Preconceito

O preconceito é um julgamento faccioso que nos leva a agir com parcialidade face a certas pessoas e às ideias pré-concebidas que temos delas. Assim, observações usadas meramente para atingir alguém, ainda que não pessoalmente – apesar da minha malvadez, não me sinto no direito de magoar as pessoas propositadamente através das palavras - não exprimem, obrigatoriamente, um preconceito. São apenas artifícios usados para extravasar sentimentos de raiva e irritação contra alguém. Pelo menos no meu caso.

A má língua é uma arte, que se adquire com muito treino, onde se exercita a capacidade de análise das características pessoais das pessoas e a partir delas conseguir caricaturá-las, ridicularizando, gozando, ou simplesmente rindo-nos delas. Peço desculpa se ofendo alguém, ou melhor, não peço – quem não gosta come menos – mas é muito mais divertido falar mal do que bem. E eu até tenho jeitinho para a coisa. É só estar com a pré-disposição adequada para ser mazinha.

Assim, para provar ao principal crítico e interessado no assunto, que não me prendo a preconceitos, e que uso a má língua apenas como caricatura, faço o exercício de me ofender a mim mesma. Se estivesse a falar de mim, isto é, se fosse outra pessoa e quisesse falar mal de mim, diria qualquer coisinha do género: “a anãzinha suburbana irritante da zona saloia, com a mania que é esperta só porque tirou o cursito inútil lá na universidade dos cromos, que ainda não deve ter percebido o horário de entrada e que não passa duma encalhada que ninguém atura.” Infelizmente não me lembro de nada relacionado à má dentição com que possa gozar, já que usei aparelho nos dentes e nunca tive uma cárie na vida.

Como hão de calcular, não sou preconceituosa contra mim própria, mas sei analisar os aspectos que poderiam servir de partida para ser gozada e criticada, até porque me conheço bem e acredito que já tenham falado muito mal de mim, que não sou a excepção à regra. Será que fui clara?