20 de maio de 2005
Os Salvadores da Pátria
Nos últimos meses tenho vindo a constatar a existência de cada vez mais funcionários fervorosos no cumprimento das suas funções, que seguem à risca leis e regras, com um rigor quase militar e muito pouco habitual neste país que se diz de brandos costumes.
São uma espécie rara, no meio da gente maleável, tolerante e condescendente, capaz de fechar os olhos e a boca face a um sorriso subornante, que tradicionalmente sempre fomos.
Nestes novos profissionais encontraríamos os verdadeiros salvadores da pátria, incorruptíveis, o futuro deste país que é em bruto tão dado a agrados e a “jobs for the boys” – o nome pomposo para a bela da cunha, não fosse o facto do excesso de zelo servir apenas para tornar mais miseráveis as vidas de quem supostamente devem servir: nós, cidadãos e utentes dos vários serviços deste país.
Penso nos funcionários em questão - de momento tenho em mente o porteiro e o segurança do IEFP e os funcionários das empresas de parquímetros – e pergunto-me de onde lhes vem este brio, este desejo incansável de se superarem dia a dia, seguindo à risca as ordens recebidas e as tarefas atribuídas. Calculo que não seja por terem as profissões com que sonharam desde miúdos, que ninguém diz “Quando for grande quero ser funcionário da EMEL e bloquear carros”!
Isto porque o porteiro do IEFP controla as horas de entrada e saída dos estudantes desempregados e faz questão de “sugerir” aos formadores a marcação de faltas quando chegam atrasados – a mim, além do nome, perguntou-me o curso e falou com o formador sobre a obrigatoriedade de me marcar falta após 15 minutos de atraso. As faltas são descontadas no milionário subsídio de 93,68€ por mês. Será que ganha à comissão?
O segurança, por sua vez, controla os minutos supostamente concedidos para intervalos: 25 minutos repartidos em 2 intervalos num total de 6 horas de formação. Quando nos excedemos nas esperas de 20 minutos nas filas do bar, faz questão de chamar à razão os formadores e lembrá-los das suas funções: controlar adultos, maiores, vacinados e licenciados, cuja pena por serem pobres e desempregados é serem tratados como internos problemáticos de escolas de correcção.
Os amiguinhos bonés-verdes bloquearam-me o carro em menos de 5 minutos após o ter estacionado, segundo testemunha ocular, o que nem dava tempo de ir ao café mais próximo, distante cerca de 200 ou 300 metros, destrocar dinheiro para meter as moedas no parquímetro. Tão contentes que estavam a dizer-me que além dos 30 € do desbloqueio, teria ainda que pagar outros 30€ de multa. Por 15 minutos. Porque só tinha 15 cêntimos e o parquímetro só aceita a partir de 30. Porque são uns grandíssimos filhos da puta! Que pena que não os insultei, mereciam!
Chego assim à triste conclusão que o fazem simplesmente por serem uns frustrados e ressabiados, que têm umas profissões horríveis e estupidificantes porque não têm capacidade para mais, que se vingam tornando a vida de todos muito pior com a desculpa de serem pagos para fazer cumprir as regras, que fazem da mesquinhez um modo de vida. Sabem que serão odiados por todos e que só a sua visão suscita repugnância física, bem como vontade de os espancar. Mas enfim, cada um tem a profissão que merece!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Enxertos de porrada neles!!
ResponderEliminaros horários são para se cumprir... e a qualidade constroi-se dia-a-dia...
ResponderEliminarSe tens bontade de os espancar, cá fica o teu poema para eles.
ResponderEliminarESPANCAR!
Eu quero espancar, espancar perdidamente!
Espancar só por espancar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Espancar! Espancar! E não espancar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode espancar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma primavera em cada vida:
É preciso matá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra insultar!
E se um dia hei-de ser pó, cocaína e nada
Que seja a minha noite uma chacina,
Que me saiba perder... pra me espancar...
Este homem é um poeta!
ResponderEliminaresses gajos mereciam era que se lhe colocasse um desses bloqueadores pelas gengivas a dentro. Ladrões de Merda. E os administradores dessa empresa ainda são piores... só tachos... a história do alvará foi apenas uma dentro daquela máfia toda... mas os lisboetas baixam as orelhas logo pagam à grande...
ResponderEliminarrespira fundo minha cara, vai até ao ginásio e em vez de andares com as dancinhas maricas de uma qualquer instrutor brasileiro vai à outra salita e dá umas pancadas no saco...
ResponderEliminarMinha cara Luna: os horários são para feitos para se cumprirem! Eu cá punha um Salazar de controle em cada esquina:
ResponderEliminar- não chega a horas? Desconta no salário, mai' nada!
Lá na escola, depois do toque de entrada, quem demorasse mais de 5 minutos a descer as escadas, arriscava-se a ter falta quando chegasse ao pavilhão (ordens do sôr presidente). O pessoal que não comeu, tivesse comido; o que não fumou, tivesse fumado; o que não conversou, tivesse conversado; não traz as fotocópias dos testes porque estava imensa gente na reprografia? Azar! Tivesse feito os testes com mais dias de antecedência, tivesse madrugado, tivesse feito qualquer coisa... mas os horários, são horários!
