos Drs e Engs, resolvemos não usar títulos com ninguém, mesmo os formadores têm nome não? Então ´8e esse que usamos.
Ora vês como tu sabes! Era um Fordesq, sim senhor! A memória já me falha...
ResponderEliminarSim, eramos também todos Engºs e Dr.s da mula russa (os formandos e os formadores), mas a beautiful people do lado do estrado adorava usar o título.
Só que eu já expliquei uma vez que um título não ensina a ler, escrever ou a pensar.
Esclarecimento de última hora: eu não concluí o cursinho até ao fim. Lá arranjei um empreguito de última hora. Assim, ficam justificadas algumas das minhas incapacidades ao nível da net e da informática (editor de imagem... ai, se eu tivesse feito o cursinho até ao fim...)
ResponderEliminarpor isso é que andas mascarado... pa não te apanharem na rua e te cravarem dinheiro... : D
ResponderEliminarMonty, estou estarrecida, orgulhosa, babada mesmo, pela honra de ser considerada por um membro do Afixe. Se por ventura me linkarem (que pena essa sabática!), ficarei ainda mais nariz empinado e talvez insuportável, que a fama sobe-me à cabeça!
ResponderEliminarNão resisto a comentar esta pérola. É tão verdade o que escreveste. Há uns tempos fui a uma praia e tive a sensação que eu e os meus dois amigos eramos mesmo modelos de tanta gente feia que lá estava...
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