14 de novembro de 2006

A sociologia da blogosfera II

Outra característica desta elite intelectual é a exclusão de praticamente todo o universo feminino, com suas rendas, floreados e devaneios estrogénicos, salvo raras excepções. E é de uma dessas excepções que se destaca a primeira-dama blogosférica, ou, tratando-se de uma monarquia, a sua rainha e senhora incontestável, a Bomba Inteligente. Como verdadeira dama, raramente se deixa envolver em polémicas e as disputas tornam-se-lhe maçadoras, mas na inevitabilidade de confronto, inteligente e educadamente medeia os conflitos com o savoir faire de verdadeira relações públicas e livra-se dos seus detractores com a subtileza de quem sopra uma pena por cima do ombro.
A sua posição é várias vezes questionada e atacada, mas tal deusa em altar, serenamente se mantém no lugar que conquistou. A incompreensão pelo destaque e a posição que mantém provém especialmente de iniciados, a quem falta ainda a compreensão da importância da perseverança, dedicação e método, a par do bom gosto e elegância, na manutenção de um blogue. É que não basta ser bom de vez em quando, mas deve-se manter uma cadência ritmada, constante e equilibrada, como ao som de tango argentino. O seu blogue talvez não seja o melhor, mas será certamente o mais harmonioso. E daí as vénias de quem já cá anda há uns tempos.
(continua)*
*chega a esta hora e já não aguento estar em frente ao computador.

4 comentários:

  1. Pois é mesmo como dizes. As Primadonas são sempre as mesmas e os votantes também. Depois é só esperar as cortesias de uns para os outros e já está feita a eleição dos melhores (ou mais publicitados)...Só acrescentar que tendo acesso à imprensa escrita e um amigo (ou o próprio sendo jornalista ou colaborador) que ponha lá o link escarrapachado é meio caminho andado para o estrelato instantâneo. Mesmo que o blogue se limite a copiar as (ex)citações de outros ou a comentar as notícias do dia com mais ou menos sarcasmo (coisa que todos fazemos entre uns cafés e uns birinaites mas que não achamos digno de ser escrito).

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  2. Tu continuas a escrever e eu voltarei para ler...
    Acho graça a todos esses blogues, a quem leva isto a sério, mas confesso, e já o afirmei no meu blogue :" a vida lá fora tá tão dificil, tão séria, tão chata...que eu aqui sou loira". Assumidamente, sem querer prémios nem menções honrosas, nem simplesmente nomeações, venho aqui ler quem gosto, procurar com quem me distraio e pelo meio solto três ou quatro Olés!

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  3. Faço coro, mas grito "iupii", que é felicidade ter canto onde me encontram mesmo e de onde saltito em leituras e admirações e me ir encontrando afinal também.

    O conforto da hierarquia estática da blogoesfera, o savoir faire que se avista de longe, entre feminilidades de vomitar, pérolas de pechisbeque, prémios e menções e mais dedicatórias, futilidades chiques entaladas entre fotos do bicho de estimação, e mais um piqueno apontamento ao novo mantimento do guarda roupa.

    Texto da Luna a provar que a hierarquia, fá-la cada um, na listinha de links a que todos temos todos direito. Independentemente da altura em que chega. Não gostando, não visito, que com tanto para ver pela blogoesfera, não hei-de dar o meu tempo senão ao que faço com gosto. E por este tanto, mesmo isso ainda há-de ser sempre escasso demais.

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  4. Eu acho é que as gajas que escrevem em blogues querem ser tão importantes como os gajos que escrevem em blogues e para ser mais fácil para elas, alguém criou um universo paralelo que são os blogues femininos. Mas há quotas na blogosfera? Gosto do que elas escrevem, mas porque gosto, não porque sejam gajas.

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