Gosto de ver o Dr. House. Acho-lhe piada, ao seu profissionalismo, à sua frieza, à sua arrogância e indiferença, à sua ironia. Ao seu mau feitio que lhe dá aquele charme. Acho piada às suas bocas, ao seu humor negro e sarcástico perante a morte. Acho-lhe piada porque não sou sua doente. Porque não tenho uma doença grave nem preciso de um conforto.
A minha Mãe teve um Dr. House quando descobriu que tinha um cancro. A primeira frase que lhe disse foi qualquer coisa como "Então, foi fazer uns exames e descobriu que estava quase morta?". Até teria piada se não fosse a sério. O quase demorou quatro anos, mas não há dúvida que não falhou no diagnóstico.
Lembro-me do nervoso miudinho que antecedia cada consulta, o medo do que fosse dizer e o desânimo que iria causar. Óptimo médico, sem dúvida. Fez tudo o que pôde, ao nível da medicina, até ao fim. Mas faltava-lhe humanidade, aquela que um doente terminal precisa. Faltaram as palavras de alento e coragem. Faltou a compaixão.
Um doente não é só um caso, um desafio, é uma pessoa. E é isso que os Dr.'s House se esquecem. A vida não é uma série de televisão. A dor é real, o medo, a angústia, o desespero também.
Continuo a ver o Dr. House, mas espero nunca encontrar um no meu caminho.
Contigo Luna. Mas os Houses às vezes salvam mais gente que os outros. E não falo da televisão. Sim, poderão ser mecanismos de defesa. E não somos todos iguais. Respeito às tuas palavras e ao sofrimento da tua mãe. Sei bem o que isso é.
ResponderEliminarInfelizmente existem muitos Houses nos serviços de Saúde do nosso país... Sei disso pela minha experiencia profissional...
ResponderEliminarNo entanto, cada vez mais o curso de medicina ensina os futuros médicos a ter mais compaixão pelos doentes e pelos seus familiares... Mas ainda há muita coisa a ser mudada