Uma vez enganei-me de sala. Ali estive 5 minutos à espera de quem não vinha, quando olhei para o horário dei conta do erro, mas bolas... já tinham passado 5 minutos! A funcionária já estava com o grande carimbo em riste a marcar "Falta". Olha azar e muita merda. Fui comer e fumar até rebentar e com tempo.
Agora, as multas:
Ora, as multas são para se passarem aos infractores. Não trazia dinheiro trocado? Tivesse trocado antes de sair de casa, ou tivesse preparado tudo a noite antes de ir trabalhar (tal como éramos putos e deixávamos as mochilinhas arranjadas de véspera).
Os bloqueadores são para serem usados!
Não nos podemos queixar, sabemos que é assim que funciona. Eu chamo-lhe: exercer as responsabilidades.
Quando deixo o carro sem ticket sei que me arrisco, mas às vezes gosto de uma bela aventura: «será que é desta que me apanham, hãm?» Apanharam-me 2 vezes. Olha, azar: quem corre por gosto, não cansa! Houve uma vez que o meu irmão decidiu contribuir para os ordenados da polícia: andou mais de não sei quanto tempo sem a inspecção feita - eram logo 50 contos de cada vez. Um acto de generosidade deste também Sôr Engenheiro. (Se calhar é isso!, os engenheiros gostam de ajudar os agentes da autoridade)
Moral de tudo: Dura lex sed lex!
P.s. Ó Luna francamente para quem ganha 93,68€, uns cêntimos a mais ou a menos não vão fazer grande diferença!
Pois, só fico irritada porque sou daquelas pessoas que até costuma pagar e tal e sou sempre apanhada quando infrinjo um bocadinho. Como quando fui multada no metro: Comprava o passe todos os meses, era início do mês e ainda não tinha comprado porque não tinha ainda andado de metro, o comboio atrasou e estava em cima da hora para um exame, entrei no metro à pressa e esqueci-me de comprar bilhete: MULTA!!!
ResponderEliminar(os gajos do comboio são diferentes, muito mais porreiros: uma vez esqueci-me de comprar o passe por distracção e apenas me chamaram a atenção para comprá-lo que já tinhamos mudado de mês!)
Tá mal! Corram com os gajos do comboio, já! Quem é que paga a viagem que a menina fez à borla, hãm?
ResponderEliminarolha lá como é que fazes as notas de rodapé?
ResponderEliminarPago eu, quando comprar o passe desse mês também estou também a pagar os dias que não usufruí (se compro dia 3 pago pelo 1 e 2 tal e qual). Esse problema punha-se se fosse válido por 30 dias - assim sobravam dias sem pagar.
ResponderEliminarMudo o tipo de letra - tamanho e fonte!!!
ResponderEliminarFaz-te mesmo falta o fordesq!
P.S. Não me fales em latim que não percebo nada (e no caso nem tenho de perceber porque não se dá no básico!)
ResponderEliminarÉ verdade! Acho que vou ver se consigo ficar novamente desempregado!
ResponderEliminarMas devia! O latim devia ser obrigatório. Aposto como falávamos muito melhor português: «a Lei é dura mas é a Lei.»
ResponderEliminarÉ verdade. Mas vá lá que pelo menos tinha chegado à conclusão de que lex era lei, agora o resto...
ResponderEliminarEntão a menina acha mal que o dinheirinho dos contribuintes seja aplicado na compra de bloqueadores novinhos em folha topodegama e que não se usem?
ResponderEliminarTêm de ser usados, pá. Pois claro que sim.
Quanto a «Dura lex, sed lex.» Ó BlackM, tu andas mesmo mal. O teu latim já foi melhor. A tradução correcta é «A lei é dura mas tem sede de lei». Obrigado.
ah, ah, ah: ó vampire, dizes isso e ainda acreditam!
ResponderEliminarBlack, perfeitamente de acordo como aliás tinha deixado bem patente... tive duas multas da EMEL na altura em que eles não bloqueavam... deram um jeitaço quando a "Sofage" avariou... 2 multas PSP... (destas tenho algum medo)... andei meio ano sem inspecção feita... nos ultimos 2 meses andei sem seguro... tudo isto não foi propositado... mas temos de ser responsáveis pelos nossos actos... sejam eles providos de má-fé ou não... essa é a dura realidade...
ResponderEliminarah... tive foi ligeiramente mais sorte...
ResponderEliminarNão acreditem no BlackM. Eu é que traduzi bem. Vejam em qualquer dicionário ou motor de busca.
ResponderEliminarTarde e a más horas mas, espero, ainda útil:
ResponderEliminar- a Emel não lhe pode passar uma multa de estacionamento, muito menos bloquear o veículo, sem que termine o período de 2 horas após o início de estacionamento indevido ou abusivo, conforme previsto no Código da Estrada (nem é no novo, já era assim).