O que me faz levantar a questão: quem escolhe os livros obrigatórios no secundário? Terão noção das limitações dos estudantes reais ou simplesmente apostam tudo em fazê-los desistir de ler para todo o sempre?
O Memorial do Convento não foi um livro obrigatório para mim, mas creio sê-lo para os estudantes de Humanidades. É um livro difícil. Perdoem-me os que discordam, mas chato como tudo, mesmo para quem gosta de ler e consegue meter-lhe o dente, o que já implica uma certa maturidade e prática na actividade. Só mesmo por livre vontade e mais livre tempo se consegue chegar a bom termo.
E pergunto-me: se euzinha, com 26 anos, habituada a ler desde pequenita, com a mania que sou inteligente e que não é qualquer falta de pontuação que me derruba, tive uma dificuldade do caraças para ler o livro, que dirá putos de 18 anos, que dos Maias leram os resumos e pouco mais na vida, e que só foram para letras para fugir à Matemática?
O Memorial do Convento não foi um livro obrigatório para mim, mas creio sê-lo para os estudantes de Humanidades. É um livro difícil. Perdoem-me os que discordam, mas chato como tudo, mesmo para quem gosta de ler e consegue meter-lhe o dente, o que já implica uma certa maturidade e prática na actividade. Só mesmo por livre vontade e mais livre tempo se consegue chegar a bom termo.
E pergunto-me: se euzinha, com 26 anos, habituada a ler desde pequenita, com a mania que sou inteligente e que não é qualquer falta de pontuação que me derruba, tive uma dificuldade do caraças para ler o livro, que dirá putos de 18 anos, que dos Maias leram os resumos e pouco mais na vida, e que só foram para letras para fugir à Matemática?
Olha que isso do difícil depende de inúmeros factores: gostos pessoais, acompanhamento (ou não...) do professor, etc, etc.
ResponderEliminarEu sou de humanísticas (por gosto, que não foi para fugir à matemática) e no 11º ano tive que ler obras como "Euríco o Presbítero", que achei dificílimo e maçudo até mais de meio (depois é giríssimo), "Amor de Perdição" que, pelo que me dizem, nem é o melhor do Camilo, e a "Família Inglesa" que é uma estucha que nem te passa. "Os Maias" é complicado, mas com um bom s'tor (no meu caso tive uma s'tora de 5*) é um prazer.
Por outro lado, li o Memorial com 16 anos, portanto no 11º ano, e adorei, não achei muito difícil, antes pelo contrário. E esta hein?
(Já agora, do Memorial para a frente é sempre a descer. A partir daí o Saramago parece que não sabe o que fazer à narrativa e personagens, e o chamado fim aberto da Jangada de Pedra parece-me uma forma bonita de justificar ao nosso Nobel uma autêntica escrita senil e incongruente, mas isto é a minha opinião, claro)
Lisa, claro que tudo é relativo. Depende principalmente do indivíduo saber ou não ler, e infelizmente, uns 50% dos estudantes não sabem.
ResponderEliminarObviamente há quem leia livros aos 16 anos e tenha maturidade para eles, porque é um leitor compulsivo, porque tem hábitos de leitura, etc. Mas são minorias.
Quando aos 14/15 anos tive de ler O velho e o Mar, consegui lê-lo, no entanto, olhando para trás, reconheço que não tinha maturidade para ele. Como a maioria dos estudantes (e não falo das exceções) não tem para o Memorial.
Li todos os livros obrigatórios, que para mim não foi especialmente difícil (Frei Luis de Sousa; Aparição; Os Maias) porque sempre tive háitos de leitura, mas reconheço que para a maioria dos meus colegas foi penoso. A Família Inglesa lembro-me de ter tentado em miúda, mas achei tão chato que acabei por desistir.
O Memorial do Convento tem uma escrita dura e difícil, que fará desistir o jovem comum que ainda só leu Uma Aventura e acha que ler é chato.
E após uma vista de olhos sobre os livros obrigatórios (que quase ninguém lê), escolhidos a dedo por sinal, dificilmente terá vontade de pegar num livro novamente. É isto que critico.
Para o jovem que gosta de ler as obras obrigatórias não constituem uma dificuldade mas um prazer, para os outros serão possivelmente a causa do corte de relações com a literatura para o resto da vida.
P.S. Pessoalmente, gostei das Intermitências da Morte, o único de Saramago que li além do Memorial do Convento.
P.S.2 - Eu amei os Maias e não achei nada complicado. A linguagem de Eça é, na minha opinião, bastante acessível e ritmada, sem grandes recursos a figuras de estilo nem pontuações alternativas que dificultem a leitura, ao contrário de Saramago..
ResponderEliminarTens razão,Luna. Eu li os Maias com 16 anos, no 10º, e achei aquilo mais indutor de sono do que um soporífero: aquelas descrições extensíssimas, onde parecia haver sempre um postigo...Depois, com 26, reli-o e lembro-me que até em pausas para o café no horário de trabalho o 'devorava'. Enfim, é preciso alguma estaleca.
ResponderEliminarQuanto a Saramago, penso que é uma escrita contraditória: enquanto a oralidade da escrita dele ajuda a leitura, a forma barroca como ambienta os cenários torna-a mais densa, pesada. Mas depois existe a arma secreta de Saramago: as personagens. Ninguém consegue resistir ao casal Sete Luas/Sete Sóis, ao Ricardo Reis, ao Sr. José, à mulher do médico no ensaio sobre a cegueira (o melhor livro dele, para mim)...
Se me permite, Lisa, o final aberto já existia em Literatura há muito tempo antes de Saramago (lembro-me, de cabeça, de Kafka -influência assumida de Saramago), e se concordo consigo que a escrita dele se esgotou - para mim a partir de «Todos os Nomes», - não acho que tenhamos de justificar nada - Saramago é um grande escritor, como Lobo Antunes, como Sophia, como Torga ou Vergílio Ferreira. Não citei estes nomes ao acaso, mas sim por achar que estes nomes, tendo em consideração certos Prémios Nobel da Literatura que foram atribuídos a escritores estrangeiros, todos eles teriam mais que direito a receber a medalhita da Academia Sueca. Coloque Lobo Antunes ao lado de Dario Fo, ou Toni Morrison ao lado da obra de Sophia.
Luna, desculpa pelo alongamento do texto que era suposto ter três linhas
Bom... Eu só li à 3ª tentativa. Mas gostei muito daquilo. Mas eu já nem me chateio muito. Se não gosto deixo de ler.
ResponderEliminarPor acaso, o último grande livro que li foi «O Barão» do Branquinho.
E acho que se devem ler pelo menos 3 livros ao mesmo tempo. Já nem concebo outra maneira de ler.
Agora comecei o «Itinerário da Terra Sancta e suas particularidades, composto por Fr. Pantaleão de Aveiro». É trabalho, mas é trabalho do bom.
Não, ainda não morri.
ResponderEliminarLuna: tens toda a razão quanto ao critério de escolha das leituras obrigatórias. São complicadotes para enfiar assim à maluca no 10º e 11º ano, principalmente se os alunos não têm quaisquer hábitos de leitura. Mais valia começar a introduzir obras de leitura obrigatória logo no 5º ano, adequadas à idade e com interesse, para motivar a leitura. Mas isso não acontece e depois é o desastre... poucos dos meus colegas aguentaram ler os livrinhos obrigatórios, e até entendo porquê.
ResponderEliminarCarlos Malmoro: eu até gosto de finais abertos, a sério. O que não gosto é de se usar o pretexto do final aberto, como o faz o Saramago, para rematar a obra às três pancadas só porque já não se sabe o que fazer com aquilo porque se perdeu o fio à meada. É a sensação que me dá, mas isto é só a minha opinião.
E também concordo que temos belíssimos escritores, esses mesmo que cita, e que bem mereciam um Nobel, olá se mereciam.
Vè-se mesmo que és ainda jovem e não tens experiência. Olha o Prof. Marcelo que lê livros como quem muda de camisa várias vezes ao dia....
ResponderEliminarA mim esses livros não me custam nada a ler....Começo e ao fim de 10 minutos ou a coisa é mesmo interessante ou....Lavo daí as minhas mãos...
Errata: Lá em cima, excepções em vez de exceções. Erro de palmatória, mas a escrita rápida em teclado prega-nos estas partidas.
ResponderEliminarLisa, há obras obrigatórias a partir do 5º ano.
ResponderEliminarA vida também não é fácil!! lolol
ResponderEliminarPois, mas tens razão! Apesar de ter adorado os Maias, seria incapaz de ler Saramago, e vou evitar fazê-lo pelo menos até aos 60 anos para não ganhar aversão à leitura!
Nada de pessoal oh Saramago!
neste momento o memorial temos k ler quer sejamos de letras ou ker nao sejamos....
ResponderEliminareu tou a tentar ter paciencia para ler um livro dakela grossura :P
Acabei este ano o 12.º ano, assim tive que ler o "Memorial do Convento". Foi habituada a ler desde pequenina e sou capaz de passar horas a ler,mas sinceramente não consegui acabar o memorial, li até ao 10.capítulo(o q já não é mau), mas com muito esforço, devido à linguagem complexa,a pontuação e o próprio tema.
ResponderEliminarSerá que ninguem vê que a população portuguesa não gosta de ler (somos mesmo analfabetos !)e o único contacto com livros é na escola, porque são de leitura obrigatória nas aulas ? Se os livros forem "SECA" ninguem fica motivado a continuar a ler, mais nada !
Os senhores governadores, ainda acham que é com planos de leitura que vamos subir as estatísticas ? Por amor de Deus, tenham dó ! :S
Voltando ao assunto, depois de tentar ler o memorial, cheguei à conclusão que ele pode ser um bom rémedio para quem tem insónias, e não consegue dormir ! xp
Comigo dava resultado !